HOMO TEMPUS

HOMO TEMPUS F.E.Jacob




Resenhas -


8 encontrados | exibindo 1 a 8


Jackie | @caoscafeelivros 23/04/2019

Resenhando com a Jackie
Aiminhadeusa, para tudo. Eu adorei esse livro, desde os primeiros momentos em que comecei a leitura eu me diverti bastante com as desventuras de Wallace. 
Ta aí um livro maravilhoso e capaz de te fisgar completamente.
Homo Tempus é uma trama futurista cheia de aventura e inúmeras reviravoltas que nos envolve mais e mais a cada página. O livro realmente se destaca ao ser capaz de levar o leitor pela imaginação, com um enredo completamente viciante.
Com certeza o autor F.E. Jacob está de parabéns, pelo excelente livro.
Além de ter uma narrativa fluída e com diálogos rápidos, ele aborda diversos temas importantíssimos em sua história. Eu me senti parte da história, fui levada a loucura, além de ser bem escrito o autor soube criar uma mistura entre o passado e futuro com situações inusitadas que incrementadas as mistas cenas de ação e aventura maravilhosamente bem desenvolvidas, devido a sua riqueza em detalhes. Jacob me impressionou, com uma história bem inovadora sobre viagem no tempo envolvendo neandertais, e isso é muito intrigante.
Muitos irão pensar que talvez essa possa ser uma historia monótona, mais eu posso lhe assegurar que estão enganados. Jacob acaba nos levar para dentro do emaranhado temporal de Wallace, em cada uma de suas descobertas, nos fazendo mergulhar com ele em sua busca frenética , afim de concertar tudo que desencadeou esse BUG.
Wallace é um personagem que acaba se desesperando com facilidade e isso o leva a tomar atitudes um pouco controversas, mais muitas vezes hilárias. Mas podemos ver seu crescimento com o desenrolar da trama. 
O autor soube desenvolver um história sem deixar pontas soltas. Baseado em seus estudos paleontológicos, ideias de filósofos contemporâneos e simbolismos primitivos para retratar os ciclos de aprendizado humano, ele nos faz refletir bastante sobre a sociedade, durante toda a leitura. 
Com certeza é um livro incrível, fiquei completamente encantada por esse mundo distópico criado pelo autor. 
Por isso caóticos eu super indico a vocês, não tem como não se divertir com essa hístória, com certeza vocês vão adorar!

site: https://caoscafeelivros.wordpress.com/
Aline 08/05/2019minha estante
Quero muito ler!


Jackie | @caoscafeelivros 09/05/2019minha estante
leia eu me diverti com essa trama.




@livrodores 20/05/2019

Homo Tempus
Eu não me canso de exaltar por aqui o talento dos autores nacionais e sem duvidas essa é mais uma obra que me arrebatou! Gosto muito de ser surpreendida por uma história e essa trama que traz os neandertais me surpreendeu de uma forma deliciosa!
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O autor usou e abusou dos gêneros e relações que eles podem ter, a história envolve um pouco de ficção científica com distopia trazendo a viagem no tempo como acontecimentos principais, assim é possível conhecer uma sociedade totalmente desestruturara e destruída!
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Wallace é o personagem principal e ao primeiro contato percebemos seu temperamento arredio e insatisfeito com tudo ao seu redor, mas é ao voltar para casa depois de um expediente de trabalho que sua vida muda completamente, ao bater com sua biblicista ele acidentalmente acorda no ano de 2095 onde o mundo entrou em colapso e está totalmente destruído!
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A partir disso ele conhece mais sobre esse futuro e através de um dispositivo que foi desenvolvido apesar de uma pequena margem de erro é capaz de transportá-lo a outras épocas no tempo! Sua primeira parada é de trinta mil anos atrás onde ele tem a oportunidade de conhecer e conviver com os verdadeiros neandertais! Sua segunda parada é em 2048 onde encontramos um mundo cheio de regras prestes a desmoronar!
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Esperamos que tudo no futuro será sempre melhor, mas nessa história vamos realmente enxergando que a cada passo que a sociedade da para esse melhoramento ela acaba se perdendo e exagerando em algo, notamos como movimentos sociais acabam sendo extremistas e fazendo surgir leis desnecessárias!
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Foi doloroso perceber que o primitivo apesar das limitações consegue ser bem mais empático e solidário que até então os seres tão capacitados e evoluídos da atualidade!
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Essa é uma história eletrizante e extremamente sarcástica onde pude perceber muitas referências atuais, o que me faz questionar: será que o SOCIAL irá realmente ajudar a nossa sociedade? No final cada pontinha solta é amarrada nessa incrível viagem no tempo!
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Jeh Xavier @dramatica.literaria 17/06/2019

O que sobrou do futuro?

