Queria Estar Lendo 20/04/2022
Resenha: Minha irmã, a serial killer
Minha irmã, a serial killer é um suspense nigeriano publicado no Brasil pela editora Kapulana - e um que eu queria ler há muito tempo. A história segue Korede, uma enfermeira que, até o momento, já ajudou sua irmã, Ayoola, a esconder o assassinato de 3 homens.
Korede é a irmã mais velha. E, como tal, é considerada a "guardiã" de sua irmã. Ayoola é sua responsabilidade e, portanto, quando a mulher liga nervosa, falando que "aconteceu de novo", Korede se resigna a sua posição e vai atrás da irmã, ajudando a limpar a bagunça de sangue e a se livrar do corpo do homem que ela matou em legitima defesa - teoricamente.
Quando o livro começa, Korede está a caminho de se livrar do terceiro corpo. Ao longo dos anos, Ayoola já tinha matado outros 2 namorados que, segundo ela, tinham a agredido primeiro.
No entanto, com este homem, Korede se sente diferente. Quanto mais o desaparecimento dele circula pela mídia, mais ela percebe que ele era diferente dos homens anteriores. E, talvez, sua irmã seja realmente perigosa.
O que só piora quando Tade, um médico por quem Korede nutre sentimentos há algum tempo, começa a sair com sua irmã. Será que ele se tornará sua próxima vítima? Como Korede pode impedir isso, sem expor a irmã e mandá-la para a cadeia?
Quando comecei o livro, pensei que sabia para onde estávamos indo. Mas não sabia de nada. Minha irmã, a serial killer é tudo aquilo que eu esperava que fosse.
Korede é uma personagem complexa. Ao mesmo tempo em que ela é prática, pragmática, ela também demonstra um desejo profundo de ser amada, ser vista. Ela carrega traumas, mas também tem opiniões fortes e nada gentis sobre alguns personagens.
É ela quem narra a história e, embora ela não seja gostável, ela é humana e nos importamos com o que vai acontecer com ela. Com o medo dela. Com o trauma e o futuro dela.
Já Ayoola é descrita como a criatura mais linda a pisar na terra. E sua beleza é uma camuflagem para todos os seus erros, porque ninguém consegue ver além dela. Uma mulher assim bonita não pode ser perigosa.
E ela sabe disso. E usa isso. E, ao mesmo tempo, se ressente das pessoas que não enxergam nada além disso.
Uma das minhas partes preferidas em Minha irmã, a serial killer é como não existe, necessariamente, uma rivalidade entre Ayoola e Korede. Existe aquela coisa de irmãos: as duas brigam, Korede acha a irmã muito impulsiva, irresponsável, não concorda com muitas das coisas que ela faz.
E, pelo pouco que sabemos, Ayoola também tem suas opiniões sobre a irmã.
Mas isso não impede que uma ame a outra, do seu próprio jeito.
Mesmo sabendo que a irmã é perigosa, que ela já matou - e desconfiando que isso seja algo mais profundo do que o desejo por sobrevivência - Korede reconhece os pontos positivos da irmã, as coisas pelas quais as pessoas verdadeiramente deveriam se apaixonar. Não só por sua aparência.
O que é uma novidade bem vinda. Até porque eu fico cansada de ler tanto livro onde os irmãos se odeiam por qualquer motivo que fosse - e sim, acho meio irônico encontrar um relacionamento entre irmãos relativamente saudável em um livro sobre uma serial killer.
O fim também me deixou muito feliz. A em nenhum momento Oyinkan Braithwaite subestima a inteligência do leito, seu senso crítica ou a capacidade de compreender os nuances da história.
Infelizmente não posso ficar dando spoilers aqui na resenha, mas em pouco menos de 200 páginas Oyinkan nos entrega uma história que faz pensar. O final aberto nos deixa com perguntas que não podem ser respondidas pela autora porque nem mesmo as personagens sabem a verdade. E foi minha parte preferida de todo Minha irmã, a serial killer: chegar ao fim e analisar todos os movimentos de Korede e Ayoola, as motivações, o que deu origem aquilo tudo.
Enfim, Minha irmã, a serial killer ganhou um lugar cativo na minha estante. Recomendo muito mesmo!
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