Na pior em Paris e Londres

Na pior em Paris e Londres George Orwell




Resenhas - Na Pior em Paris e em Londres


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Arsenio Meira 15/06/2013

ORWELL E AS OUTRAS VERDADES


Mais um relido com a sofreguidão que só os grande autores proporcionam.

O jovem repórter se disfarça e vive alguns dias como sem-terra, operário, cortador de cana ou camelô. Depois, toma um banho, volta para a redação e escreve uma matéria sobre o cotidiano daquele mundo tão estranho e cheio de gente sofredora.

Se der sorte, ganha um dos 554 prêmios de jornalismo oferecidos por multinacionais. Para quem acompanha as edições de domingo dos jornais ou revistas semanais, não há novidade alguma nesse tipo de coisa.

Em 1932, ano em que George Orwell publicou Na Pior em Paris e Londres, isso era um negócio originalíssimo. Ninguém tinha feito nada parecido.

Orwell, ou melhor, Eric Blair – seu nome de batismo – não era jornalista nem criou esse artifício para vender jornal ou ganhar prêmios. Sua motivação era conhecer de perto os seres humanos, se aproximar dos miseráveis do seu tempo, saber como viviam e conhecer de perto a humanidade daquelas pessoas que o restante da sociedade fingia desconhecer a existência. Essa intenção fica evidente durante a leitura do livro, resultado de sua vida como mendigo ou desempregado nas duas metrópoles.

Seu mérito é proporcional ao esforço da elite inglesa em manter esses seres humanos na invisibilidade. Tal esforço pode ser medido pelas leis que proibiam mendigos de sentarem ou mesmo pararem para pedir esmolas em locais públicos ou de dormirem nas ruas. Pedir podia, mas o sujeito era obrigado a permanecer andando sem parar, principalmente porque também não podiam dormir duas vezes seguidas no mesmo albergue.

Era um monte de gente suja e esfomeada de um lado para outro o tempo todo. Leis que fariam a elite paulistana babar de inveja.

Os textos, escritos em forma semelhante a um diário, expressam a profunda identificação de Orwell com os seres humanos com quem conviveu nesta época. Uma identificação sincera, de quem enxerga no outro não apenas um personagem adequado para ilustrar ou compor sua história. Orwell compreende as reações o pensamento de quem, por não ter um tostão no bolso, sente-se completamente livre exatamente porque não precisa ter medo de perder dinheiro.

A identidade com essas pessoas, reforçada a cada experiência nos quartos cheios de ratos de Paris ou nas hospedarias fedorentas de Londres, também reforçou o sentimento que fez Orwell abandonar o trabalho como policial nas tropas britânicas na Birmânia (atualmente Myanmar). Ele sentia nojo da política imperialista do seu país.

A partir do que viveu como policial e, depois, mendigo, Orwell definiu que tinha um lado e que seu talento de escritor estava vinculado às suas convicções. Não tenho dúvida de que isso afasta seu livro ainda mais do jornalismo, instrumento de dominação e de legitimação do discurso dos donos do poder.

O escritor viveu entre os miseráveis franceses e londrinos entre 1928 e 1930, com direito a internação num hospital horroroso de Paris por causa de uma baita pneumonia. O livro, porém, só fui publicado em 1933. As editoras – e os leitores – tinham mais interesse em textos sobre o glamour dos franceses ou o poder da nobreza da Inglaterra.

Paris e Londres combinavam com croissants, teatro e as jóias da coroa, jamais com gente fedendo a mijo, percevejos ou cozinhas podres cheias de ratos.

Na Pior em Paris e Londres revelou outras verdades.

Ulisses 23/06/2015minha estante
boa resenha arsenio!!


Arsenio Meira 30/06/2015minha estante
Grande Ulisses,
Valeu! Orwell é especial.
Abraços




Eliza.Beth 30/04/2022

O dinheiro se transformou na grande prova de virtude
Um relato sobre pobreza. Orwell descreve as condições deploráveis dos locais onde pernoitava, a necessidade de vender as próprias roupas para poder comer, as dificuldades para arranjar emprego e, principalmente, as condições trabalhistas desses empregos quando era possível arranja-los, com turnos de até 21 horas por dia.
No capítulo 13, ele constrói uma hierarquia das funções do hotel em que estava trabalhando e fazendo alguns comentários. Ele estava no nível mais inferior. Esse capítulo foi muito bom.

Hotéis 5 estrelas em Paris sendo desmascarados por dentro. Enquanto lia, pensava: uma ida a restaurantes nunca será mais a mesma. ?

Algumas críticas tbm ao papel da religião em tudo isso e do Estado, através de leis, no mínimo, questionáveis.

