Tudo no Mínimo

Tudo no Mínimo Luís Pimentel...




Resenhas - Tudo no Mínimo


2 encontrados | exibindo 1 a 2


Krishnamurti 08/02/2019

UM DOS MINICONTOS (que por sinal é o meu)
Sonata de Simone

Krishnamurti Góes dos Anjos

“Os sonhos mais lindos sonhei, de quimeras mil um castelo ergui”... Fera ferida... “bem que se quis, depois de tudo ainda ser feliz”... No bar, tablado de mesas e cadeiras. Uma cerveja. Solidão incrustada faz-lhe companhia a cada segundo. Alguém chumbadamente acompanhada, o observa numa deselegância discreta de olhar. Dois copos solidários na mesa de lá. Na outra copo suado solitário. Olhares tangenciando-se novamente. Ninguém atende, ninguém chama, deixá-la em paz é o melhor. Esquece, voltando a olhar só mais uma vez... mas tá com um cara caraio! Imagina e desatina descrente da correspondente. Uma aventureira. Intenções vandálicas aventadas. Também não sabe se é. Geraldo Azevedo na caixa de som insiste que o olhar brilha qual estrela matutina... Isto parece o quê meu Deus? Esta mulher tá a fim de me sacanear é? Ou a gente quer se encontrar? Se ao menos pudesse ouvir o coração... O coração – na letra da música -, é triste como um camelo, frágil que nem brinquedo. Olhares insistem no triângulo amoroso etílico. 3 copos depois, entremeados de olhares, oceanicamente e calculadamente, ela levanta-se e vai até ele. Um amofinamento, desejo de correr, não parar, não pensar. Colado na cadeira. Você tem uma caneta? Lápis. Serve. Anota algo em um guardanapo. Como se chama? Simone. Escritor? Desesperadamente eu sei... transo teatro. Pára de escrever. O olhar dela estuda-o, ele devora-a. A música aliciando... “você me tem fácil de mais”... trocam palavras e ela vai tecendo outra música. Ele tentando uma Letra. Pernas lindas. Um pedaço de qualquer lugar, cheiro feminino, cheiro de mulher. Se você vier comigo... já vai? Cedo! Fugaz. Já não posso estou com um amigo. Te prometo a lua, se for lua cheia. E se for minguante? À míngua? Sim. Será sua. Mesmo? Verdade. Me ligue. Tchau. Um beijo com cheiro de botão de laranjeira excita o desejo do encontro da sede com a laranja. Se esvai deixando-o emprenhado de promessas de olhar e o guardanapo com os números do telefone.
Mais tarde, a frieza da voz metálica computadorizada da companhia telefônica informa laconicamente. Número inexistente. Número i-ne-xis-tem-te... e...não...tem...ma...is..na...da...negro...amor.
comentários(0)comente



Stefânea 12/01/2019

PERFEITO!
O miniconto, para quem não sabe, é uma narrativa curta, curtíssima. "A concisão extrema da narrativa a aproxima da qualidade da poesia": um texto curto em palavras, mas longo em sentido. Segundo o jornalista Luís Pimentel, o miniconto "dá lições básicas de economia ao autor, quando ensina a dispensar o supérfluo e a colocar na mesa apenas o que é de primeira necessidade."
A antologia do Miniconto na Bahia faz jus ao seu título "Tudo no Mínimo". TUDO. É exatamente isso que o livro entrega. Narrativas de amor, sofrimento, cansaço, alegria, morte, suicídio, casamento, futebol, assédio, deus, sonhos, relacionamento abusivo e muito mais. E é exatamente essa variedade de temas que torna a leitura tão fácil e suave. Quando menos se espera o final já chegou, deixando aquele gostinho de quero mais. 58 autores deixaram nessa obra suas vivências, a diversidade de imagens que os muitos minicontos nos proporcionam é fenomenal. Ao fim do livro, a vontade que fica é de ir à praia, conhecer o sertão, sentir o gostinho do agreste. Assim como o ódio por alguns personagens e vontade de salvar outros. Uma obra completa, sem tirar nem pôr
comentários(0)comente



2 encontrados | exibindo 1 a 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR