PedroMPilati 23/01/2012
"Alô, coração / Alô, coração..."
Iniciei a leitura de "Casaco Marrom - O amor nos tempos de guerrilha" cheio de expectativas, em parte por ser o primeiro romance histórico da minha prateleira, mas, principalmente, por abordar o período do regime militar no Brasil (tema ressuscitado por Tiago Santiago na novela "Amor e Revolução", e que, por isso, voltara à voga).
O romance narra a história de amor de Raquel, uma jovem militante política - amor mais perceptível pela guerra contra a ditadura do que por seu anônimo companheiro.
O primeiro capítulo me deixou ávido para descobrir os próximos passos da história. Entretanto, a partir do segundo capítulo, o passado de Raquel começa a ser revirado, e o romance passa a revelar passagens biográficas da protagonista, deixando um pouco de lado o desenvolvimento linear da trama.
"Casaco Marrom" deixa subentendido que a maioria de seus eventos foi vivenciada pela própria autora, Giselle Nogueira, e por isso tantos contornos biográficos são compreensíveis.
Minha relação com o livro tem altos e baixos. Houve momentos em que me deliciei com o texto enxuto e inteligente de Giselle, mas também senti a leitura um pouco enfadonha em outros. Porém, tenho quase certeza de que isso se deve à oscilação de meu humor, e não à qualidade (indiscutível) da obra.
"Casaco Marrom" explora os sentimentos de Raquel de forma brilhante e realista. Passeamos pelo passado e presente da protagonista sem questionar a credibilidade das informações do texto. Além do mais, as pequenas "aulas de História" ao final de alguns capítulos ajudaram em minha inserção na época relatada.
Cheio de emoção, referências históricas e um final a la "Titanic", "Casaco Marrom - O amor nos tempos de guerrilha" é uma excelente narrativa que mistura realidade e ficção. Entretanto, se proucura por uma grande história de amor, pode se decepcionar: a trama aposta muito mais em biografia do que no romance de Raquel com seu companheiro de militância.