Brenda.David 06/04/2024
Drácula, uma cruzada
A melhor parte do livro é quando acaba.
Minhas impressões sobre a leitura, principalmente após a primeira parte do livro, é de que ela se torna maçante, arrastada e cansativa. Aponto para a figura do Van Helsing, que muito me desagradou, a qual de tanto mistério e erudição aplicados se tornou extremamente pedante!
A história é em poucas partes coberta de um horror visualmente impactante, com tonalidades de um macabro que eu pensava poder ser aplicado ao restante da obra.
O livro não permite um contato mais profundo com seus personagens e com a própria história. No entanto, há algumas coisas que podemos notar claramente, como o contexto do século XIX, no qual foi escrito, um período fervente pelo cientificismo e positivismo evidente na obra. O caçador de vampiros, Van Helsing, é um nobre cientista. De certo modo, a obra é subversiva ao criar essa fantasia relacionada aos conhecimentos ocultos como resposta para seus tormentos. Existe também o excessivo tom católico na obra, que com o avançar da narrativa vai se tornando mais evidente e palpável. É aqui que concatenei a ideia de cruzada, conforme o avançar da leitura é perceptível a questão de extinguir um mal maior, ancorados sobretudo pela força da fé cristã.
Os diálogos parecem extremamente artificiais, os do Van Helsing verborrágicos e confusos. E ainda assim, na tentativa do autor exprimir tudo o que os personagens sentem, não conseguimos qualquer ligação com eles. Penso que o afastamento temporal da publicação da obra seria um dos motivos provocadores desta sensação de estranheza.
Enfim, um clássico gótico que foi uma experiência válida. Enriquecida sobretudo pelos produtos culturais posteriores a obra, alimentando ainda mais esse universo vampiresco. Drácula andou para que Edward Cullen e Damon Salvatore pudessem correr!
Uma obra que não revisitaria.