Natália Tomazeli 06/02/2019Nada de Inédito."Mais mulheres deveriam ser egoístas, para que o mundo não passasse tanto por cima da gente."
Se eu pudesse definir com uma palavra como eu me senti lendo esse livro foi: chateada.
Esse foi o primeiro livro da minha assinatura da TAG, e eu sempre quis experimentar essas caixas por assinatura, então talvez eu tenha me chateado mais por causa disso também? Não sei. Mas a questão é que o livro foi além de ser o que eu não esperava, para ser um livro que eu nem vi diferença de ter lido ou não. Não me acrescentou nada na vida.
O que acontece nesse livro é que nas primeiras 100 páginas, o livro te fisga rapidinho, e você fica muito curioso para ler tudo de uma vez, você quer saber das coisas. E lá estão as melhores partes do livro. Essa é a parte que o personagem principal tá na prisão, e você meio que quer saber como que vai suceder as coisas, fora que vão acontecendo uns babados que você fica "nossa, o que a gente faz agora?". Tem uns questionamentos morais e éticos bem legais. Mas infelizmente tudo meio que para por aí. Depois da página 160 mais ou menos, acontece uma coisa que leva a outras coisas que fazem a história tomar um rumo, que além de extremamente chato, desinteressante e clichê, é um rumo que pouco conversa com a trama inicial. Vão acontecendo um monte de coisas totalmente bobas e inúteis. Parece que a história é uma rosa, que você colheu bonita e reluzente, mas que com o tempo vai murchando, murchando, murchando... Até que morre! E os livros não devem ter essa estrutura. Eles devem ser tipo uma semente, você planta e ela vai se desenvolvendo e crescendo com o passar do tempo. E "Um Casamento Americano" definitivamente não é assim.
Sobre os personagens, que gente mais chata! Era um porre acompanhar as idéias e vidinhas chatas que cada um levava, e nem era por culpa da trama, e sim pelas escolhas que a própria autora tem pra eles. As atitudes e caminhos tomados por eles, são tão, mas tão estereotipados, que teve uma hora que eu achei que a autora tava fazendo de propósito. Só que daí me pergunto, qual é a moral disso? Fazer alguma crítica através do livro? Se for, não parece, porque os personagens vivem se contradizendo o tempo todo, e sucumbindo às ações clichês. Exemplo bem bom seria a Celeste. O livro INTEIRO todos os personagens pintam ela como sendo uma pessoa independente, aventureira, linda, segura de si, 100% livre, impetuosa, a mais diferentona do rolê. Mas eu não vi nada disso nas atitudes dela. NADA! E isso acontece direto e na caruda, com outros personagens também, tipo: "Ai nossa, Roy é um cara tão pacífico" aí na próxima cena do livro tá ele lá, fazendo coisas não pacíficas (não vou falar pra evitar o spoiler). Tipo, pra que por isso no livro? Pra que pôr certos desenvolvimentos? O que o livro quer questionar com certas decisões? Que, por exemplo, o casamento é uma instituição falida? Que a prisão destrói as pessoas? Que essa gente que vive uma vida de merda pensando em fazer tudo para agradar os outros ao invés de si mesmo, só podem viver uma vida de merda mesmo? Olha, se for, desculpa, mas não vejo o inédito aí. Tudo um bando de coisas que a gente já sabe, que a gente já viu em mil lugares, mil livros, mil filmes, sei lá. Só que a diferença é que eu não vejo a autora nem trabalhar em cima dessas questões, ela só vai jogando tudo sem muito critério e fica tudo desse jeito bizarro aí. Eu realmente gostaria de entender essas escolhas, porque saí dessa leitura me sentindo meio burra, trouxa, algo assim. Será que eu não captei algo que deveria ter sido captado? Não sei mesmo, gostaria de entender...
As minhas duas estrelas e meia (arredondo pra três porque não gosto das estrelas quebradas) vão para a primeira parte e para a narrativa da autora, que me fez aguentar ler esse livro chato até o fim, porque de algum modo eu esperava extrair alguma coisa de importante de alguma parte do livro. Mas não extraí...
Só pra fechar, sobre a temática do racismo, eu também não achei muita novidade em quase nada. E essa era a parte que eu tinha mais expectativa. Tem que ser levado em consideração que eu sou uma pessoa que já teve contato com esse assunto antes desse livro, e não vi nada que pudesse também me acrescentar algo novo. Isso é mais presente lá nas 100 primeiras páginas, mas não é muito aprofundado porque no geral a autora se interessa mais por ficar desenvolvendo traminha """"amorosa""" que não leva a lugar nenhum, então qualquer outro livro que você ler com essa temática, te acrescenta mais coisas sobre do que esse. Inclusive as séries e filmes citadas no próprio infográfico que a TAG enviou junto, são mil vezes mais legais e muito mais enriquecedoras sobre o tema (inclusive recomendo muito, vou deixar escrito aqui: "Cara Gente Branca; Atlanta; Um Sonho Possível; Selma - Uma luta pela igualdade"). Perto destas recomendações inclusive quem é esse livro na fila do pão?
Bom, eu não achei a experiência legal não. Não teria escolhido esse livro entre outros tantos com a temática parecida e ainda acabei essa leitura com a sensação de tempo perdido, de que eu poderia tá lendo outro livro muito mais interessante do que esse, com mais substância, conteúdo mesmo. Mas é válida a experiencia para não repetir o erro no futuro...
"A emoção humana fica além da compreensão, tranquila e contínua como um globo feito de vidro soprado."