Silvana 20/04/2019
Polly O’Keefe é a mais velha dos sete filhos de Margaret e Calvin O'Keefe, que apesar de serem uma família muito unida, por causa de estarem sempre se mudando de um lugar para o outro, acabou não passando muito tempo com seus avós. Mas agora ela veio para passar uma temporada na casa dos Murry. Ainda mais que seu avó é um cientista reconhecido e sua avevó, forma carinhosa como ela chama sua avó, já ganhou até um Prêmio Nobel. E como na Ilha Benne Seed, residência atual da sua família, ela não iria aprender nem metade do que seus avós podem lhe ensinar, Polly não perde tempo e vai para a casa dos avós na Nova Inglaterra. E eles até parecem que sabia que ela viria porque quando Polly chegou eles tinham reformado o quarto do seu tio Charles Wallace, que ficou perfeito para ela.
Sua estadia está sendo muito agradável e só não está perfeita porque não tem ninguém da idade de Polly nas redondezas, sua única companhia são seus avós e os amigos deles a Dra. Louise Colubra e o irmão dela o bispo Nason. Por isso Polly fica muito feliz quando Zachary Gray, um amigo que ela conheceu no verão anterior em sua passagem por Atenas, aparece para uma visita. E Zachary se dá super bem com seus avós e com os Colubra, ainda mais que Nason encontrou uma pedra Ogam e Zachary já estudou sobre as inscrições ogam um alfabeto celta usado há três mil anos. E não é só Zachary que aparece por lá, nesse mesmo dia Polly vê um jovem com um cachorro perto da rocha de observação estelar e mais tarde uma garota aparece em sua janela, mas desaparece depois de falar um monte de coisas sem sentido, como círculos do tempo.
Mas Polly revê a garota no dia seguinte quando acorda cedo e sai para dar um passeio pela propriedade. Ela sente um pequeno tremor e quando percebe a rocha de observação estelar continua no mesmo lugar, mas todo o resto está diferente. A garota se chama Anaral e o rapaz Karralys e Polly descobre que eles são druidas e que eles já conhecem o bispo Colubra. Mas quando os avós de Polly descobrem que ela viajou no tempo, com medo de que lhe aconteça algum mal, eles pedem que Polly fique longe do portal temporal, pelo menos até passar o Samhain. Mas por algum motivo Polly parece estar destinada a voltar no tempo e nada que eles façam vai impedir que isso aconteça.
"Ele tinha razão. Aquilo tudo soava insano. Limiares temporais. Três mil anos. Círculos do tempo. Mas havia acontecido. Polly não fazia ideia de como ela e o bispo poderiam ter sonhado o mesmo sonho."
Esse livro está sendo publicado aqui no Brasil como o quinto da série Uma Dobra no Tempo, mas ele na verdade é o quarto livro de uma outra série que foi escrita paralelamente com a de Uma Dobra no Tempo. A série Uma Dobra no Tempo é a Série dos Murry e Um Tempo Aceitável pertence a Série dos O'Keefe. E uma curiosidade é que o primeiro livro da Série dos O'Keefe tendo a Polly como protagonista, foi escrito em 1965, três anos após Um Dobra no Tempo e onze anos antes de Um Planeta Em Seu Giro Veloz, que é o livro onde Polly aparece pela primeira vez na barriga de Meg. Por isso pode ser que para quem acompanha a série venha a sentir uma grande diferença entre os quatro primeiros livros e esse quinto.
Eu senti essa diferença e até por isso fui pesquisar mais sobre ele. Diferente dos quatro anteriores, já resenhados aqui no blog, Um Tempo Aceitável tem uma narrativa bem mais lenta e tem pouca ação em suas páginas. A história fica mais na teoria do que na prática. São mais de duzentas páginas com os personagens conversando sobre o assunto e a ação só apareceu nas últimas cem páginas, que ai sim foram muito boas. Eu não sou acostumada com livros de ficção científica, mas não tive problemas com os outros livros da autora. Já nesse foi tanta conversa sobre física que confesso cheguei a dormir com o livro na mão. Mas para quem gosta do assunto é um prato cheio.
Fora a ação, outra coisa que senti falta foi que nesse livro não temos títulos nos capítulos e essa era uma das coisas que eu gostava muito na série. E achei que a autora ficou debatendo muito o tema fé x ciência que era uma das coisas que eu também tinha gostado nos outros livros. Apesar dos livros ter uma analogia com a religião e os protagonistas serem cientistas, nos outros livros ela soube casar as duas coisas e mostrar que as duas podem andar juntas. Nesse já senti uma mudança nos personagens dos Murry, que praticamente deixaram de ter qualquer tipo de fé, o que é engraçado se formos levar em conta tudo o que eles passaram nos livros anteriores.
E infelizmente não consegui me conectar com a protagonista do livro, a Polly. Ela passou longe de ter o mesmo carisma de seus pais e tios. Achei ela bem sem graça e meu problema não foi só com ela, mas não me apaguei a nenhum dos personagens. O Zachary me deu nos nervos com seu egoísmo desenfreado. O único personagens que gostei um pouco foi o bispo, porque achei ele um personagem bem mente aberta. Mesmo sendo uma espécie de líder em sua religião, ele respeita as outras religiões que não pregam o mesmo que a sua. E por causa dele e do final, que a história melhorou um pouco, acabei dando uma nota três de cinco para o livro.
Quanto a edição está tão linda quanto as outras da série. O livro é em capa dura e tanto por fora como por dentro é um capricho só. E como disse nas outras resenhas, é um orgulho ter os livros na estante. Toda vez que olho e vejo eles lá eu fico admirando o quanto eles são bem feitos. E por fim quero agradecer a editora pelo envio do livro e por ter pensado nos antigos parceiros para recebê-los, mesmo não tendo mais a parceria. E termino a resenha indicando para quem leu os outros da série e, a série toda para quem é fã de livros de ficção científica com uma pegada mais juvenil.
site: https://blogprefacio.blogspot.com/2019/04/resenha-um-tempo-aceitavel-madeleine.html