Silvana 04/02/2019
Quando aconteceu o apocalipse zumbi, a primeira coisa que veio a mente das pessoas foi salvar a si e seus parentes. Em meio ao caos, conseguir não ser mordido já é um grande feito. Mas não se sabe o que é pior, encontrar um corpo ou não encontrar nada e ter que conviver com a incerteza de não saber se o ente querido está morto, se foi transformado e agora vaga pelo mundo atacando outros seres humanos ou se está vivo e lutando para encontrar algum lugar seguro para permanecer assim. Mas o tempo passou e agora a preocupação é outra: como voltar a viver em vez de apenas sobreviver.
Dylan e seu grupo estão tentando recomeçar no Complexo Oz, mas conforme o tempo vai passando as coisas vão ficando cada vez mais difíceis. Tudo o que eles plantam acaba morrendo, as cidades em volta já foram todas exploradas e já não tem mais nada a oferecer e cada dia chegam mais pessoas pedindo ajuda e eles mal tem o que comer. Sem falar nos zumbis que ficam em volta do Complexo tentando achar uma maneira de entrar. E a gota d'água para a crise se instalar é a chegada de um grupo com mais dezenove pessoas que estão tão mal que alguns nem conseguem mais andar sem ajuda. O grupo então se divide e enquanto uns apoiam Beatrice e a permanência no Complexo, outros liderados por Bright querem ir embora e tentar encontrar outro lugar.
"Íris fechou os olhos, perguntando-se quando aquele lugar seguro se tornara uma prisão tão sufocante, e os abriu para a escuridão sem saber a resposta."
E o estopim é quando Sherwood conta que conseguiu contato pelo rádio de um lugar chamado de Colônia, onde as coisas estão dando certo. Eles se reúnem e decidem que assim que Dylan e os outros que saíram para mais uma busca de recursos voltarem, eles vão partir a procura da Colônia. Mas ninguém imaginava que o grupo que segue Bright fosse partir no meio da noite, deixando a energia, que é a única coisa que impede os zumbis de entrarem no Complexo, desligada. Então o caos toma conta do lugar e os poucos sobreviventes, entre eles Beatrice, decidem ir atrás do grupo de Bright, que está com Íris de refém. E assim teremos três grupos tentando sobreviver fora de Oz, já que Dylan e seus amigos ainda estavam fora. E no momento os zumbis são a menor de suas preocupações.
"— Estamos fugindo da morte e a morte está nos acompanhando."
Acho que a maioria de vocês já sabem o quanto eu sou fã da Denise. Ainda não li nada dela que me decepcionasse, e olha que já li 5 livros e 1 conto dela e de vários gêneros diferentes e todos eles me surpreenderam de alguma forma positiva. E com esse não poderia ser diferente. Em abril de 2017 eu li As Coisas Que Perdemos, primeira parte dessa duologia e agora no começo do ano a Denise lançou a continuação e assim que foi liberado na Amazon, eu corri e baixei o meu e já comecei a ler. Antes de começar a ler eu achei que fosse demorar para me situar na história, porque faz bastante tempo que li o primeiro livro, mas assim que comecei a ler, a exemplo do que aconteceu no primeiro livro, já me vi dentro da história e acompanhando os personagens que tanto me apeguei.
Me apeguei de besta que eu sou, porque assim como aconteceu no primeiro livro, era só dar uma piscada que um dos personagens estava morto. Mas como disse lá na resenha do primeiro livro, é uma história de zumbis, então fica dificil permanecer vivo por muito tempo. Mas a Denise foi muita má e matou dois dos meus personagens favoritos da história. E falando em sobrevivência, eu disse na resenha do primeiro livro que acho que não durava muito em um apocalipse zumbi, por isso não cheguei a pensar em como seria o depois. Geralmente só pensamos na parte sobre permanecer vivos, mas é só isso?, sobreviver e nunca mais voltar a viver como vivemos hoje em dia?
"Íris havia dito que os vivos estavam ganhando, e era a mais pura verdade. Estavam ganhando por todo o caos que conseguiam espalhar mesmo quando o mundo confrontava a sua pior realidade. Estavam ganhando pelo terror que instauravam com tanta facilidade."
Ter que recomeçar e construir as coisas tudo de novo, aprender coisas que hoje em dia é tão fácil e prático devido a tecnologia. As vezes acaba a força aqui em casa por algumas horas ou minutos até, e fica sem internet e tv por exemplo e parece que a gente não sabe fazer mais nada sem isso. Agora imagine ter que viver assim, não ter além das coisas citadas, medicamentos e o mais necessário, água e comida. Agora pegue um monte de gente e coloque todas em um lugar fechado sem ter essas coisas que falei? Já viu onde isso vai dar não é?
"Íris sorriu com amargura; los muertos deixaram de ser o problema havia muito tempo, os vivos é que enchiam o saco."
Hoje em dia já é dificil ser um líder, mas imagine ser um líder em meio a essas condições. Ter que tomar decisões pensando no todo e não somente em si e na sua família. E enquanto lemos é tão fácil julgar alguns personagens, mas será que faríamos diferente estando no lugar deles? E se fizéssemos, será que não colocaríamos tudo a perder. E depois como ficaria o peso da culpa. Por isso que admiro personagens como Íris, Beatrice e Dylan, mulheres fortes que tomaram as rédeas da situação e erraram sim, perderam muito também, mas deram a cara a tapa pensando em fazer o melhor para todos.
A Denise criou personagens que marcaram e, num mundo onde o destaque é a morte, essas mulheres especiais mostraram que a vida ainda vale a pena, que a humanidade ainda é digna de esperança, mesmo quando não conseguimos ver isso. E a história acontece num futuro próximo ou distante não sei dizer, mas tirando os zumbis, poderia ser aqui mesmo no nosso tempo, com tantas tragédias que vemos a cada dia nos noticiários. Por fim, é claro que indico esse livro e seu antecessor. As capas estão tão lindas e refletem bem o clima da história. Para quem gosta de livros do gênero, com certeza vai amar a duologia Fronteiras Artificiais.
"... algumas coisas ficavam para trás. Outras coisas entravam em seu caminho. Era assim que funcionava o fim do mundo."
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