Érica | @aquelacomlivros 11/03/2020
"Ele estava ecoando seus pensamentos, sublinhando a necessidade dolorosa que os dois pareciam ter."
Mirar no estágio dos sonhos e acertar num emprego de babá, é isso o que acontece com Kitty Shakespeare, uma estudante de cinema muito talentosa, mas que não se dá bem em entrevistas. Depois de colocar tudo a perder na reunião para estagiar com um dos maiores produtores de Hollywood, ela recebe uma proposta inusitada: ser babá do filho dele. Não era nem de longe o que ela pretendia, mas não perderia a chance de tentar impressioná-lo.
É assim que ela vai parar em Virgínia, onde a família Klein irá passar as festas de fim de ano. Kitty não estava preparada para o frio rigoroso daquele lugar e com a forte nebulosidade, acaba atropelando um cervo, prejudicando seu carro com a batida. Isolada, com frio e sofrendo pelo animal ferido, ela vai entrar em desespero, até que surge uma caminhonete e um estranho, parecendo um selvagem, desce com uma espingarda e mata o animal.
Ele a trata com muita rispidez, incomodado com ela e sua roupa totalmente inapropriada para aquele inverno. Mas acaba oferecendo uma carona, mesmo parecendo odiar a própria ideia e Kitty sabia que aquele troglodita era sua melhor opção para sair dali, mas ele a deixa a uma distância considerável do casarão, fazendo com que ela ande no escuro, com aqueles sapatos ridículos, escorregando na neve. Não demora muito para ela descobrir que aquele bruto insensível é Adam Klein, um famoso produtor de documentários e irmão do seu chefe.
Adam tem um passado enigmático. Algo aconteceu que abalou sua vida e sua relação com o irmão a quem culpa por estar cumprindo uma pena que consiste em terapia anti-raiva e voltar a morar na casa dos pais, mas ele escolheu ficar com a cabana do lago em vez do casarão, isolando-se como um eremita. As coisas pioram quando ele descobre que seu irmão está vindo passar o natal com a família e de quebra, trazendo uma babá que provoca sentimentos confusos, entre irritação e atração.
A convivência entre os dois estava longe de ser amigável, até que Kitty precisa esconder um filhotinho de cachorro, presente de natal do pequeno Jonas, e a cabana é o único lugar que não estragaria a surpresa do menino. Adam aceita o seu pedido, mas com a condição de que ela fosse todas as manhãs ajudá-lo com o cão. Um simples pedido que não demorou muito para tornar esse novo contato íntimo demais.
No geral, é uma boa história, fluida e cativante, mas me incomodei com a falta de orgulho próprio da Kitty que ofereceu muito pouca, ou quase nenhuma, resistência às ignorâncias gratuitas do Adam. Isso acabou me impedindo de curtir o romance e muito menos achar fofo. Na verdade, é até preocupante. Vou deixar alguns quotes para demonstrar o que estou falando:
"A descrição que Drake fizera de Adam só aumentava seu interesse no homem sombrio, possivelmente violento, porém lindo, que morava em uma cabana no bosque."
"Você agiu do seu jeito cretino e taciturno, e ela ainda quis te beijar."
"Toda a vez que ele mostrava o menor interesse, ela o lambia como um gato faminto."
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