Os meninos de Nápoles

Os meninos de Nápoles Roberto Saviano




Resenhas - Os Meninos de Nápoles


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Drigo.Cardoso 15/12/2021

10 anos pra virar criança, 1 segundo pra te dar um tiro
Os Meninos de Nápoles é apenas meu segundo livro de Roberto Saviano, o primeiro romance... Naquela jornada que a maioria deve começar pelo mesmo ponto, quando estamos falando de sua bibliografia este ponto tem nome: Gomorra. E mesmo um sendo ficção e o outro não, há muito em comum: Nápoles é o cenário, a violência o fio condutor e a forma de escrita de Roberto Saviano: recheada de figuras de linguagem que se sobrepõem muitas vezes com a intenção de dar ênfase, mas que no fim, apenas atravanca (embora seja justamente no romance onde Saviano faz muito menos disso).

Os Meninos de Nápoles, traz aquilo que Saviano domina muito bem: a Camorra, o Sistema. Embora aqui o objeto seja a Paranza – um bando de moleques de diferentes idades que sonham em fazer parte do Sistema. – No entanto, isto não basta, quando Saviano deixa o papel de jornalista observador para ser o deus-criador de um universo literário.

O livro parece não saber – ou querer – se decidir sobre o que será o seu foco: as personagens ou o seu universo? Para quem já leu Gomorra e, sobretudo, já viu a série de TV baseada no livro, este lado violento de Nápoles não é novidade, mas para quem não é italiano, e desconhece as demais obras do autor, pode achar o cenário pouco convincente, tomado de uma violência exagerada, sem qualquer contextualização. Já as personagens, estão ali, são o que são não há muito desenvolvimento, não há justificava para as motivações.

Apesar disso e de algumas decisões do autor que eu considero quase furo de roteiro (não tinha como enviar uma mensagem de celular?!), Os Meninos de Nápoles é um bom livro. Uma leitura rápida e fácil. Fiquei curioso para saber como o dialeto napolitano ficou no texto original e como se deu a tomada de decisões para a tradução em português.
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hugo.resi 19/03/2021

??? Os Meninos de Nápoles
De maneira visceral, o jornalista e escritor Roberto Saviano constrói este romance impactante sobre uma mazela contemporânea: o ingresso de jovens no mundo do tráfico e do crime. O tema, embora seja recorrente em vários países e produções, recebe novos contornos com a prosa direta de Saviano que revela um lado desconhecido e lamentável de Nápoles.

Saviano tornou-se especialista no tema após infiltrar-se na Máfia Napoliana e revelar seus meandros no livro-reportagem ?Gomorra? (adaptado posteriormente para uma série de grande sucesso). Em Gomorra, o foco está nos esquemas e nas disputas criadas pelas grandes famílias napolitanas que ditam as regras nas vendas de drogas.

Em ?Os Meninos de Nápoles?, o autor concentra seu relato justamente no universo criminoso juvenil, marcado pela busca sem limites ao poder e à ostentação. Para trazer autenticidade e imersão, o autor lança mão alguns recursos como a transcrição literal da linguagem usada pelo grupo e a descrição crua das cenas. É importante ressaltar que a presença desses elementos pode desagradar alguma parcela de leitores.

As poucas mais de 400 páginas não foram suficientes para Saviano concluir totalmente sua narrativa. ?Conquistando a Cidade? é o primeiro volume da série dos ?Meninos de Nápoles?, ponto que vale ser ressaltado para que os leitores não sejam surpreendidos com o ?final aberto? da trama.

Ao final dessa leitura densa, sem dúvidas é possível afirmar que o livro ?Os Meninos de Nápoles? evoca uma grande reflexão sobre o alastramento desse comportamento criminoso ao mesmo tempo que busca questionar a sociedade, em seus mais diversos segmentos, sobre qual é a melhor maneira de reverter esse triste cenário.