No capítulo 31, ele faz uma análise sobre oq seria um trabalho e trabalhadores. Queria destacar alguns trechos, mas foi impossível. Grifei tudo. Capítulo sensacional.

São relatos interessantes, mas ele se destaca mesmo é nas análises. Deixarei aqui alguns trechos q falam por si só:

?É esse medo de uma plebe supostamente perigosa que faz com que quase todas as pessoas inteligentes tenham opniões conservadoras. O temor da plebe é um medo supersticioso.?

?Parece-me que quando se tira o dinheiro de um homem, ele não serve para mais nada a partir daquele momento?

?Na prática, ninguém se importa se o trabalho é útil ou inútil, produtivo ou parasita; a única exigência é que seja lucrativo?

Não concordei com todos os argumentos trazidos por ele como, por exemplo, associar a pobreza à homossexualidade, alguns comentários sobre judeus e mulheres.
Por isso, tirei uma estrela.
Mesmo assim, baita relato jornalístico.
Carolina.Gomes 30/04/2022minha estante
Tenho q ler. Pra minha profissão, então?


Eliza.Beth 01/05/2022minha estante
Simmm Anaaa? é bem interessante para analisar




Mari 23/04/2021

"Gostaria de compreender o que se passa de fato na alma dos plongeurs, dos mendigos e dos que dormem no Embankment. Até agora, não acho que tenha visto mais do que as fímbrias da pobreza.
Ainda assim, posso apontar duas ou três coisas que definitivamente aprendi vivendo duro. Nunca mais vou pensar que todos os vagabundos são patifes bêbados, nem esperar que um mendigo se mostre agradecido quando eu lhe der uma esmola, nem ficar surpreso se homens desempregados carecerem de energia, nem contribuir para o Exército da Salvação, nem empenhar minhas roupas, nem recusar um folheto de propaganda, nem me deleitar com uma refeição em um restaurante chique. Já é um começo."

Difícil entender por que razão de uma vez só são lançadas três ou quatro reedições (no Brasil) de Revolução dos Bichos, e outras mais de 1984, e pouquíssimo se fala neste Na pior em Paris e Londres.
O livro é um relato de Orwell da experiência de vida na sarjeta dessas duas cidades tão imponentes, e traz, sem alegorias, quase tudo o que o autor levou para a ficção. É muito impressionante a peregrinação entre sub empregos, albergues sofríveis, alojamentos coletivos imundos, durante o que George foi se desfazendo de suas pré-concepções sobre a vida dos miseráveis.
Vale muito a pena a leitura, tanto quanto a parte ficcional já consagrada.
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Mia 04/01/2022

Esse livro apresenta perspectivas profundas sobre pobreza, condições de trabalho e mendigancias. Muito bem escrito, com algumas passagens mais na pegada de humor e outras com um tom mais de análise.

Uma coisa que não gostei foi que na primeira parte do livro tem muitas expressões em francês, sem nenhuma nota de rodapé com a tradução. :p
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Daniel-Ef2:8 18/04/2021

Razoável
A história na minha opinião é meio confusa, demorei pra entender um pouco do que se tratava, só nos capítulos finais que deu para entender um pouco do que o autor diz.

Com certeza esse não é o melhor livro do Owerl que eu já li, até porque se comparar com A Revolução dos Bichos e 1984 esse é um livro um tanto inferior.

Essa edição na qual eu li contém muitos erros de edição, mas nada que impedisse a leitura.

Ainda tenho outros livros do Owerl para ler, esse na minha opinião fica em último lugar no meu "ranking" pessoal de livros do autor, vamos ver os outros títulos que ele escreveu.
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Jardii 03/02/2022

Sobreviver
Que livro surreal.
George viveu como mendigo algum tempo de sua vida para "entender" sobre a pobreza. Mas a pobreza não se entende...
É difícil perceber que muito gente vive em situações precárias por causa dessa má divisão dos recursos que existem no planeta. Enquanto uns tem demais , outros não tem nem o que comer.

Aqui George mostra como é a vida de um mendigo (muitos pensam que mendigos escolheram estar ali).
É assustador ver que essas coisas que aconteciam em 1930 continuam acontecendo nos dias de hoje.

Recomendo a leitura.
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Lu 22/04/2021

O livro é necessário!
Aqui entramos em uma história que carrega enormes lições sobre a pobreza, sobre moradores de rua, sobre escravos etc.
Eu achei sensacional! Confesso que chorei, por ver como a desigualdade é tremendamente grande!
Mendigos são pessoas
Pobres são pessoas
Ricos são pessoas
Tratamos como se fossem raças!
Desde pequenos fomos ensinados a temer a palavra "mendigo", isso nunca foi sinônimo de medo, pavoroso, assustador, nojento, grotesco etc... Nunca foi! São seres como nós que vivem uma batalha diária tão grande quanto a nossa! São seres que trabalham sim, se esforçam sim, mesmo que as pessoas os usem pela fragilidade deles.

