Mariana Dal Chico 23/07/2019“Elegia do irmão” de João Anzanello Carrascoza foi publicado em março desse ano pela @alfaguara
Quem me acompanha há algum tempo, sabe que me apaixonei pela escrita de Carrascoza quando li “Diário de um Ausente” e desde então acompanho o trabalho do autor que, com poucas palavras e muitos silêncios, consegue transmutar sentimentos em palavras, que ao chegar no leitor, penetra suas defesas e o desarma completamente.
Além das palavras cuidadosamente escolhidas, o autor retrata cenas simples em ação, mas complexas em carga emocional. É o tipo de autor que consegue com maestria mostrar em vez de dizer, com acontecimentos do cotidiano que se entrelaçam de forma profunda construindo uma narrativa sobre luto, amor, momentos, laços, perdas e companheirismo.
O que mais me tocou foi a reflexão sobre o quanto de nós vive no outro e de quantos outros nós somos feitos. Quando eu me for desse mundo, uma parte de mim vai continuar vivendo nos que me são próximos, e não apenas minhas virtudes, mas principalmente meus defeitos.
O que mais dói no luto, é a percepção da falta definitiva do outro em tarefas do dia a dia, como a louça guardada no armário de forma diferente ou um simples abrir a porta da geladeira. “… É uma mudança definitiva, entre outras, que vão fixando residência aqui. Nunca imaginei que, ao abrir a porta da nossa velha Brastemp, a realidade pudesse ser (a um só tempo) sutil e brutal.” p. 72
Sutil e Brutal, duas palavras que descrevem bem minha experiência de leitura com “Elegia do Irmão”, mais um livro que entra para lista de favoritos.
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