spoiler visualizarYulee Zin 07/07/2023
Revoltante.
Ao pegar para ler "Quando os Adams Saíram de Férias" já imaginava uma narrativa angustiante, chocante e qualquer adjetivo que indicasse que seria uma leitura indigesta. Eu amo livros como "Misery" de Stephen King, e estou bem habituada a histórias pesadas, feitas para chocar mesmo, isso como fã de terror/thriller e de tudo que sai da cabeça de Raphael Montes. Porém aqui temos algo diferente (no pior sentido possível).
A escrita é bem fluida, não vou mentir. Apesar de os capítulos serem longos e eu me colocar MUITO na pele de Barbara, tinha vontade de saber o que aconteceria em seguida, e, por se tratarem de crianças, a improbabilidade de seus atos tornava tudo mais interessante.
Mas é aí que começam os problemas: o autor é um porre! Como é um livro narrado em terceira pessoa, o leitor fica à mercê dos pensamentos fúteis e misóginos desse observador invisível. Até tentei ignorar, seja pela época em que foi escrito, seja por esperança de isso ser uma crítica. Contudo, isso impregna na trama de um jeito que a torna uma espécie de fantasia sádica (e olha que existem livros muito piores no quesito violência), em especial por não saber aproveitar o ponto de vista da vítima. E eu ODIEI o modo como ele romantiza o estupro, chegando ao ponto de sugerir que Barbara teve um orgasmo. Oi???????? Essa cena e o final fecharam o caixão pra mim.
E falando no final... Ah, o final! Todos sabemos que a vida não é um morango, e confesso gostar de conclusões trágicas, mas aqui é simplesmente revoltante, não de um jeito "legal". É o ápice da suspensão de descrença você engolir que cinco crianças/adolescentes, principalmente depois de conhecermos a inconstância de suas personalidades, serem capazes de um crime perfeito. Sem contar aqueles últimos parágrafos, que são uma breguice sem fim! Terminei o livro nauseada, mas não do jeito "bom" que obras verdadeiramente perturbadoras são capazes de fazer.
Sei que vez ou outra eu trago essa obra em minhas análises, mas minha experiência de leitura foi idêntica à de "Verity": premissa interessante, leitura viciante, porém desenrolar tosco e final que me deixou indignada. Pelo menos em "Verity" as muitas cenas de sexo são consensuais.
Nota: 2.5