Pandora 12/12/2019Não acredito que consegui terminar esta tortura!, digo, leitura. É um livro que eu teria abandonado com toda certeza, mas fui até o fim, bravamente, porque fará parte da discussão de um grupo de leitura.
A terceira parte é até boa, mas a segunda é bem irregular e a primeira - a mais longa - é tão sofrível, que eu só conseguia abandonar o livro a cada poucos parágrafos, bufando e revirando os olhos com tantas tolices.
A ideia é interessante, mas a escrita é pueril no pior sentido da palavra. A protagonista tem 31 anos e parece ter 12. Os personagens não são carismáticos, a trama não é envolvente... é tudo morno, sem sentido, chato e cansativo. Ishiguro gasta quase todo o primeiro capítulo - quase 12 páginas - numa cena escolar perfeitamente descartável!
A narradora devaneia o livro todo e vive reconhecendo que só está enrolando a gente:
Pág. 28 Mas voltando a Tommy.
Pág. 60 Mas como eu ia dizendo...
Pág. 61 Mas não é sobre isso que eu quero falar.
Pág. 110 Mas me afastei um pouco do ponto.
Pág. 127 Bem, mas eu estava falando de antigamente (...)
Pág. 150 Bom, mas o que eu queria dizer...
Pág. 157 Bom, mas como eu ia dizendo...
No tempo em que tentei, desesperadamente, me concentrar na primeira parte, li outros quatro livros; mas a cada vez que voltava, tinha vontade de atirar o livro na parede... rs... e eu nem sou dessas coisas. Um desses livros foi a distopia de Karin Boye, Kallocaína, que sem enrolação, em enxutas 251 páginas, disse a que veio. Há inclusive uma semelhança na temática: doadores neste Não Me Abandone Jamais (até o nome é uma praga!) e cobaias em Kallocaína. Só que o desenvolvimento é totalmente diferente.
Pra não dizer que não falei das flores, a cena final é emotiva e delicada, mas não salva esta história.
A melhor frase do livro está na página 231: “E que importância tem isso, afinal?”. Isso resume o livro, cheio de passagens e diálogos inúteis.
Importância nenhuma, meus caros.