Resenha: por Hugo Resi

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Serviço
La Paranza Dei Bambini; 2016; 405 páginas; ISBN 978-85-359-3199-0 Companhia das Letras.
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Joshua Amaral 25/02/2021

Esperava mais
Depois de ler Gomorra e Zero Zero Zero, estava empolgado para ler Os meninos de Nápoles, mas foi uma leitura arrastada, sem empolgação. Não curti!
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Lílian 13/10/2020

Variando a leitura
Para quem se interessa pelo universo da máfia italiana, o livro traz um pequeno recorte da Camorra, de como essa estrutura funciona atualmente. Narra como um grupo de garotos pré adolescentes e adolescentes buscam construir seu próprio império do crime ora usando, ora driblando o Sistema dos imperadores da máfia.
Me interessei pela história desde que vi o livro na prateleira da Cultura. Entretanto, a princípio, foi difícil me manter na leitura. Não consegui me adaptar ao estilo do autor e à escolha do tradutor de tentar adaptar ao português o "dialeto napolitano". Ficou meio estranho, sem parâmetro na nossa língua. Mas queria muito saber o que aconteceria com a paranza do Marajá e a história vai envolvendo até que o linguajar, que é, de fato, um traço dos personagens e da cultura local, foi incorporado pela leitora, no caso, eu mesma e fui que fui.
Eu gosto de variar minhas experiências literárias, de transitar por outras linguagens, desde a representação da realidade, como é o caso de Os Meninos de Nápoles, à fantasia mais pura e mirabolante. Recomendo para sair da mesmice.
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jules salazar 24/05/2020

Encontrei certa dificuldade em me adaptar ao grande número de personagens não desenvolvidos. O problema não é necessariamente a quantidade, mas a sensação de que eles estão ali somente para servir à narrativa do momento, ao invés de fazer parte de um todo e moldá-lo. São peças a serem utilizadas quando úteis, mas com um desenvolvimento raso, o que me fez perguntar algumas vezes, na reta final do livro, "quem é esse mesmo protagonizando esse momento super importante?".
Particularmente, também achei desagradáveis os episódios de racismo e xenofobia. Apesar de saber que a linguagem crua e violenta faz parte da construção da narrativa, às vezes só o impacto não serve para convencer.
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Vinicius Lima 26/04/2020

Decepção!
Após essa leitura, cheguei a uma conclusão: se eu tenho grandes expectativa com um livro, é muito grande a chance de eu detestá-lo. Foi o que aconteceu aqui. Comecei gostando da história, depois fui desanimando, até que chegou a hora que eu já não estava suportando ler mais. Em muitos momentos eu já não lembrava mais o nome dos personagens, o enredo já não me interessava e muitas vezes cheguei a duvidar se muitas coisas que aconteciam na história seriam realmente possíveis de serem realizadas na vida real (como, por exemplo, vários meninos/crianças/adolescentes irresponsáveis e inexperientes formarem uma gangue capaz de passar com facilidade por cima do controle de chefões do crime que há anos estão no ramo). Fora que o dialeto utilizado pelo autor, apesar de intencional, me incomodou demais. Enfim, pode ser que eu não esteja na vibe e que em outra oportunidade a leitura funcionaria pra mim. Atualmente não funcionou!
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Rafael.Montoito 13/04/2020

Tiros juvenis em Nápoles
Reconhecido escritor e jornalista italiano com a cabeça a prêmio por suas publicações atinentes à máfia, Roberto Saviano traz, agora, uma narrativa contemporânea impregnada dos hormônios e insensatezes da juventude.
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Em "Os meninos de Nápoles",
o autor conta, moldada pela realidade, a história da ascensão das gangues juvenis de Nápoles: são garotos que dividem o tempo entre jogar xbox e traficar drogas, andar pela cidade acelerando as motos e com armas em punho. As "paranzas", como são chamadas, tentam se expandir pelo território napolitano, brigam entre si e precisam estar atentas com os - ou servir aos - grupos mafiosos mais antigos que controlam partes da cidade.
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O personagem principal é Nicolas Fiorillo, que se alia aos grandes para ter mais poder para chefiar os pequenos do seu grupo. Ele é conhecido como "Marajá", nome da boate que frequenta. A história acompanha seu percurso crescente no mundo do crime, e como sua namorada e familiares ficam em meio a tudo isso.
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Com jovens seduzidos pelo poder e pelo dinheiro, "Os meninos de Nápoles" é uma espécie de "Vidas sem rumo" moderno mas, em alguns pontos, Saviano parece pecar na narrativa e deixar o ritmo cair. Não obstante isso, o final é impactante e tem força cinematográfica, o que pode ter contribuído para que o livro chegasse rapidamente às telas italianas.
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É uma trilogia ainda sem as demais partes escritas, mas pode este volume ser lido independentemente, pois o final dele pode ser tomado como um final adequado à história.
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Lucy 02/04/2020

