Cabra das Rocas

Cabra das Rocas Homero Homem de Siqueira Cavalcanti
Homero Homem de Siqueira Cavalcanti
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Resenhas - Cabra das Rocas


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João Ferreira 20/12/2013

Resenha: Cabra das Rocas [O papel da educação na edificação pessoal]
Muito abandonado e chamado de chato, Cabra das Rocas é, injustamente, pejorado por muitos leitores amadores que não conseguem visar a essência pura e simples de um autor que faz magia com as palavras. Talvez pelas inúmeras palavras desconhecidas, ou mesmo pelo local onde a história se passa, mas muita gente não gosta desse livro e acaba maldizendo-o para outras pessoas, desencorajando a leitura dessa obra maravilhosa.

Mesmo com todas as afirmações negativas, Homero Homem escreveu uma rara obra de arte que retrata a vida miserável e simples de um menino que vive rusticamente e que tem apenas a sua própria pobreza, a quase indiferença de uma madrasta e a dúvida de um pai que não sabe ao certo se deve estudar o filho ou colocá-lo a trabalhar junto dele mesmo a desempenhar o ofício há tanto tempo na família.

Vivendo nas Rocas da Frente, um lugar sujo, pobre e fedido, Joãozinho, um cangulo por natureza, resolve estudar para melhorar de vida. Mesmo com a família toda trabalhando de marinheiro, João começa a estudar, minimamente encorajado pelo pai, com a ajuda de Seu Eustáquio, único morador estudado das Rocas.

O livro acompanha Joãozinho em seus estudos, sua determinação, os preconceitos sofridos, tanto pelos próprios moradores das Rocas quanto pelos moradores ricos da Cidade Alta, as brincadeiras, nostalgias, os apelidos inocentes, os dilemas da pobreza, os problemas e alegrias de um povo simplório, mostrando o quanto uma educação de qualidade pode melhorar a vida de uma pessoa.

Com uma narrativa riquíssima em detalhes e memórias, Homero muda de narrador constantemente, como se ele estivesse na cabeça de todos e todos pensassem ao mesmo tempo, e tudo sendo escrito. O leitor que consegue acompanhar esses devaneios e mudanças de rumo não tem absolutamente nenhum problema com a leitura e entendimento da obra.

Beirando a melancolia e instigando sentimentos dos mais diversos e variados ao leitor, Cabra das Rocas é um tesouro nacional, um tesouro que denuncia a condição social de tantas pessoas que ainda hoje vivem na miséria, um tesouro que mostra a importância da educação em um país tão desigual, um tesouro que não foi feito para ser lido por mentes alienadas, mas sim, por revolucionários que mudam e mudarão a realidade preconceituosa das minorias afetadas.
Edilma 19/09/2017minha estante
Reli esse livro recentemente, concordo com tua resenha João! Esse livro é um tesouro mesmo, a escrita é de uma delicadeza e de uma profundidade sem tamanho. Deveria ser leitura obrigatória nas escolas.


BINHA Around The World 20/10/2018minha estante
João, sua descrição é sensacional!!!
Um livro que descreve claramente a luta e o medo, o contraste e a força, a vontade e a quase solidão de fazer acontecer!!!
Certamente é difícil uma criança entender perfeitamente todas as palavras e as descrições, porém todas elas irão entender a recompensa que é ser um bom aluno e buscar aquilo que lhe cabe.
Edilma, também acredito que deveria ser leitura obrigatória nas escolas, só assim poderíamos mudar a mentalidade de meninos que perdem as esperanças sem nem ao menos tê-las completamente reveladas!




Luan 07/03/2021

A descrição de Homero Homem do contexto social do Bairro de Rocas - Natal (RN) - de antigamente é sensível, triste e nostálgica, principalmente para os leitores que vivem/viveram em paisagens e contextos semelhantes. Uma história linda de superação. A descrição de um povo sofrido em um bairro periférico de uma Natal da primeira metade do século XX, mas cheio de esperanças e força de viver. Todo potiguar deveria ler esse livro; aliás, todos deveriam ler.
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MarciaCannecchia 18/10/2021

Ah acabou.
Fofinho mas ainda estou pensando nas coisas que líamos nos anos 80.
É muito triste, palavras incompreensíveis, totalmente regional (se bem q isso acredito ser necessário), leitura difícil para crianças de 11, 12 anos. Enfim.

Joãozinho quer estudar no ateneu, mas é uma criança pobre que sabe das dificuldades pelas quais passará. Mas é se empenha.

Saudades da série vagalume. Não li na época mas estou lendo agora.
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Art 04/03/2022

Cabra das Rocas
"Mas, xarias ou canguleiros, que importavam as diferenças da sorte àqueles que morriam, em meio a uma poça de sangue, ao longo das calçadas?
Importava, sim, que na vida como na morte o estigma de classe os desunia e diferençava."

