spoiler visualizarYasmin675 19/06/2020
Um final coerente, mas sinto que não chegou lá.
Acho que todo mundo sabe que sou fã de carteirinha dessa série e estive esperando por muito tempo. Apesar de não ter atingido o potencial que eu esperava, eu preciso dizer que foi muito coerente com a narrativa que a autora traçou do início da série até aqui. Desde o início ela testa os personagens para descobrir até onde eles conseguem ir sem entrar em colapso, e bom... Em Imagine Me o surto começa.
O fato é que todos (e são todos mesmo) já cansaram de lutar. Parece que tudo o que eles fazem nesse livro é por falta de alternativas. Tanto da parte dos vilões como dos mocinhos, e pra mim é muito difícil ver isso, parece que todo o ideário revolucionário se perdeu e eles nem estão se esforçando, só querem que tudo acabe.
Em termos de desenvolvimento do enredo o livro é um pouco parado, apesar de muitos acontecimentos catastróficos que ocorrem um após o outro. Após o show de horrores que foi a invasão de Emmaline, as coisas começam a andar bem lentamente (do jeitinho que a autora sempre fez). Senti muita falta de explicações para alguns plot holes (onde o Aaron escondeu a J? Como que acharam ela? Como tiraram ela de lá sem ninguém perceber? Como a Nazeera conseguiu resgatar todo mundo no final? O que, de fato, aconteceu com o Adam? Como isso afetou ele? E por aí vai), acho que na pior das hipóteses a autora vai escrever mais uns mil contos pra tentar solucionar isso aí.
É difícil falar da Juliette nesse livro, por conta da trajetória que a Tahereh traçou pra ela, mais uma vez nossa protagonista está fora do ar. E eu entendo, posso não ter gostado disso, mas entendo, Juliette precisava de uma epifania pesada e esse foi o jeito que a autora encontrou de dar isso a ela, só lamento que ela tenha enrolado mais da metade do livro para que esse momento chegasse. Em relação a Warner eu acho que posso pegar mais leve, finalmente a faceta humana se mostra, estou bem acostumada ao temperamento dele mas dessa vez eu finalmente consegui enxergar o quão despedaçado ele ficou ao perder a única coisa que ele considerava importante na vida, e apesar de ele estar em um estado praticamente catatônico durante a maior parte do livro, graças ao apoio de Kenji (que foi super inesperado, mas uma das poucas coisas boas desse livro, o brotp que eu nem sabia que queria) ele aos poucos vai voltando a si e chega ao ponto em que apenas resolve que vai tomar as rédeas da situação e que se dane quem estiver em seu caminho.
O ponto alto é Kenji, que se revelou um grande narrador e um personagem indispensável. Apesar de não parecer, ele é praticamente o responsável por colocar as coisas em curso, já que foi ele que ajudou Warner a sair do seu casulo e não deixou que ele acabasse consigo mesmo. Kenji é realmente brilhante e eu vou sentir muita falta dele, na verdade estou quase implorando por um livro de contos extras só pra saber se ele finalmente vai ter paz de espírito. Nazeera também teve suas contribuições, e é responsável por um dos plot holes + o momento deus ex machina que eu finjo que não aconteceu.
A escrita continua impecável, uma das poucas coisas que não posso reclamar. Mas achei que foi muito enrolado e embora eu goste de desenvolvimentos lentos, a sensação que passa é que a Tahereh escreveu esse livro de forma preguiçosa, como se estivesse sendo obrigada a fazê-lo pra acabar logo com isso. No mais, posso dizer que mesmo com a pressa do desfecho e toda a enrolação eu gostei do livro e do final, mas ainda esperava mais.