Paulo: uma biografia

Paulo: uma biografia N. T. Wright




Resenhas -


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rafael.rocha 10/10/2020

Uau...
Não tenho palavras para descrever essa experiencia com esse livro, quanto conteúdo, quanta informação, que esclarecimento sobre a vida e a história de Paulo. Leia deixando um pouco de lado tudo que aprendeu e ouviu até agora.
comentários(0)comente



Gabriel Dayan 15/04/2019

Certa vez um amigo me disse que se N.T. Wright estivesse certo sobre as mais recentes descobertas arqueológicas, literárias e contextuais da vida de Paulo, estaríamos diante de um reformador da teologia protestante. Dentro daquilo que chamam de NPP ou Nova Perspectiva de Paulo, existem autores mais liberais, mas N.T. Wright sem dúvida é o mais ortodoxo deles.

Livros têm sido escritos contra a NPP, alguns com razão, por causa de liberais que dizem que Paulo estava equivocado sobre questões judaicas e políticas do seu tempo e outros sem razão, por bater em espantalhos. Wright consegue frustrar seus críticos nesse livro, pois ataca fortemente a visão cristã mais moderna de nuances individualistas e capitalistas do evangelho, rechaça o liberal socialista que quer desconstruir as narrativas Bíblia e também revela as bases gregas e medievais da fé reformada demonstrando que está mais para o escolasticismo do que a fé cristã primitiva.

A Biografia de Paulo é um livro que busca entender o que o apóstolo pensava, no que trabalhava, o que o motivava e o entristecia. Também encontrar a razão de tantas polêmicas, brigas, locais visitados, sofrimentos e decisões que soam estranhas para um leitor cristão moderno. Sua honestidade intelectual em reconhecer e diferenciar fatos comprovados das discussões que não passam de especulação é cativante.
São aproximadamente 470 páginas que trazem uma overdose de contextualização, seja romana, grega, judaica e que, se essa biografia for lida com a Bíblia ao lado, torna o texto bíblico mais real do que já é. Com um texto muito bem escrito, irônico, acadêmico mas sem cair em tecnicismos, deixa ativado o senso de curiosidade o tempo todo.

Sobre o impacto teológico desse livro, Wright demonstra que nossa forma de ler a Bíblia foi deslocada para o futuro, para o “post mortem”, para a escatologia, especialmente por causa da influência medieval. Essa gravidade que puxa nossa teologia para temas futuristas, faz perder a noção de Reino de Deus para o aqui e o agora que era o foco da pregação antiga. N.T. Wright diz que a visão mais exclusivista de salvação da alma retira o poder do evangelho e faz que os cristãos não vivam a obra da cruz por completo.

O livro começa explicando alguns conceitos judaicos necessários para entender Paulo. Começando pelo significado do Templo, que era considerado o local de ligação do céu com a terra. Se o homem é o templo do Espírito Santo, a “nova criatura” é o local de ligação do céu com a terra. Essa singularidade iria, pelos méritos de Cristo naquela Cruz, fazer da humanidade co-criadora de uma nova criação, um novo Reino que “já é e ainda não foi” que conservava a noção de santidade judaica, mas viveria no poder do Espírito para denunciar os erros morais, sociais e a decadência generalizada que existe na criação por causa do pecado original. A cruz religa o homem com Deus e ao ter Cristo em nós, o céu e a terra podem enfim, também ser religados. Cabe ressaltar que não falo de judaísmo messiânico nem questões judaizantes, mas de um cristianismo que emerge desse contexto.

A “Justificação pela fé” apesar de não negar a noção medieval e mais individualista de um tribunal romano, onde é “decretado” a justiça de Deus diante de alguém que se converte e reconhece pela fé que Jesus é o Senhor, Wright argumenta os reformadores que entendiam dessa forma, limitaram o conceito. A justificação então - que descende do judaísmo - estaria mais para uma adoção, uma aliança que faz a pessoa entrar na comunhão (koinonia) de uma nova família sem diferenças de gênero, raça, povo, condição financeira ou qualquer outra limitação, mas Cristo sendo tudo em toda a diversidade humana. A salvação inicialmente é soteriológica, perpassa a eclesiologia e finaliza na cosmologia. A conversão não seria uma mera alteração metafísica do homem, mas um chamado para participar integralmente dessa comunhão com Cristo e seu corpo.
Portanto, já que o grego “pistis” pode ser traduzido por fé e também por fidelidade no sentido de zêlo, a participação das boas obras de santificação e do desenvolvimento dessa nova criação nos faria justificados pela fidelidade de Cristo em nós. Isso permaneceria sendo monérgico quanto à fonte divina, mas que seria evidenciado por essa nova forma de viver.

O problema é que essas subcategorias teóricas complicam, pois a religião primitiva não era exatamente uma crença, mas um modo de vida. Isso relativizaria e retiraria o propósito das intermináveis discussões escolásticas da predestinação, escatologias de reinos milenares, etc.
É um livro que sem dúvida irá causar sérias reviravoltas nas sua forma de compreender Paulo e seus escritos. A minha sensação é que ou esse livro veio para mudar para sempre coisas que antes estavam despercebidas, ou ele é um tremendo fanfarrão. Porém fico na expectativa do meu amigo, que posso estar diante de um novo reformador da fé Cristã.

Elias Oliveira 01/11/2019minha estante
Excelente resenha!


Odirlei.Lima 19/05/2021minha estante
Ótima resenha. Parabéns. Estou lendo e gostando da leitura, pois me interessei por querer entender o homem por trás dos escritos da maioria do N.T.




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