Incrível ver tantas questões sociais abordadas numa obra, e ainda sob a perspectiva de uma criança de 11 anos.

João, filho e neto de marinheiros, enxerga a admissão no concorrido e nobre Ateneu norte-rio-grandense como uma forma de ascenção, tornando-se um ponto fora da curva, ao desviar daquilo que lhe parecia predisposto.

Contudo, para ir em busca da realização de seu sonho, João não quer deixar de ser canguleiro, nem morador das Rocas - o que carrega com muito orgulho, apesar das condições do ambiente.

Ainda nesse viés, um lado da capital potiguar é o palco principal no qual se sucedem os acontecimentos do livro. A face por vezes oculta de Natal é apresentada, mesclando-se ainda às regiões mais nobres da cidade.

Assim, entre a preparação para o exame de ingresso no Ateneu e as aventuras de João e seus amigos das Rocas, a obra nos fala muito acerca da perseverança, mas também sobre origens, sobre ter raízes.
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Senhora Brasil 07/12/2020

Ficou atrás apenas de Iracema
Depois de Iracema (José de Alencar) este foi o livro mais irritante que já li em toda minha vida! Não há começo, meio e fim. Personagens entram e saem da história, aparecem e desaparecem para sempre em um único capítulo. A impressão que tive foi de que cada capítulo era um conto e que o livro na verdade é uma junção de contos variados. O leitor que não está acostumado com o estilo de narrativa não-linear se sente perdido numa junção de histórias desconexas sem sentido.

Ao menos pode-se perceber muito claramente que o objetivo do autor era de se fazer uma crítica social, pois por diversas vezes ele aborda o tema da desigualdade socioeconômica do Nordeste. Outro ponto positivo é de que algumas vezes o autor consegue ser engraçado, pelo menos assim a leitura não é de todo maçante e arrastada.
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Tatá 21/06/2021

"Seja canguleiro, João, acima de tudo
canguleiro. Mas seja canguleiro estudando, aprendendo, indo para diante,
como fazem os xarias lá do outro lado.
"

"Tive um choque. A pergunta de meu pai era uma resposta, um eco à
minha ânsia de comunicação e extravasamento. Raro meu pai falar assim,
encarando-me como igual. Era um homem entrincheirado em seu
silêncio, um silêncio pesado como o resto de sua pessoa, difícil de romper."

Uma história muito bonita, nos mostra o quanto nos julgamos incapazes de algo que só depende de nós mesmos.
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CrAsley0 23/08/2020

Homero Homem me surpreendeu!
Encantada estou com a forma como Homero Homem escreve, me lembra um pouco Jorge Amado. Adoro os regionalismos utilizados no livro, e também a forma que descreve o povo sofrido das Rocas. O seu livro tem um gosto de infância, e nos traz um misto de sentimentos, nos faz sentir as mesmas sensações que Joãozinho sente. E que felicidade grande, quando Joãozinho, menino pobre e sofrido passa no tão sonhado Atheneu. Fiquei emocionada. Leria novamente com certeza!
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marz 666 31/03/2009

#1
Simplesmente o primeiríssimo livro que li na vida, aos 8 anos de idade, mais de 30 anos atrás. Me lembro que a estória nem é grande coisa, mas com certeza foi um marco em minha vida, quando saltei das revistas em quadrinhos para os livros. E nunca mais parei.
Alana 29/07/2012minha estante
Legal... Também foi o meu primeiro livro




Antonio Maluco 18/03/2022

Zona rural
O livro conta histórias de um garoto que mora no interior do Brasil e parece a história do Chico Bento
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Victor_leitor.mirim 05/05/2020

João Brás Bicudo
Razoável! não entendi muito o livro porque tem expressões difíceis de entender, mas se você quiser ler, me diga depois o que entendeu.
GotikaOMG 30/06/2021minha estante
São expressões muito características da região das Rocas e de Natal no geral, principalmente daquela epoca.




Anna Julia 08/07/2020

Viva Joãozinho estudante!
Esse livro é uma verdadeira preciosidade da literatura potiguar! Joãozinho é um menino determinado e resiliente, que ensina tanto ao leitor. Homero Homem foi grandioso ao mostrar a esperança e o poder que há no estudo.
Marcos Aurélio 14/12/2021minha estante
Ahhhhhh A Série Vaga-Lume... não sabia que este livro é potiguar. Foi para minha lista!




