Histórias e sonhos

Histórias e sonhos Lima Barreto




Resenhas - Histórias e sonhos


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Diego 18/07/2021

Coletânea heterogênea
Trata-se de coleção de contos cujos comprimento, interesse e qualidade são bastante desparelhos.
Existem passagens muito boas e outras que não fazem sentido, talvez em decorrência do tempo: alguns dos textos deixam a clara impressão de serem sátiras a questões pontuais da política brasileira ou carioca da época em que foram escritas. O tom de deboche é claro nestes casos.
É interessante de ler.
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Rech_ 16/04/2023

A complexidade de Lima Barreto
Lima Barreto é, para mim, indiscutivelmente, um dos melhores literatos brasileiros. Mesmo que nesta coleção de contos existam pontos fracos de sua escrita (não sei se isso não é em razão da diferença temporal e de contexto), mas os contos bons são realísticos e críticos, dois pontos muito marcantes da produção literária dele que o tornam essencial.
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Tati.Oliveira 27/02/2021

Saudoso Lima Barreto
Gosto muito de Lima Barreto por que em muitos contos e historias ele retrata o cotidiano do Rio de Janeiro em uma época passada. Ele tras ironias as classes sociais, a politica do país e apresenta muitas situações de preconceito. Recomendo a leitura, principalmente para mergulhar um pouco no retrado do Brasil da época.
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João 14/11/2020

Histórias e sonhos - Lima Barreto.

Penso que as letras alcançam a sua máxima expressão quando, a um só tempo, atendem à sua função social, apontando criticamente os problemas políticos e cultuais de nosso tempo, sem deixar de insinuar-se sobre a intimidade da natureza humana dando o necessário colorido ao mistério existencial que nos cerca. E em se tratando de literatura, isso tudo só pode ser vazado em termos criativos, imaginativos, calcados no fio narrativo, a exigir do autor verve ficcional.

Lima Barreto é um escritor que produz essa literatura emancipadora, crítica, profunda e criativa.

Evidentemente alguns aspectos estão mais realçados que outros em seus escritos. O viés autobiográfico, marcado pela mágoa e pelo protesto; a atitude satírica e debochada com que o escritor carioca aponta os desmandos da primeira República e os descaminhos da sociedade brasileira; o caráter combativo e militante com que Lima Barreto desconstrói certas práticas culturais e políticas do seu tempo; todas essas são marcas indeléveis nos textos que compões toda a obra do autor.

Lima Barreto pode não ser um perfeito ficcionista. Mas daí a dizer que o caráter combativo e autobiográfico de seus textos prejudica a sua produção literária existe um grande caminho.

A diversidade dos temas que servem de motes para as narrativas, todos explorados a partir de um conhecimento enciclopédico da história, da sociologia e das artes, revela um autor cuja capacidade criativa é inesgotável, e não limitada à monotonia da crítica social.

No que interessa às “Historias e sonhos”, têm-se pequenas narrativas bastantes ecléticas na sua forma e no seu conteúdo. Em sua maior parte são contos. E nesse ponto se destacam os “contos argelinos”, por meio dos quais Lima Barreto ilustra a República brasileira e seus “podres” através de alegorias fundadas em cenários exóticos (argelinos) com seus personagens estrangeiros (“Harakashy e as Escolas de Java”; “Hussein Bem-Áli Al-Bálec e Miqueias Habacuc”). Nesse último conto, o autor parece desferir uma crítica ácida contra as políticas de valorização forçada do café empreendidas pela República em favor dos cafeicultores paulistas.

Outros contos possuem um misto de doçura, beleza e melancolia que são relativamente raros em Lima Barreto, dado o seu viés marcadamente satírico e debochado. São exemplos desses contos “O moleque”, que emociona pela vida dura do menino pobre e negro que fica exultante ao ganhar uma fantasia de diabinho no carnaval, com a qual irá pregar sua ingênua vingança contra os garotos brancos do bairro.

Há também duas pequenas peças de teatro, destacando-se “Os Negros” pela capacidade descritiva do cenário que é de encher os olhos, da magia que envolve os diálogos e do comovente destino dos negros fugitivos.

Alguns contos chamam a atenção pelos seus começos despretensiosos, que caminham longamente pelo cenário natural que caracteriza os subúrbios do Rio de Janeiro (inclusive, é caro à pena do autor a gente e as cenas dos arrabaldes cariocas), sem destino certo, mas enlevados pela exuberância das paisagens, pelo provincianismo local e pelos fatos históricos a elas atrelados (ex: “O Moleque” e “Mágoa que rala”).

Nessa coletânea estão presentes versões resumidas dos romances “Clara dos Anjos” e Numa e a Ninfa’. Também são encontrados textos curtos, que flertam mais com o formato da crônica, pelo viés datado e jornalístico, do que propriamente o do conto.

Lima Barreto não merece ser reduzido à pecha de escritor meramente combativo e militante. Tampouco como um escritor simplesmente ressentido que dá vazão às suas mágoas por meio de escritos autobiográficos. O todo de sua obra revela a riqueza, as sutilezas e a erudição de um escritor cuja expressão literária é mais ampla e profunda do que a crítica brasileira insinuava.

Por vezes temos um escritor magoado e arruinado espiritualmente, como nas palavras de um seu personagem: “Eu queria mostrar a todos que fui traído; que me prometeram muito e nada me deram; que tudo isso é vão e sem sentido, estando no fundo dessas coisas pomposas, arte, ciência, religião, a impotência de todos nós diante do augusto mistério do mundo. Nada disso nos dá sentido do nosso destino; nada disto nos dá uma regra exata de conduta, não nos leva à felicidade, nem tira as coisas hediondas da sociedade”.

E por outras, revela-se esperançoso: “No mundo, não há certezas, nem mesmo em geometria; e, se alguma há, é aquela que está nos Evangelhos: amai-vos uns aos outros”.

Boas leituras!

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Henggo 01/06/2023

Haja paciência!
Meu Deus, que livro chato... Até agora, na minha maratona de Lima Barreto, foi o pior. E veja que sou apaixonado por contos! Para mim, você mergulha nas possibilidades narrativas de uma pessoa ao se debruçar sobre os textos curtos que ela produz, pois, é ali, com palavras limitadas, que um escritor deve mostrar capacidade de contar uma história indo direto ao ponto. Estes contos de Lima Barreto, sinceramente, só corroboram para o que eu senti ao ler outras obras do autor: há um caldeirão de críticas sociais que permanecem atuais, porém, todo esse esplendor fica debaixo de textos prolixos, muitos deles que são netos experimentos narrativos. Podem me criticar, podem vir com argumentos sobre a "capacidade literária" de Lima Barreto, não adianta: esses contos são um porre!
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