Wallace é um jovem bibliotecário que não se preocupa em ler os livros que ele cuida, para ele não é necessário conhecer a história. Ele leva sua vida sem fazer amizades, apenas trabalha para se sustentar sem perspectiva para o futuro.

Um dia Wallace está voltando para casa em sua bicicleta, quando de repente é sugado e transportado para outro lugar. Ele então é preso por alguns homens que o obrigam a trabalhar para eles. Wallace não consegue entender que lugar é aquele e como foi parar ali

"As pessoas muitas vezes precisam de armas para se defender, mas não precisam delas para matar."

Quando ele consegue fugir daqueles homens e é acolhido por uma família ele descobre que está no ano de 2095. Como ele foi parar no futuro? E como vai conseguir voltar para 2018?

Acompanhamos então Wallace em um futuro cheio de perigos, onde as pessoas fazem de tudo para sobreviver. O mundo já não é como Wallace conhece e ele descobre que para entender o futuro precisa conhecer o passado.

"Que droga de mundo era aquele que sempre lhe despertava o seu pior? Será que onde quer que fosse seria igual? Morte e violência seriam sempre a resposta? Não haveria paz?"

Uma história com viagem no tempo, aventuras e temas reflexivos. O autor nos conduz por uma história cheia de conhecimento sobre o passado, aprendemos sobre os neandertais e ele nos mostra como a tecnologia e nossa dependência dela pode ser nossa destruição. O futuro que Wallace conhece é assustador, um mundo onde tudo que você faz ou pensa é controlado pelo governo e fiquei pensando que talvez não estamos tão longe de um futuro assim.


"Você com certeza já percebeu que a sociedade está corrompida, e não é uma corrupção em algo na sociedade, mas do que ela se tornou e não consegue mais deixar de ser. Uma corrupção da inteligência e dos valores."
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Luciana Souto de Oliveira 16/09/2019

Excelente Distopia
Resenha|Homo Tempus| F.E. Jacob| @sromeropublisher|2018|278 págs.|?
. ?Homo sapiens e homo neanderthalensis são apenas espécies diferentes de um mesmo gênero. Do ponto de vista da evolução, são nossos irmãos?.?
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Uma leitura que me tirou completamente da zona de conforto e posso dizer que gostei demais. Homo tempus trata-se de um romance distópico futurista, com uma interessante reflexão e crítica social sobre tecnologia e para onde a mesma poderá nos conduzir, caso permitamos que ela tome conta da nossa vida.?
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Wallace, um bibliotecário, quando estava voltando de bicicleta para casa, sofre um acidente e, ao acordar, está no ano de 2095. Como ele foi parar no futuro? Sem entender nada, Wallace depara-se com sua cidade completamente destruída e percebe que para compreender o futuro, onde agora se encontrava, ele precisava conhecer o seu passado.?
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Após se deparar com a situação caótica do futuro, Wallace viajou novamente no tempo, indo agora parar há trinta mil anos, no passado, onde conheceu os antepassados do homo sapiens, os neandertais, que eram muito maiores e mais fortes, com um forte poder de destruição que utilizavam para sobreviver, mas também, possuíam sentimentos altruístas, onde fariam qualquer coisa para ajudar quem necessitasse. ?
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Tentando voltar ao seu tempo, Wallace ?viajou? novamente, indo, dessa vez, parar em 2048, onde percebeu, como em sua época, que as pessoas perdiam muito tempo com leis desnecessárias e ?a palavra social é utilizada para dar legitimidade a qualquer coisa?. Nesse futuro mais próximo, Wallace também conheceu o amor. Assim, foram precisas diversas viagens na vida do protagonista para que ele conhecesse a razão de viver.?
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Adorei a leitura. O autor escreve muito bem e fez um criterioso estudo paleontológico para nos ensinar um pouco sobre quem eram os neandertais. Eu, particularmente, não sabia nada sobre o assunto e fiquei muito feliz em ver o quanto a leitura me proporcionou conhecimento sobre a matéria. Super recomendo para os que se sentem atraídos pelo assunto e para os que gostem de uma boa distopia, pois a narrativa é atraente e bem dinâmica, digna de um bom filme nas telas dos cinemas. Eu adoraria assistir.?
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Mary 16/09/2019