Bom, mas...
O livro é bem real.
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Camila Faria 02/02/2020

Numa Nápoles dominada pela máfia, surge um novo tipo de gangue: as paranzas, grupos de adolescentes que circulam pela cidade aterrorizando seus moradores e controlando o território para seus chefes, os verdadeiros mafiosos. Nicolas Fiorillo é o jovem e ambicioso líder de uma dessas paranzas e está determinado a imprimir o seu nome na história barra-pesada da região. Sua gangue é formada por meninos que dividem seu tempo e interesse entre video games, Facebook e armamentos pesados. Essa infantilidade sem inocência rendeu comparações com Cidade de Deus, outra obra de ficção inspirada em experiências reais de violência precoce. Escrito pelo premiadíssimo Roberto Saviano, jurado de morte pela máfia italiana depois da publicação de Gomorra, o livro tem um clima de roteiro cinematográfico: é ágil, com personagens (e situações/cenas) marcantes, diálogos coloquiais, carregados de gírias. E, de fato, o livro foi adaptado para o cinema no ano passado, num filme de mesmo nome dirigido por Claudio Giovannesi ~ uma adaptação bem mais amena (e definitivamente menos dura) que o livro. Na minha opinião o problema do livro é justamente esse: parece que ele não foi pensado como obra literária em si e sim como uma ponte para uma futura adaptação. O resultado é que os dois acabam deixando um pouquinho a desejar.

site: http://naomemandeflores.com/os-quatro-ultimos-livros-26/
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Toni 26/08/2019

Talvez seja justamente num livro que nos desagrada que o exercício da leitura se torne mais necessário. É fácil analisar uma obra que conquista o leitor na primeira linha, e mais fácil ainda descartar e reduzir um romance com aquele definitivo "Não gostei", envolto no manto protetor chamado "Minha opinião". Quando, no entanto, a leitura precisa acontecer apesar do tema que não desperta interesse, das personagens que não conquistam, da linguagem que não seduz, do enredo que parece reprise, neste momento, mais do que nunca, o exercício da leitura pode salvar os dias: do leitor, que aprende mesmo sem gostar, e do livro, que receberá uma crítica com argumentos, mais justa em tempos de convicções sem provas.
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Os meninos de Nápoles nos fala do tráfico e da máfia italiana. Focado num grupo de adolescentes que deseja, a qualquer custo, seguir os passos e se tornarem eles mesmos grandes chefões do submundo das drogas, o romance parece escrito por uma violência cega, sem filtros, que, muito engenhosamente, não se manifesta numa linguagem bruta ou cheia de palavrões, mas num imaginário simbólico construído sem fôlego para o amor e a solidariedade: tudo cheira a poder, medo e selvageria.
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Como thriller, o romance de Saviano pode agradar pela velocidade da trama e pela bem dosada alternância entre momentos de calmaria e ação/tensão — pronto para ser adaptado pela Netflix. Peca, aqui e acolá, pelo didatismo com que o autor insiste em explicar o que as personagens estão pensando ou sentindo apesar de já ter descrito esses mesmos sentimentos através de suas ações. É como se Saviano não conseguisse soltar a mão do leitor e fazer aquilo que a literatura faz de melhor, deixar voar.
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Ademais, as personagens não têm profundidade ou desenvolvimento, de maneira que servem muito mais à trama que o contrário. Via de regra, esse não seria um problema, caso o autor assumisse o romance como narrativa toponímica, que fala muito mais do lugar (e de sua violência intrínseca) que das pessoas que o habitam. O livro, no entanto, não se decide, e permanece colado a suas personagens transparentes, dividindo-se entre a visão restritiva dos meninos (e do leitor) e o impulso panorâmico de uma cidade tomada pela barbárie. .
Há, ainda, uma certa manipulação rasteira das motivações de algumas personagens que surgem e desaparecem quando convém ao escritor (por ex. a aparição da irmã que muda de opinião em duas páginas sobre fazer sexo oral em todos os meninos da paranza é repulsiva; ou ainda, no último capítulo, quando uma mãe completamente ignorada pela trama surge para motivar o próximo livro da série — sim, haverá continuação).
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Vale reiterar que "não gostei" em planisfério algum equivale a "o livro é ruim", especialmente se lido como o que, acredito, deve ter sido a intenção do autor: um thriller sobre a violência estrutural napolitana. Enquanto romance denúncia (como os modelos Cidade de Deus e Assim na terra como embaixo da terra), todavia, ele cai muito cedo na ideiarmadilha de que o retrato cru da violência basta para condená-la.
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Raquel 19/08/2019

A Companhia das Letras lançou o novo romance de Roberto Saviano, Os Meninos de Nápoles, e nos cedeu um exemplar para fazer a resenha. Foi o primeiro livro que li dele e me despertou curiosidade por vários motivos.

