spoiler visualizarToca do Coelho 03/12/2020
Amores sáficos e alguma heterossexualidade compulsória
Você caiu na toca do coelho, é muito bem-vinde a se sentar, não comer ou beber nada e ouvir um pouco sobre o segundo volume de Rosa de Versalhes.
Continuando a história de Lady Oscar e Maria Antonieta, agora com o acréscimo do romance da rainha com o sueco Hans Axel Vans Fersen. Embora o encontro entre eles tenham ocorrido no primeiro volume, é no segundo que o romance aflora, decisão que marca a vida de Antonieta durante a narrativa.
Esse é o volume que exibe bem as despreocupações da monarca para com o povo, deixando de ser a bela rainha amada, Antonieta é culpada pelas pessoas por todos os impostos exorbitantes que vem atingindo a população.
Ikeda nos mostra como o vício da rainha em jogos, seus favoritismos e por vezes, seu egoísmo, ajudaram a prejudicar a imagem de Antonieta diante não apenas da população, mas também da nobreza e burguesia. Diria que é um volume centrado muito na rainha, Ikeda arquiteta ao redor da figura da personagem todos os pormenores que favoreceram o declínio da rainha francesa.
O arco final é marcado pelo icônico episódio do colar arquitetado por Jeanne de Valois, responsável pela queda da imagem de Antonieta perante a população. Jeanne de Valois bateu o martelo no caixão de Maria Antonieta, escrevendo memórias falsas alegando uma relação homoerótica entre a rainha e suas damas de companhia, incluindo a própria Jeanne, Lady Oscar - que não tem tantos arcos próprios - também foi incluindo nas calúnias de Jeanne.
O volume traz meu momento favorito, a relação amorosa entre Rosalie e Lady Oscar, com direito ao beijo sáfico mais icônico dentre todos que já vi. Apenas reforçando minha teoria de que Rosalie é lésbica.
O que não compreendi muito bem foi a escolha da mangaká em fazer Lady Oscar se apaixonar por Hans Fersen. Não tem um motivo para essa paixão existir e fiquei tão surpresa com Oscar afirmando amá-lo que precisei voltar na leitura e ver se havia deixado passar algo, pois as emoções de Oscar eram tão voltadas a rainha e a Rosalie que não fazia sentido.
Culpo diretamente a heterossexualidade compulsória que exige o romance entre uma pessoa alinhada ao feminino e uma alinhada ao masculino por esse momento no mangá, que, destoa totalmente do todo que estava sendo produzido ao longo da obra, mas é claro que não posso responsabilziar Ikeda totalmente, basta lembrar que a autora ainda precisava agradar executivos da revista em que publicava o mangá e tinham preconceito com shojos, imagine um shojo tão sáfico quanto este.
Rosa de Versalhes volume 2 não deve em nada em volume 1. Contando sobre ações e reações, arcar com as consequências de seus atos, sejam personagens que amamos ou odiamos.