Uma Ficção Inacreditável
Homo Tempus — O que sobrou do futuro?
Estamos sozinhos no universo?
A busca incansável do ser humano pela resposta para esse questionamento continua, mas em tempos passados o planeta Terra era ocupado por mais de uma espécie.
Neandertais e o destino dos seres humanos
Em sua obra de estreia, o mineiro F.E. Jacob utiliza-se de sólidos estudos paleontológicos sobre a presença de uma outra espécie que coexistiu com o Homo Sapiens no planeta Terra, os neandertais.
Dessa forma F.E. Jacob criou uma trama envolvente que leva seus leitores à reflexão sobre os rumos que a raça humana escolheu.
O colapso da sociedade e uma (não tão) nova espécie de seres humanos
Reunindo viagens no tempo, o colapso da nossa sociedade e a existência de uma outra espécie de seres humanos mais fortes e mais inteligentes no futuro como pano de fundo para as aventuras do jovem Wallace Vidal, Homo tempus conquista cada vez mais leitores não só no Brasil, mas em diversos países espalhados pelo mundo.
O sucesso da obra de F.E. Jacob se confirma com a apresentação de Homo tempus que será realizada pela Editora SROMERO na Feira do Livro de New York no mês de setembro, e o lançamento da edição em inglês da obra, está previsto para o final de 2019.
Embarque junto com Wallace Vidal e F.E. Jacob nessa aventura histórica e futurística garantindo agora o seu exemplar de Homo tempus.
https://www.amazon.com.br/gp/offer-listing/8592479924

site: https://sromeropublisher.com/produto/homo-tempus-promo2019/
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Ena 16/09/2019

A imaginação do desastre, conceito utilizado por Henry James, é um prato cheio para amantes de distopias
Homo Tempus por Anthonio Delbon
A imaginação do desastre, conceito utilizado por Henry James, é um prato cheio para amantes de distopias, ficções científicas e fantasias de caráter provocativo. Homo Tempus, do brasileiro F.E.Jacob, é um belíssimo e acessível livro de estreia que abraça esse exercício imaginativo para retratar o otimismo ridículo do mundo atual, levando o leitor em uma verdadeira aventura cinematográfica. E o melhor: sem perder o apelo filosófico que caracteriza as grandes obras do gênero.
Em tempos onde a distopia reinante é a própria proliferação de distopias nas livrarias, o mínimo que se pede é prudência – ao escritor e ao leitor. Clichês pra lá de gastos, tramas frágeis, provocações repetidas, tudo soa como lugar comum em um gênero que teve na trinca 1984, Admirável Mundo Novo e Fahrenheit 451 um material que permanece inesgotável. Soma-se a isso as tantas séries televisivas, uma mais premiada que a outra, e o que surge, de início, é uma dificuldade para sair das críticas comuns geralmente suscitadas.
Felizmente, o mineiro F.E.Jacob soube trabalhar com a devida calma para atingir um público jovem-adulto de forma certeira. Trazendo à mistura distópica viagens no tempo e, principalmente, neandertais – com recomendadas referências científicas ao final da obra, para quem se interesse como eu – conseguiu traçar um diálogo consistente entre passado, presente e futuro sem apelar ao reacionarismo barato ou às ideologias ingênuas. Seu acerto começa por focar a lente em um jovem protagonista, cheio de potencial e capaz de conversar com o público a cada virada da trama.
Wallace Vidal, bibliotecário pouco afeito às tradições e sabedorias com que tem contato em seu ambiente de trabalho, é o guia de viagens no tempo que mais simbolizam as viagens de sua própria alma. Do frágil passado neandertal ao totalitário futuro eugênico, é ele o guia do leitor que passa, em ritmo frenético, a imergir em diferentes tempos e sociedades. Lentamente, graças à sutileza do autor, começa-se a perceber que as lições de um tempo servem muito mais ao presente original do próprio protagonista – e ao nosso, por consequência.
Em escrita fluida, Jacob propõe problemas filosóficos de estofo, questionando até que ponto a crença na evolução humana, cada vez mais em voga, não acaba gerando uma latente involução moral. Aborto obrigatório, desarmamento da população, fé cega na tecnologia, leis pró-veganismo, degradação cultural, aconselhamentos sociais para criminosos...o escopo de desastres é de dar inveja aos melhores episódios de Black Mirror. Em um futuro nem tão distante, um estado seguro traz um sufocamento paradoxal. Em um passado já muito distante, uma cortante fragilidade humana – ou neandertal – faz o contraste ao guardar, no seu aparente primitivismo, uma maior sensação de liberdade repousada em sólidos laços afetivos.
No fundo, como alicerce dessa atmosfera tragicômica, aparece a gradual infantilização da sociedade via exacerbação de direitos. Descrevendo como tal sensação de liberdade foi sendo perdida em nome de um Bem aqui, um Direito acolá, o autor consegue captar a fé moderna no progresso como elemento propagador da covardia e da irresponsabilidade.
Filosoficamente, é em Edmund Burke – pai intelectual de tantos magníficos autores citados pelo escritor, como Sir Roger Scruton, Theodore Dalrymple e G.K.Chesterton – que Jacob repousa sua prosa. Referência mais do que bem-vinda em tempos onde cada um se enxerga detentor de mil direitos e zero deveres. É de Burke, o anti-Rousseau, que vem a famosa definição de contrato social como um acordo entre os vivos, os mortos e os ainda não nascidos. A antítese, portanto, do egoísmo iluminista que exorta o cidadão a se libertar do passado obscuro e a criar – via demanda de direitos – um futuro paradisíaco.
Novos direitos significam novas leis. Novas leis, para serem efetivas, implicam em aumento da burocracia, do Estado, do Judiciário. Em busca da liberdade e da afirmação do que se sente ser direito de nascença, o indivíduo amplia o poder e a opressão de um Estado sem perceber o ciclo vicioso que alimenta. Do berço ao túmulo, o brado por direitos se torna o sentido da vida supremo.
O que Jacob mostra bem, utilizando do próprio fato de seu protagonista ser um jovem da geração Z, é como o individualismo exacerbado cega o homem de sua responsabilidade. Wallace Vidal maneja livros diariamente, mas não enxerga valor neles. É ele o protótipo, pelo menos de início, do jovem desconectado com o passado e o futuro, o que o deixa relapso e indiferente ao próximo e a si mesmo.
Ora acelerando na trama, com ação de tirar o fôlego, diálogos ágeis e descrições objetivas, ora aproveitando os cenários para exercitar uma prosa quase ensaística e de vocabulário fácil, focada no poder do ressentimento e da contingência, Jacob convida o leitor a embarcar em uma intensa aventura em duplo sentido: não se decepcionará quem ler Homo Tempus com sede de uma boa e criativa ficção científica, nem se decepcionará quem busca, na diversão da fantasia, goles cavalares de provocação.
Como diz Luiz Felipe Pondé, a noção de “direito” é uma das maiores formas de burocracia para o ressentimento já inventada. Lembrarão de nós como mimados ressentidos e covardes. Jacob acrescenta uma esperançosa interrogação, sem esquecer de dissecar a natureza humana em seu âmago. E existe discussão mais atual do que a que questiona o que é ser humano?

Livro: Homo Tempus - Escritor: F.E. Jacob
Editora: Sromero - www.amazon.com.br
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Liz 25/09/2019

