Sparr 27/12/2022
Legolas e Gimli, acima deles, ninguém! Vim falar da amizade
Fruto da pesquisa para o mestrado de Cristina, a proposta é analisar como a amizade se desenvolve nos textos de Tolkien, bem como a importância dessa convenção e relação social ao tema e seu objetivo: tudo termina com o Um Anel.
Para tecer sua base, Cristina trabalha a visão de duas abas da filosofia, segundo seus ensaios ou textos, a visão de Aristóteles e a visão de Tomás de Aquino.
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Meu contato principal com Aristóteles é perpassar, breviamente, sobre seus estudos da poética e execução de texto. Meu contato com Tomás de Aquino é: nenhum. Hehehe, isso me causou curiosidade, mas também se apresentou como um problema em algumas comparações. Eu não tinha base para saber como o estudo a levou àquele ponto, então, só curti o trajeto.
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Aristóteles tinha a visão de que a amizade é completamente desprovida de interesses, para além do bem. Tomás de Aquino trabalha a visão da amizade que leva ao crescimento. E juntando isso ao sistema de crenças e valores de Tolkien, temos um pouco de sua visão de fé e mundo, mas ao olhar filosófico, pode ser visto na obra.
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As relações passam pela corrupção, e destruição quando o interesse é objetificado ou a busca te leva a um caminho ode servidão. Como vemos a corrupção e almejo de Gollum.
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Cristina ainda destaca modelos de amizades que se desenvolvem e crescem quando os estigmas sociais e preconceitos ou preceitos arraigados são esquecidos, postos de lado, e as pessoas se valoram, não pelo que fazem ou têm, mas pelo que são. Como no caso de Legolas e Gimli.
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Para cotejo e pesquisa, recomendo a aula da professora Lúcia Helena Galvão, disponível no canal Nova Acrópole, sobre a jornada do herói e como essa jornada também se reflete nas nossas relações.
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O que gosto da pesquisa, é que Cristina desbrava um novo jeito de entender as relações estabelecidas nas obras, ela não trabalha a amizade sem explorações de teores Eros. As amizades não estão condicionadas ao Eros do homem, mas as suas relações ideais, soltas de interesses, ligadas ao bem mútuo dos envolvidos e livre de convenções para existir.
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No geral, um excelente livro, um livro rico com um estudo redondinho que permite a reflexão de um jeito muito interessante, com base em visões de dois filósofos de escolas e tempos distintos, mas com extensões de visões que se moldam belamente à observação de um relação mais profunda que amores e romances: a verdadeira amizade.