clarakairos 08/05/2021
Crimson Rain Sought Flower
No primeiro volume de Heaven Official’s Blessing, Crimson Rain Sought Flower, acompanhamos a história de Xie Lian, um deus de 800 anos conhecido não só como o deus da má sorte, mas também como a piada dos três reinos. Durante os capítulos descobrimos um pouco mais sobre a história desse deus e como seus caminhos entre as três ascensões foram tortuosos.
A abundância de personagens pode ser um pouco assustadora de início, mas eles são pouco a pouco inseridos em uma rede de conexões que vai se tornando mais definida e complexa a cada parte da narrativa. Em 800 anos de vida, é claro que Xie Lian nos daria muito para contar, e a autora soube trabalhar de modo muito interessante o fato de que nosso protagonista não se lembra de tudo o que ocorreu durante os séculos, tornando algumas descobertas ainda mais impactantes por atingirem o deus diretamente com lembranças antes esquecidas.
Além de Xie Lian, San Lang torna-se um dos personagens principais e fundamentais da narrativa, encantando com seus sorrisos enigmáticos e olhos reluzentes. O desenvolvimento da relação dos dois é, primordialmente, delicado e natural, tornando-se mais forte a cada momento. A autora trouxe diversas nuances para as personalidades dos personagens, evidenciando que nem deuses nem demônios são completamente bons ou ruins. É a forma como cada um dos integrantes da narrativa mostra-se complexo, com segredos, medos e desejos, que fez com que eu me apaixonasse por esse livro.
Quanto à narrativa em si, é muito envolvente, sempre com novas aventuras e objetivos que se entrelaçam para sempre deixarem a pergunta “e então?!” ou “o quê?!” ao final de cada capítulo. O balanceamento entre cenas cômicas, tensas e tristes é excelente durante toda a leitura; não houve um único momento em que me senti desmotivada a continuar lendo. Acompanhamos Xie Lian junto aos outros deuses e na terra dos mortais sempre nos perguntando onde a astúcia, a delicadeza (e é claro, a má sorte) dele nos levarão. As cenas são bem descritas, tanto no que diz respeito aos cenários quanto às ações dos personagens, desde as mais simples até momentos de luta e ira.
A julgar pelo primeiro livro, a coleção tem tudo para se tornar uma das minhas favoritas. Melhor decisão que fiz foi, após ver o anime, foi procurar pela graphic novel e por essa leitura. Para aqueles que viram o anime e não desejam reler todo o percurso (a releitura para a animação ficou muito fiel), pode-se começar pelo capítulo 30, embora eu indique ler desde o início, visto que o livro traz alguns detalhes e explicações que o anime não foi capaz de abordar. Vale lembrar que o livro apresenta alguns gatilhos, como violência física, mutilações e descrições de ferimentos.