Fantástico livro - Que venha Homo tempus 2
Vós, porém, éreis mais íntimo que o meu próprio íntimo e mais sublime que o ápice do meu ser! brada Santo Agostinho em suas Confissões ao compreender como Deus era mais íntimo dele do que ele mesmo era. Passados tantos séculos, seguidos de tantos eufóricos e nietzscheanos assassinatos de Deus, quem ousaria imputar com ardor agostiniano esse papel a Deus? Mais fácil é explicar Santo Agostinho em sala de aula com um exemplo palpável e jovial: o algoritmo, este ser que adivinha o que comprei e o que vou comprar, o que quis, quero e vou querer, se tornou, hoje, mais íntimo de mim do que eu mesmo.
Do algoritmo aos direitos humanos, novos deuses sempre surgem para autores perspicazes exercerem suas críticas. Utilizando da imaginação do desastre de Henry James e contemplando uma vasta gama de possiblidades distópicas, o brasileiro F.E. Jacob estreia no gênero de ficção científica com Homo Tempus, uma aventura cinematográfica, ágil em ritmo e leve em conteúdo, sem por isso deixar de alfinetar com a devida classe uma imensa quantidade de hábitos desumanizadores cotidianamente vistos.
A pena de Jacob propõe um prazer a gregos e troianos: quem busca ação dinâmica e set pieces criativas não se decepcionará, tanto quanto quem busca uma maior densidade reflexiva intercalada em meio às descrições objetivas. Destinado ao público jovem-adulto, a obra não poderia deixar de ter como protagonista alguém do mesmo tipo: Wallace Vidal, da geração Z, é o condutor de uma jornada por diferentes eras que abrange dos neandertais às sociedades futuras para lá de eugênicas – e nem tão longes assim do presente 2019...
Vidal, funcionário da biblioteca de Estrasburgo, é um rapaz que não compreendia a admiração pelo passado ao qual seu entorno exortava. Tantos livros e tanta sabedoria nunca chamaram a atenção desse jovem ensimesmado, indiferente, quase narcísico. O flerte com a falta de empatia – aquela empatia tão rica a Adam Smith e David Hume – é descrito objetivamente por Jacob em uma de suas muitas tiradas práticas: a música mais ouvida por Vidal é a melancólica e autocentrada Everybody’s Changing, da britânica Keane, que traz lá um bom indício do porvir da história.
Com a mesma lepidez, o autor dá início à aventura: Vidal é transportado ao futuro – 2095 – ao voltar para casa de bicicleta. Cativeiros, fugas, erros fatais e neandertais – sim, no futuro – formam uma atmosfera convidativa, desafiadora, onde pouco é explicado e muito é feito.
Nas idas e voltas fluidamente narradas por Jacob, o desenvolvimento de Vidal e de tantos coadjuvantes se dá, prioritariamente, pelas ações. Definitivamente – e meio às tontas – o protagonista amadurece com as piores experiências possíveis. Wallace come o pão que o diabo amassou – e faz os outros comerem – antes de sequer começar a fazer as perguntas certas.
E quais elas seriam?
Jacob indica com prudência algumas diretrizes de sua história com epígrafes bem pontuadas. Theodore Dalrymple logo alerta sobre a desconexão dos jovens com o passado, ainda no prefácio. G.K. Chesterton orienta, na primeira parte, sobre a linha tênue que separa civilização e barbárie. Entre conservadores do passado – T.S. Eliot – e do presente – Sir Roger Scruton – Jacob busca se unir a uma tradição de cacife e estofo, a começar pela elegância e simplicidade da linguagem que tais autores sempre tiveram em dissonância às macarrônicas teses acadêmicas desconstrucionistas.
Simplificando e objetivando essa tradição do pensamento, o escritor brasileiro distribuí na personalidade de seus personagens esse viés conservador. O que pode parecer tedioso ao leitor leigo, que iguala o conservadorismo ao reacionarismo mais chinfrim, é, na realidade, um ás na manga do autor: a atitude conservadora faz um contraste empolgante e provocador com uma realidade que preza, acima de tudo, pelo Bem, pela Transparência e pelos seus filhotes totalitários. Não à toa John Lydon, vocalista clássico do Sex Pistols, andou defendendo Trump e o Brexit por aí...o conservadorismo é o novo punk quando o politicamente correto progressista se torna o establishment.
É aqui que reside o grande trunfo de Homo Tempus.
Em descrições ácidas e pra lá de criativas, Jacob faz uso da imaginação para tocar no totalitarismo que uma banalidade do bem pode trazer. Em nome dos sentimentos dos cidadãos mais direitos foram sendo criados e, com isso, maior burocracia para garanti-los teve de ser efetivada. Em nome do Bem, da igualdade de direitos e dos sentimentos altruístas de tantos cidadãos que “só” clamavam por mais justiça social, um aparelho controlador, eugênico e totalitário foi criado às escuras, ignorando-se a outra face da moeda: qualquer direito novo implica em um novo dever.
