Alle_Marques 06/07/2021
“Amanhecer e Entardecer”
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[...] – Que noite linda – disse a senhora do doutor Dave ao subir na charrete.
– A maioria das noites é assim – disse o capitão. – Mas admito que aquele luar sobre Four Winds me faz imaginar o que sobrou para o céu. A lua é uma grande amiga minha, senhorita Blythe. Amo-a desde quando é possível lembrar. Quando era pequeno, eu adormeci no jardim em um fim de tarde e ninguém se deu conta. Despertei em plena noite, morrendo de medo. Quantas sombras e barulhos estranhos havia por lá! Não me atrevi a me mover e fiquei lá, encolhidinho, tremendo. Parecia que não havia mais ninguém no mundo imenso além de mim mesmo. Então, reparei na lua olhando para mim lá de cima, através dos galhos da macieira, como uma velha amiga. Na hora, senti-me confortado. Em seguida, levantei e caminhei até a casa com a coragem de um leão, sem tirar os olhos dela. Muitas foram as noites nas quais a contemplei do deque do meu navio, em mares longínquos. Por que vocês não me mandam fechar a matraca e ir para casa? [...]
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Amadurecimento é a palavra que define esse livro. Não chega a ser o melhor até agora, mas não deixa de ser bom, carrega a mesma alma dos anteriores e faz de maneira exemplar o que eles já tinham feito.
Os cenários, apesar de não serem muitos, são magníficos, a Casa dos Sonhos, sua vista e seu jardim são de encher os olhos, o farol é também um lugar incrível, mas senti falta da cidade, de outros ambientes pra complementar, os personagens novos são singulares e cativantes, o Capitão Jim e a Senhorita Cordélia são os melhores, o Capitão com suas histórias, e Cordélia com seus comentários, Leslie não fica muito atrás, embora eu ainda não tenha decidido se gosto dela ou apenas aceito sua existência na história, Anne e Gilbert estão bem, continuam com a essência que sempre tiveram, mas com a maturidade que a vida adulta exige, mas como casal gostaria de ter visto mais, das coisas simples e cotidianas aos absurdos, mas a o que mais me incomodou foi a falta de atenção dada aos filhos do casal, não falta de atenção da parte de Anne e Gilbert, que imagino que sejam ótimos pais, mas a falta de atenção dada as crianças pela autora, acredito que o próximo livro seja focado nisso e por esse motivo ela não quis se aprofundar nesse, mas ainda assim, tem coisas que deveria ter sido faladas e mostradas. De qualquer forma continuo gostando da saga e ver o crescimento e descobertas da Anne livro após livro é recompensador, mal vejo a hora de iniciar o próximo.
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[...] Eles caminharam em silêncio. Então, Anne disse:
– Sabe, capitão Jim, nunca gostei de caminhar com uma lamparina. Tenho a sensação de que fora do círculo de luz, logo após a limiar da escuridão, estou rodeada de coisas furtivas e sinistras me observando das sombras com olhos hostis. Sinto isso desde a infância. Por que será? Nunca fico assustada quando estou de fato envolta pela escuridão.
– Também sinto isso – admitiu o capitão. – A escuridão é uma amiga quando estamos próximos a ela. No entanto, quando escolhemos nos afastar dela, quando nos separamos dela, por assim dizer, com a luz de uma lamparina, a escuridão torna-se uma inimiga. Mas a névoa está se dissipando. Está começando a soprar uma brisa boa do poente, percebe? As estrelas já estarão no céu quando chegar em casa.
E estavam. Quando Anne entrou novamente em sua casa dos sonhos, as brasas vermelhas seguiam ardendo na lareira, e todas as presenças fantasmagóricas haviam ido embora. [...]
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