Resenhas -

Vitor874 28/12/2022

Aldo Carotenuto nos apresenta um panorama sincero sobre a paixão: ela é pathos, o padecer sob a carne, nos dilacera, derruba todas as nossas defesas narcísicas e nos expõe nus! O autor nos convida a reconhecer tanto o potencial vitalizador da paixão que reanima e nos confere um olhar novo para a vida e para nós mesmos, como também seu potencial altamente devastador, levando muitos a atos que beiram a loucura! Mas independente de qual caminho a paixão tomará é proposto que seja acolhida em nossa vida se ela se apresentar, pois fugir é um caminho pouco viável. Não há escapatória para as flechas de Eros, e se um Deus (entende-se deus no sentido junguiano- psicológico e não teológico) se apresentar, ele deseja ser acolhido e honrado em nossa vida, independentemente de gostarmos ou não de sua presença! Cabe a nós aprender com o que ele nos proporcionar, pois somente a paixão expõe a flor da pele facetas de nossa personalidade até então desconhecidas, sentimentos e emoções, projeções, aspectos inconscientes e de nossa sombra até então indiferenciados. Tudo isso constitui para nós material vital a ser integrado pela psique e  acabamos por reconhecer a paixão, inclusive na dor que causa, como um dos maiores urdidores de nosso amadurecimento. Apesar da visão escancarada de Carotenuto poder causar para alguns o receio sobre o apaixonamento, acabamos por reconhecer que aqueles que se privam e fogem de Eros estão perante o amor, congelados e perante a vida, possivelmente mortos