A infantilização da sociedade, de mãos dadas com um avanço tecnológico avassalador, transformou a preguiça em direito a ser garantido pelo Estado – e tal preguiça logo viria a se confirmar como covardia e irresponsabilidade total em face à existência mesma. Elencando rapidamente os aspectos orwellianos da obra, temos o trânsito controlado pelo sistema, leis pró-veganismo (os hamburguers nem de carne são), leis pró-aborto, aplicativos sociais de procriação, uso de drogas legitimado para recondicionamento social, faculdades com função social obrigatória...e mais uma dezena que omitirei para não tirar a graça da descoberta. Como é dito em determinada parte da obra, é difícil combater a sedutora ideia de que outra pessoa é responsável pela sua felicidade.
A jornada de Wallace é feita de primeiras vezes. Uma certa nostalgia o atinge de surpresa, junto com uma vivacidade em face a tantos mundos mortos. Ora na paralisação burocrática e tecnocrática de um futuro sufocante, ora no silêncio e na fragilidade de um passado menos conectado, Vidal sente-se vivo, exatamente por encontrar o sentido do dever,e da responsabilidade naquilo que Victor Frankl chamará de vontade de sentido. Nas palavras do psiquiatra:
(...) temos – e não somente nós, os psiquiatras – a oportunidade de observar, repetidas vezes, que a necessidade e a questão de um sentido de vida irrompem justamente quando as coisas beiram o desespero. É o que podem testemunhar, entre nossos pacientes, os moribundos, bem como os sobreviventes dos campos de concentração e os prisioneiros de guerra!
O que Homo Tempus propõe é uma reflexão sobre a natureza humana – e em tempos onde “natureza humana” é vista como ficção e nojo por ideólogos de gênero e afins, é preciso coragem e habilidade para manejar tal questão. Felizmente, Jacob herda de Edmund Burke esse anti-progressismo prudente, propondo em seu escopo uma fantasia esperançosa que serve muito bem ao ensino prático e palpável do conservadorismo.
Tal ensino só é possível graças ao caráter propositivo, além de denunciativo, que Jacob concilia. A degradação cultural, os aconselhamentos estatais para criminosos, a crença completamente cega na tecnologia e no desarmamento da população em nome do Progresso estão lá, firmes e fortes sendo delineados. Em contraponto, contudo, o autor faz seu protagonista vivenciar na pele uma fé em pequena escala, nos small platoons a serem formados na pré-história onde Vidal acaba por cair.
Da caça aos rituais, da liturgia à vulnerabilidade da existência, Vidal aprende e ensina o fundamento do conservadorismo político e existencial que se preze: o amor ao próximo que está próximo, não à humanidade abstrata que Rousseau, Marx e tantos pensadores pseudo libertadores gritaram em suas pueris obras. É imaginando o completo caos – uma imaginação só possível a partir da percepção real de sua possibilidade prática – que Vidal percebe a prudência, o ceticismo e pequeno ato como valores imprescindíveis para que a vida se sustente. Deixando de lado o individualismo exacerbado, o protagonista elege a tradição e a responsabilidade como antídotos ao ressentimento e ao acaso com quem conviveu e sofreu tanto.
Claramente, é o autor, aqui, que vai em busca de seu leitor, fala sua linguagem e o estimula, com engenhosidade e belíssimas referências, a descobrir um mundo real de combate intelectual. Não é comum se ver uma aventura fantasiosa tão preocupada em temperar seu conteúdo com temas tão caros. Seu convite inicial é cirúrgico:
Quando você terminar de ler esse livro terá sido apresentado a três espíritos... Não, você não será visitado por três fantasmas, e sim conhecido o espírito de três épocas diferentes. Todas elas fictícias, porém também com elementos realistas, cabendo a você leitor, decidir o que é realidade em potencial e o que é puramente simbólico em cada uma. Contudo, não se iluda, a discussão é sempre a mesma: o que é universalmente humano e o que não é; principalmente o que está na segunda categoria, mas nos cega, nos impedindo de dar a devida importância ao que está na primeira.
F.E. Jacob nos oferece nesta estreia uma aventura, sem dúvida, mas uma lição de caráter formativo que sabe falar a linguagem da ação cinematográfica. Um leitor mais jovem pode viver a jornada com Vidal e ganhar uma bagagem preciosa. Um leitor mais velho pode se deliciar ao ver o jogo criativo de um autor moralmente responsável e corajoso em sua crítica. Em ambos os casos, trata-se de um convite raro e irrecusável. Que venha Homo Tempus 2!



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