Celia.Rabelo 16/05/2009

Tb li na adolêcencia. Não me lembro muito bem da história, mais não é muito boa...
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Mallully 17/07/2020

Um livro especial, para paladares especiais
Ok, sendo bem sincera: eu não estava exatamente esperando encontrar algo assim na série Vagalume.
É óbvio que, por mais que um livro tenha ótimas referências, um ótimo escritor, uma ótima história, ainda vai existir gente que não vai se agradar daquela obra. Óbvio. Eu só estou tentando me defender. Não, eu não gostei muito de Cabra das Rocas, e eu vou te dizer o porquê.
Não entendi nada.
Primeiro, pra entender completamente o livro você precisa ter um domínio de tantas gírias que eu nem mesmo consegui contabilizar. É muito simples: ou você deduz, ou você passa batido pela frase sem entender ela. Essa foi a primeira coisa que me impactou durante essa leitura, tanto que eu comecei em uma madrugada e tive que recomeçar no dia seguinte, porque achei que eu não estava entendendo nada por causa do sono. Mas não, no outro dia eu continuei sem entender nada.
Isso torna a obra ruim? ABSOLUTAMENTE NÃO! O livro é fantástico, cheio de descrições maravilhosas que eu parava para reler. Mas é que... Sabe, não foi dessa vez. Eu não senti que eu era o público dele. Não senti que eu, adolescente, iria gostar dessa produção literária. Não foi só a questão da linguagem que me deixou um pouco indiferente, mas é que livros que não têm muita linearidade não são muito meus favoritos.
O livro começa com uma cena incomum: João, um garoto do interior, está se inscrevendo para fazer uma prova, para tentar uma vaga numa escola que só a classe alta podia frequentar. Era um local renomado, cheio de prestígio, e que agora poderia ter a chance de receber um Cabra das Rocas. Rocas é um local de extrema pobreza, com pouco desenvolvimento, mas cheio de pessoas que (aos olhos do personagem principal) têm bom coração. Acredito que eu resumiria o livro como um cenário de contraste social extremo, onde o autor consegue deixar claro a ambientação "rica" e a "pobre" por um grande conjunto de detalhes que envolve até mesmo o cheio dos ambientes. O limite entre as duas classes parece intransponível. Distante.

"Aquilo me dava uma impressão de abismo de bordas irreconciliáveis. Lembrei-me de coisas inexoravelmente afins e inimigas: roda e caminho, mar e jangada, cinturão apertado depois do jantar — o mundo dos contrastes vividos e observados pelos meus olhos de onze anos."

O livro, então, se dedica a descrever algumas cenas da vida cotidiana do personagem principal, indo desde primeiros amores até brigas entre os moleques, oscilando entre ausência paterna e problemas de identidade, tão comuns na flor da juventude. Os capítulos são divididos entre essas cenas, que mostram uma realidade crua da gente pobre e decente, batalhando pela vida e pela dignidade que a pobreza teima em tentar tirar deles. Durante todo o decorrer da história, João oscila entre a vontade de "ser mais" e o medo de se desvencilhar da sua natureza de cabra das Rocas. De perder a identidade daquela realidade única que ele conhece, com medo de ser visto como um impostor (o que lhe afeta enormemente) ou não ser mais aceito. Ainda sim, ele se dedica com afinco, estudando com um dos personagens secundários mais carismáticos e bondosos que eu já conheci, que o ensina com todo o gosto que um médico de bom coração faria.

"— João!
— Senhor, meu pai?
— Vá dormir para acordar cedo, menino. Se tem mesmo que ser doutor, precisa ir se preparando.
Tive ímpeto de correr para meu pai, abraçá-lo, tanger o punho da sua rede a noite inteira. Mas ele ressonava já, o peito enorme subindo e descendo com regularidade. Era um sono pesado e total. Sono de marinheiro que chega do mar."

Eu gostaria muito de ter entendido um pouco mais do livro. Talvez até o revisite em uma outra época (com um belo dicionário de gírias na mão), munida de mais paciência e um pouco mais de amadurecimento literário para tentar desvendar os mistérios de Cabra das Rocas. Me surpreendi muito com o teor da linguagem, porque eu própria recorri à série Vagalume em busca de uma leitura leve e sem rodeios. O problema não é exatamente o livro, mas o meu atual estado de espírito e minha ausência de tempo livre para realizar uma busca de campo que me permitisse ampliar meu vocabulário de gírias. Parece algo divertido a se fazer!

site: https://mallullyblog.blogspot.com/2020/07/resenha-cabra-das-rocas-de-homero-homem.html
GotikaOMG 30/06/2021minha estante
Vou concordar com você na questão de não ter gostado do livro... Mas em relação as gírias acho que para quem vive em Natal e tem proximidade com os moradores das Rocas, principalmente os mais antigos, as gírias são muito vividas se não fosse tão ultrapassadas diria até que natural discorrer sobre essas palavras tão características do bairro.




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