Dirtyusedcondom 20/10/2023
Queria pescar um robalo fisguei uma sardinha
Aspectos Gerais:
Começo bom, meio terrível e final ok. Com uma escrita densamente descritiva, esse artifício se torna um aspecto positivo da leitura devido a sua imersão em certos momentos e um aspecto negativo em detrimento da prolongação desnecessária da história. É de se esperar que um terror não explique algumas coisas, mas aqui, isso se contrasta com soluções e explicações convenientes da narrativa, tornando uma dualidade mal dosada no livro.
O Pescador trabalha bem a estranheza das criaturas apresentadas, mas não o universo dos quais elas são advindas e nem a forma como ele é introduzido no cotidiano dos personagens. Sinto que a mística acontece de forma muito abrupta, e por mais que os personagens questionem sua lucidez por presenciarem certos fatos, não passam uma sensação de medo ou trauma real, como se após os ocorridos fosse um costume social transformar tudo em lenda pra esquecer ou explicar o inexplicável. Dito isso, acredito que o embate direto com esses "monstros" é um dos pontos fortes do livro, graças à sua aparência e a natureza da sua existência, que eu vou citar a seguir, ser super interessante.
O luto em O Pescador:
O luto está presente em toda história, e é o que desencadeia a busca pelo desconhecido nessa tentativa de superar ele. Aqui, todo personagem passa por algum tipo de luto. Se tratando de um terror, a morte é o mais claro, mas há a perda subjetiva de pessoas, lugares e coisas. A mensagem que o livro passa, ao meu ver, é de que por mais que você tente superar o luto, você só pode aprender a lidar com ele, e mesmo assim, ele sempre vai voltar pra te assombrar. Em uma realidade que se faz tão assustadora quanto, se não mais, que uma realidade alternativa cheia de monstros, nós só podemos conviver com as boas memórias sem tentar reproduzir elas novamente, pois assim, não corremos o risco de as corromper.