Konshal 01/04/2021
Quatro Amigos é uma história que conta o período de 15 dias que Cláudio, Raul, Blasín e Só (o narrador), amigos de longa data, tiram de férias para abandonar Madri e seguirem rumo às cidades litorâneas da Espanha. Abandono é a definição certa para essa viagem porque todos eles estão se afastando de algo, especialmente Raul e Só.
Quatro personagens que definem muito bem a cultura hétero top: conversas de uma infantilidade incrível, palavrões, termos chulos e… mulher. Ou seria sexo?
Recheando as futilidades mil da história estão os dilemas pessoais de Só, até mesmo por ser ele quem narra: suas férias marcam também o início da sua fase de desempregado, após pedir demissão do jornal em que, não só ele, mas os seus pais trabalhavam. Uma decisão que tem muito a ver com a relação complicada que ele tem com ambos. Críticos (de literatura e de arte), a educação proporcionada por eles sempre foi… exigente.
A questão que mais preocupa Só, no entanto, é outra: sua ex-namorada, Bárbara. Ou melhor: o casamento dela. Eles estão separados, mas ele tem guardado de cór a duração do namoro deles: dezenove meses e vinte e três dias. Algo que ele sempre repete como mantra quando pensa nela, tamanha a sua dificuldade em superar esse relacionamento.
Se os protagonistas não são lá tão interessantes assim, a metade final reserva duas pequenas surpresas em termos narrativos (para sermos otimistas): a visão de mundo Estrella, uma solteirona de meia-idade e a DR tardia que ocorre entre Só e a recém-casada Bárbara. Um raro lampejo de sobriedade do protagonista-narrador na trama onde a imaturidade reina. Parece que homens (ainda mais héteros) não crescem nunca.