gabrielle801 25/05/2022
A autora tinha a faca e o queijo...
Eu estou há alguns minutos encarando o computador, sem saber como começar uma resenha dessas. Porquê olha...eu tive até que fazer uma lista enorme de 27 coisas que eu vou falar aqui. Enfim, vamos à resenha.
O livro conta a história da filha de um dono da Chicago Outfit, Francesca Rossi. Ela é apaixonada pelo seu amigo de infância, Ângelo Bandini, que também é da máfia. A família dela é a líder, e consiste nela no pai e na mãe, diferentemente de outras obras envolvendo. Em algum ponto da história a vida dela se entrelaça com a de Wolfe Keaton, um senador. Tal qual quer se vingar da família de Francesca e tá louco com a sede de vingança. Uma premissa boa, simples e atraente, não é?
Primeira coisa, o jeito que o livro representou a Outfit, não parece uma máfia séria, ou um negócio amplo. Parece um negócio de pirataria que o Arthur - pai de Francesca - organizou no fundo da casa dele. A escritora não conseguiu representar de um jeito que a máfia fosse uma ameaça ou sequer algo sério. E o pai dela muito menos, pensa num velho patético, como diabos esse cara virou líder até hoje me pergunto. Inclusive você não consegue levar metade do livro a sério por causa disso, porquê como diabos esse marica tá causando tanto estresse nos nossos "mocinhos"?
Segunda coisa, o livro inteiro se sustenta na premissa de um triângulo amoroso, como eu falei lá em cima, como está na sinopse, como está em qualquer buraco sobre ele. Não tem triângulo amoroso coisa nenhuma, simplesmente é um casal mais um empata foda que aparece vez ou outra pra fritar os neurônios do leitor e encher o saco. Inclusive ele tem mais personalidade que uma ameba porém menos que um pote de molho de tomate. Eu achava que eu odiava triângulo amoroso mas depois de descobrir essa relação dois querendo f1der + empata f0da que acontece nesse livro, eu REZAVA por algum triângulo, algum retângulo, qualquer coisa na verdade. Até achei que o Halloween estava sendo comemorado mais cedo com tamanho horror.
A protagonista, que todo mundo nas resenhas e críticas (uma maioria) jurou por deus que ia se revoltar e se libertar dessa teia de aranha toda que ela acaba envolvida, não faz [*****] nenhuma, a menina nem personalidade direito tem. Não estou dizendo que o meu problema com ela é ela ser uma personagem fraca, muito pelo contrário, personagens fracos EXISTEM, e nem sempre a pessoa precisa ser a mais foda do universo pra poder ser uma protagonista boa. O problema de Francesca Rossi é que a menina tem a personalidade de uma pedra de concreto e se ela tem quatro pensamentos independentes nessas 200 e sei lá quantas páginas - é muito. Muito mesmo. E ela acaba envolvida num bucado de abobrinha as quais nem são culpa dela - e tem momentos da história que ela quer se revoltar e fugir (ameaça) mas isso nunca dura e 5 minutos depois ela está rastejando de novo aos pés dos protagonistas masculinos. Sempre. Ela saiu de uma coleira pra outra. E ainda diz que tá livre, essa doida.
Mas você me questiona "gabrielle, como você diz que ela saiu de uma coleira pra outra, sendo que ela saiu da casa de um pai abusivo e agora ela tá feliz com o noivo dela?" Primeiro, o noivo dela, esse cara tão legal e supimpa, com 30 anos nas costas, olhou para ela e decidiu que queria casar com ela, uma garota de 19, casou com ela a força, e ela fica presa num casamento até uns 30% do livro ela não quer, aí de uma página pra outra de repente ela se encontra perdidamente apaixonada e agora já quer segurar o casamento como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Não irei julgar o amor alheio não, mas dizer que a bixa se apaixonou por um cara daquele de um dia pra o outro é simplesmente surreal. Dia 1: irei morrer de fome porquê não aguento a existência desse cara. Dia 2: AMO TANTO ELE. Bem assim. Enemies to lovers é uma trope que obrigatoriamente precisa ser slow burn, e esse não é o caso aqui. Cadê a transição do enemies pro lovers? Cadê a facada, cadê o ódio, cadê?
E aí temos a questão de que, até pelo menos uma parte do livro, a Francesca reage e é muito legal de se ler ela putassa com todo mundo ao redor dela, porém quando essa parte passa, ela não reage mais. Filha bota um cropped reage se vinga faz alguma coisa pelo amor de deus eu estou de joelho no milho implorando pra você fazer alguma coisa pois eu NÃO AGUENTO MAIS essa chatice. E sim, eu estava orando pra deus enviar uma confusão ou qualquer desavença pra pelo menos eu terminar o livro (pra poder falar mal é claro!). Aí quando ela FINALMENTE bota um cropped e balança a bolsa pra dar a pancada em todo mundo, dura dois milésimos e depois ela já volta correndo, e pensa numa agonia que eu sentia, porquê o problema em si não é a falta de reação sozinha, é o fato de que esse livro pegou a continuidade e enfiou lá embaixo, por deus. Alguém fazia alguma merda com ela e ela ficava pistola das ideias, porém 10 minutos depois o próprio livro esquecia que a coisa tinha acontecido e agia como se tudo estivesse normal. É como se os conflitos que a autora joga em nosso colo a cada algumas páginas não afetassem em nada na história, e chegava uma hora que nem isso estava tão interessante. Tirando as cenas traumáticas que a Francesca tem de lidar várias e várias vezes, mas a narrativa convenientemente esquecia de todas elas nos próximos capítulos, como se a própria história não quisesse lidar com as consequências dos próprios acontecimentos, o que torna uma história medíocre. Digo, uma escrita que joga um acontecimento ou outro pra você ,mas não consegue trabalhar as consequências de tais acontecimentos e simplesmente os joga debaixo de um tapete? Ah para.
Agora sobre o Wolfe Keaton, o homem tem 30 anos nas costas (reforçando) mas age como um menino de no máximo uns 18, parece um adolescente. Como essa criatura conseguiu o trabalho de senador, a história me deve uma explicação, porquê pensa numa pessoa que não consegue passar 10 minutos de seriedade sem fazer você querer se enterrar de tanta vergonha alheia. Tirando que a vingança dele - o plot que devia ser a coisa mais interessante desse livro INTEIRO,é a coisa mais capenga que eu já li na minha vida inteira em meus gloriosos 17 anos de existência. Ele não realmente faz nada, ele não age, ele não derruba império nenhum ele não soca ninguém, homem pelo amor de deus reage se levanta vamos se vinga você está há 5 anos planejando a p0rra dessa vingança vai lá se vinga pelo amor de deus. Tirando que ele comete várias e várias burrices que o leitor falta querer bater a cabeça na parede de tão burro, e isso porquê o livro fica colocando ele como esse gênio sem igual até pensei que isso gente um filme? E aquele passado triste dele? Pelo amor de Deus, podia ser uma coisa interessante e que desse uma guinada na história, mas acaba mais se tornando uma coisa pra justificar do que pra construir o personagem dele - e geniosamente como a "lenda" que ele é, ele supera todos os traumas mais rápido do que o tempo que eu tomei pra fazer essa linda resenha e destilar o meu ódio.
Agora que já falei de nossos insuportáveis protagonistas, mais sobre a trama a seguir: o começo do livro é totalmente insuportável e foi uma luta de 3.000 contra 300 pra eu conseguir passar dos 14%. Terrível, uma narrativa que não conseguia se fixar ou estabelecer credibilidade, e eu sentia vontade de deitar e morrer de tédio. Porém quando eu estava perto de abandonar, a história ficou interessante de algum jeito, e eu continuei em minha jornada de ter que ler esse livro para que vocês não precisem e talvez ganhar 3 likes nessa minha resenha provavelmente esteja maior que o próprio livro. E porquê eu também não tenho nada melhor pra fazer da minha vida mesmo.
Aí a apresentação da Francesca, outro ponto que eu adoraria falar sobre aqui, ela nos é apresentada como essa garota recatada & do lar. Porém ainda no meio início, a autora faz AQUILO. Sim, aquilo mesmo, ela é diferente de todas as garotas. E continuam com essa palhaçada até o fim do livro, como se a gente estivesse em pleno 2014, o terror. (ou não, eu era feliz em 2014.) Mas enfim, toda vez que essa frase aparecia, eu sentia vontade de me enterrar ou abdicar dessa minha nobre missão de ler esse livro. Terrífico. Sinistro. O livro também conta com várias partes paradas que se você simplesmente pegasse e deletasse não fariam diferença nenhuma na história, além de ser uma tentativa de te matar por tédio e cansaço. Sim, uma leitura de 290 páginas foi o motivo da minha derrota doutor.
E não satisfeita com tudo isso, a autora resolveu nos servir não um, não dois, mas TRÊS plots de traição, o terror de todo leitor. Eu juro eu já não aguentava mais já estava pedindo arrego em um nível que quando esses plots aconteciam eu engolia eles como um sedento bebe água no deserto, eu precisava de qualquer coisa pra me fazer rir além das patadas/falas pique Riverdale que depois de um tempo tornaram a leitura uma coisa engraçada ou patética depende do nível de cabeça vazia que você vai ler o livro. E sim esse livro tem essas lacradas de quinto ano aos montes dava até pra fazer aquele jogo do shot, a cada lacradão você toma 1 copo. Lá pelos 30% você já está no chão.
Outro ponto que venho a comentar, é o enredo da caixa com as notinhas. Isso me fez querer arrancar os cabelos de minha cabeça, FIO A FIO. De verdade, a Francesca tem essas notas na caixa dela, e do nada a autora traz isso de volta quando a narrativa tá bem parada sabe? Só pra instigar uma confusão. No começo era legal (dei muitas risadas da cara de todo mundo imaginando tudo como uma cena de Riverdale), porém depois tornou a história cansativa e repetitiva, além de bem patética em partes né. Sinistro.
Ainda voltando para aquele ponto da falta de continuidade, essas confusões que a autora criava, apesar de interessantes e engraçadas e patéticas - não afetavam em quase nada na história, pois a história é a coisa mais inabalável do mundo nem se o Brasil fosse Hexa essa galera iria reagir. E eu sei que todo mundo reagiria ao Hexa. Enfim, acabava tornando uma parte que era positiva em algo negativo, e tenso de se ler. Tenso de ruim mesmo, porquê se você sabia que aquilo não ia afetar em NADA, então pra que por aquilo ali e fazer você passar por todo esse estresse com os personagens ein. Tirando que quando não se tinha confusões meia boca, você tem cenas clichês, e olha que eu AMO CLICHÊ VIVO POR UM CLICHÊ mas esse livro conseguiu estragar até isso deus que me livreee.
E ah, as sex scenes são medíocres.