Como foi o primeiro livro que li dele, não sabia muito bem o que esperar. Isso foi algo muito positivo, pois tinha altas chances de me surpreender. Pela sinopse, dá para perceber que o livro não é nem um pouco leve, bem diferente do que eu costumo ler. Uma curiosidade, que dá ainda mais ênfase no fato do livro não se nem um pouco leve, é que o autor é protegido e só anda com escolta. Sim, isso mesmo que você leu. Em outros dos seus romances ele retratou a Itália nua e crua, de acordo com ele, o que inclui as máfias. Não é surpresa que a máfia não gostou muito da exposição e jurou ele de morte. Apesar disso, ele continua escrevendo e dividindo com o mundo sobre o lado não tão bom assim da Itália.

Logo no início do livro, temos uma cena de humilhação em praça pública de um menino pela gangue de Nicolas. Não vou descrever, foi nojento demais pra mim. Essa humilhação toda que o pobre garoto passa é simplesmente porque ele curtiu umas fotos da namoradinha de Nicolas. Já fiquei imaginando que se ele faz isso por algumas curtidas, imagina o que não faz se o pobre Renatinho falasse com a menina.


Outra coisa que diferencia o livro de tudo que eu já li é a escrita. O autor fez algo bem legal que foi retratar o sotaque no livro, já que a região de Nápoles tem um jeito bem peculiar de falar. No início eu estranhei bastante, já que não é algo comum de se ver e muitas vezes os editores acabam tirando essa peculiaridade. Isso não aconteceu nesse livro e agradeço, apesar da estranheza, acostumei com o passar das páginas e me fez me sentir mais dentro da história.

Como disse antes, é um livro bem pesado e foi difícil pra mim ler, já que não estou acostumada. O livro mais pesado que li foi a trilogia de Jogos Vorazes, para vocês terem uma ideia. Apesar de tudo, fiquei bem curiosa para saber o final, então foi um eterno dilema entre largar ou não. Acabei escolhendo a segunda opção e não me arrependi.


É ainda mais impactante ler, pois a história é sobre adolescentes. Não aqueles comuns, tendo suas vidas em redes sociais, amores e preocupações da escola e futuro. São adolescentes ostentando armas, tendo atitudes violentas, machistas e o pior de tudo, saber que na verdade não é totalmente ficção. O autor deixa bem claro que aquilo é uma realidade.

Confesso que não ser dizer se leria outro livro dele, já achei esse bem pesado. Mas fiquei curiosa e por eu não ter abandonado o livro, já dá para ver que a leitura, apesar de densa, é recompensadora.

site: http://www.queriaestarlendo.com.br/2019/04/resenha-os-meninos-de-napoles.html
Drigo.Cardoso 13/10/2021minha estante
Raquel, talvez tu já saiba disso e já até tenha lido os outros livros do Saviano neste ponto das coisas, mas só pra deixar registrado aqui: muito dos livros do autor não são romances, mas livros de não-ficção, trabalhos de jornalismo e documentativos. E é devido a um desse livros, o primeiro dele, o Gomorra que hoje ele tem escolta policial.




douglaseralldo 02/04/2019

10 CONSIDERAÇÕES SOBRE MENINOS DE NÁPOLES, DE ROBERTO SAVIANO OU SOBRE CONQUISTAR A CIDADE
1 - Numa cidade dominada por crime, corrupção e, basicamente controlada pela violência, Os Meninos de Nápoles traz um retrato contemporâneo de uma chaga persistente e aparentemente sem perspectivas de melhoras: diga-se, a lógica da barbárie que ainda enfrenta com grande força quaisquer sonhos de avanço civilizatório humano. Não deixa de ser um retrato desencantado de um mundo em que mesmo a tecnologia não nos melhora, mas acaba sendo também cooptada pelo barbarismo, pelo ódio e, mais tristemente, no abandono de qualquer escolha pela civilidade;

