Joyce 09/04/2019
Deixe-me Voar
Temos na nossa história de hoje dois personagens principais fortes: Amy e Leon.
Vou falar de cada um deles individualmente.
Amy nasceu e cresceu no mundo circence, a função destinada a ela e sua amiga era o trapézio, onde ambas se dedicavam de corpo e alma em cada espetáculo.
Treinavam juntas e as apresentações da dupla mais pareciam duas pessoas em uma só alma de tão interligadas que eram.
Amy, era do tipo de garota que daria a vida se possível fosse em prol do circo, pois ele era a sua vida, amava todos os seus companheiros e cada subida no trapézio era como se fosse a primeira vez com aquele friozinho na barriga.
Mas as coisas não andavam muito bem devido a guerra que se iniciava naquela região, onde as pessoas tinham que economizar seu dinheiro e consequentemente isso diminuía o número de pessoas na platéia.
Mas isso tudo não desanimava Amy, pois o que ela queria mesmo era levar um pouco de alegria para aquelas pessoas na situação de medo e pavor em que se encontravam , principalmente as crianças.
Bom, já dá para ver o quão sensacional é a nossa personagem.
Leon, um garoto que tinha um sonho de ingressar na guerra e servir a sua Pátria.
Mentiu para conseguir o alistamento voluntário e teve que sair de casa fugido, pois sua família não aceitava sua decisão.
Só que ao chegar na trincheira, o lugar onde os soldados ficavam, Leon pode constatar que a guerra não era aquilo que ele imaginava , atos e cenas desumanas logo fizeram o soldado se arrepender amargamente. Mas era tarde demais, o erro já estava feito e ele teve que ser forte para suportar toda aquela situação.
Até que um dia diante de um bombardeio ele foi atingido . Acordou num hospital e logo percebeu que estava cego de um olho. Torceu para não voltar mais para aquele lugar infernal, mas não teve jeito, os soldados só estavam esperando a sua recuperação para levá-lo de volta.
Não teve outra saída a não ser fugir.
" Na verdade as bombas pareciam vir em uma cadência quase de valsa, como doces e incansáveis bailarinas de olhos de fogo, labaredas irrefreáveis que tinham como orquestra de fundo os sons do horror."
Leon, conseguiu fugir e se esconder no circo, onde todos o acolheram muito bem.
Lá ele conhece Amy, onde logo se encanta pela moça e começa uma grande amizade entre esses dois.
Com um tempo houve uma troca entre ambos, Amy se dispôs a ensiná-lo malabarismo e ele ensinaria a garota a ler e escrever já que a mesma era analfabeta.
Só que alguém do próprio circo , no auge dessa amizade, não estava gostando do que estava acontecendo e dedurou o soldado fugitivo.
" ... E em Amy, havia um brilho a mais, uma entrega que ele já havia reparado antes.
Amy dançava com a alma."
Uma grande reviravolta é dada na história a partir daí. Uma grande tragédia acontece.
Um livro com uma história sensível e cheias de surpresas.
A autora consegui me enganar direitinho na proporção do rumo a qual o enredo tomou, pois deduzi tal coisa no início do livro e no fim já não conduzia mais o que eu pensava.
" Para o circo, o lugar estava errado. A hora estava errada.
Para o circo, não houve sequer uma segunda chance."
A autora soube abordar também um tema onde há certo preconceito de uma maneira sútil , sem extravagância nas palavras , sem quebrar a essência da história, o que achei bem legal, pois odeio quando um autor, seja nacional ou estrangeiro coloca coisas desnecessárias acabando com o desfecho ou até mesmo com a história toda.
Livro lindo, cheio de emoções e surpresas, com uma escrita super delicada.
Mostrar a arte circence num livro é muito bom, até mesmo para quebrar tabus de preconceitos e ainda por cima intercalar a guerra dentro desse contexto, foi demais.
Creio que uma das mensagens que a autora quis passar foi que sempre é tempo de recomeçar e que a esperança é a última que morre!
Acredito que vocês leitores assim como eu irão gostar desse livro.