De hoje em diante eu não terei mais essa visão horrenda sobre um ser humano em circunstâncias deploráveis.
(É nosso dever ajudar/facilitar)

RESPEITEM!AMEM!CUIDEM!
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Tronquilho 15/11/2022

Esse livro de fato diferente do que tô acostumado. A escrita é em formato de diário e é uma biografia ficcional do orwell.
Eu amei a história, eu praticamente vivi junto com os personagens. E as situações são tão reais, que te coloca em outro ponto de vista da sociedade. Eu indico esse pra todo mundo
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Nicole Gonsales 01/11/2023

O mais profundo do Orwell
2° vez que ouço audiobook e é um desafio mas dessa vez consegui sentir a profundidade da história na pele. É como se eu estivesse passando cada situação e que situações. O livro trás grandes reflexões e você jamais vai ver um mendigo como um simples mendigo após essa leitura.
Indico demais!
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Nati 14/05/2021

Leiam, é incrível.
Esse livro é magnífico, que obra, George Orwell, me fez lembrar de muitos perrengues que já passei na minha fase mais pobre, me identifiquei de cara, um homem quando tem um certo status e perde tudo, vai denegrindo, atingindo o chão, o dinheiro pode não ser o principal, mas ajuda um bocado na dignidade do homem, quando você o perde você consequentemente vai se perdendo também, vai sobrevivendo, se adaptando a uma vida que até aquele momento não era a sua, mas ainda sim foi nada comparado a vida desse homem e de tantos outros que vivem dessa forma.
Um jornalista que se torna mendigo, um mendigo real, que convive nas ruas e passa muita fome, conhece gente boa, e no final até aqueles homens de caráter duvidoso, nos pegamos questionando, ele é um sobrevivente das circunstâncias?
A pobreza, a miséria, a falta de higiene, a fraqueza, o descaso, a escravidão, a falta de conforto, consolo e dignidade, a falta de perspectiva de melhora, a fé abalada, muitas vezes inexistente, a ajuda por trás de algum interesse, as coisas mais importantes são as mais simples? Tudo o que o dinheiro pode comprar? essas e tantas inúmeras questões nos fazem refletir muito após essa leitura.
Qual o papel da sociedade nisso tudo?
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@unirversoecafe 12/10/2022

Uma realidade nua e crua que ainda não superamos!
Que livro, meus senhores! Uma verdadeira imersão sobre o olhar de quem conviveu na miséria e sentiu na pele o que é passar fome, frio, não ter perspectiva de vida, aguentar a opressão policial e religiosa, enfim, é um livro de leitura fácil porém, chocante ! Mas vindo de Orwell não poderia ser diferente, não é mesmo ?
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Mr_Clio 17/10/2023

Livro terrível... e ótimo!
Não se limitem a 1984 e a "Revolução dos Bichos"! Esse é uma ótima oportunidade para conhecer outras obras de Orwell!
Comecei lendo em inglês, mas resolvi terminar em português.
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V_______ 21/04/2022

Na Pior em Paris e Londres
A Revolução dos Bichos e 1984 são os mais notórios trabalhos de Orwell, e sim, são excelentes livros, mas o revés é que por serem tão conhecidos acabam ofuscando os outros trabalhos do autor que são ótimos também.
Na Pior em Paris e Londres é um relato jornalístico romanceado das experiências que Orwell teve na década de 20 vivendo nas mais sofridas camadas sociais em duas das mais importantes cidades europeus, durante esse período conviveu em pensões sofríveis, albergues, chegou a dormir na rua, obteve empregos em condições miseráveis, teve de se virar com o mínimo dinheiro possível ou dinheiro nenhum, inclusive chegou a passar fome. Orwell descreve suas desventuras de forma excepcional, mesmo nas maiores adversidades nos faz rir, que as vezes é a única coisa que resta aos miseráveis.
Na Pior em Paris e Londres foi o primeiro livro que conseguiu publicar, o que quer dizer que George Orwell nasceu aqui, já que é o pseudônimo de Eric Arthur Blair. Mais um ótimo livro de Orwell que vale a pena ser lido !
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Mariana Oliveira 27/10/2021

O livro fala sobre um jovem escritor que passou pela experiência de viver na pobreza e relata a sua vivência com bastante humor!! Perfeito como todas as leituras de George Orwell ?
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