2 - Para compreendermos a desistência da humanização e pela civilidade da sociedade, este acompanhar da trajetória de seu protagonista, Nicolas, O'Marajá, é bastante didático. Garoto das ruas de Nápoles carrega em si o desejo de tornar-se alguém poderoso, líder de alguma paranza (equivalente a gangue, bonde, etc.). Sua concepção de poder está alicerçada em algo que deveríamos ter superado há algum tempo, mas que nossa política pelo mundo mostra que ainda vivemos na Idade Média. Para O'Marajá o que vale são as leis e os "ensinamentos" de Maquiavel, e qualquer tentativa de existência civilizada provoca-lhe monstruosa ojeriza, exemplificada na relação do garoto com o pai, um professor que procura viver dentro das normas sociais. O pai significa ao garoto tudo aquilo que em sua cabeça deve ser rechaçado, fraqueza, servidão, escravidão como os meninos da paranza geralmente dizem dos trabalhadores, das pessoas que escolhem ficar à margem da selva;

3 - Tendo na concepção equivocada de sociedade dos Meninos de Nápoles, a esta altura - no caminhar do romance desde suas primeiras páginas - impossível não traçar paralelos com o clássico nacional de Paulo Lins, Cidade de Deus, em que trata da violência nas comunidades cariocas e o nascimento de diferentes gangues criminosas. Em ambos os romances seus personagens principais abdicaram da sociedade como um projeto de civilização futura, e, embora com as características peculiares de cada obra, em ambas há a divisão mais ou menos clara da sociedade entre os fortes que disputam o poder, divididos em dois grupos antagônicos política/polícia e o crime, e no meio disso aqueles a receber todo o desdém de ambos os lados, os escravos, as marionetes do sistema, os bobos, etc. Enquanto nestas duas pontas extremas permanece o barbarismo da lei do mais forte, no meio do conflito uma sociedade oprimida de todas as partes, que caminha em silêncio enquanto o poder produz seus cadáveres;

+: http://www.listasliterarias.com/2019/04/10-consideracoes-sobre-meninos-de.html

site: http://www.listasliterarias.com/2019/04/10-consideracoes-sobre-meninos-de.html
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@retratodaleitora 11/03/2019

impetuoso
Resenha || Os Meninos de Nápoles, de Roberto Saviano | @companhiadasletras

"Os Meninos de Nápoles" é o mais novo lançamento do escritor e jornalista italiano Roberto Saviano, e o primeiro romance do autor que leio. Confesso que, além da premissa do livro, quis realizar a leitura também pela história do próprio autor, que ao publicar Gomorra foi jurado de morte pela máfia italiana que retratou no livro. Como disse o autor em entrevista: "A Itália é um país cruel. Não permite que se retrate sua realidade”. Vivendo sob a proteção da polícia italiana, Saviano continua escrevendo e fazendo retratos verdadeiramente crués da Itália mafiosa.

"Olhem dentro de vocês. Olhem profundamente, mas, se não sentirem vergonha, não estarão olhando de verdade."

Ao começar essa leitura me deparei com um estilo de escrita que me causou certa estranheza, uma vez que o autor optou por escrever os diálogos como são na realidade entre os adolescentes de Nápoles dos tempos atuais. Aqui o autor nos apresenta a gangues formadas por jovens, alguns ainda na infância, denominadas "paranzas". Esses jovens, iniciantes na prática mas já bem informados sobre o mundo do crime, dividem o tempo entre as redes sociais e as ruas, com suas motonetas e armas a postos, preparados para tudo e dispostos a ir além para atingir seus objetivos. Eles, com pouca idade e tamanho, querem ser os maiores.

Esse é um livro bem violento, que me impactou e, ao mesmo tempo em que queria abandonar a leitura, tinha curiosidade sobre o que mais aconteceria ali. É uma trama longa, que acompanha um grupo de garotos ostentando armas e forçando atitudes violentas, machistas, impetuosas. É inacreditável que Saviano esteja retratando uma realidade, algo que está acontecendo agora nas ruas de Nápoles, mas é exatamente isso.


"Em Nápoles não existem fases de crescimento: já se nasce na realidade, dentro dela, você não descobre aos poucos."


Não foi uma leitura fácil, mas, como eu disse, despertou minha curiosidade. Agora quero conhecer os outros livros do autor e os motivos que o levaram a precisar de escolta policial 24hrs por dia para proteger sua integridade física.

site: http://instagram.com/umaleitoravorazblog
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