Mia Fernandes 11/04/2021
Um amor de inverno... não chegou a esquentar meu coração
Dando sequência, a série Irmãs Shakespeare, “Um amor de inverno” conta a história da caçula das irmãs, Kitty, e sua vida em L.A. Naquele mundo glamouroso, de brilhos e holofotes. Mas, diferente, do que toda jovem que almeja seus 15 minutos de fama no TMZ, Kitty, quer ser produtora, estar por detrás das câmeras.
Prestes a terminar o seu curso de graduação, Kitty precisa de um estágio para conseguir o seu diploma com louvor. Só que a garota é péssima em entrevistas de emprego, ela se auto destrói nas reuniões (parece até eu quando tenho que falar em público sobre a minha pessoa). No final de sua “entrevistas” na Klein produções, que também foi horrível. Acabou tendo um outro resultado. Pois além de ser estudante de cinema, Kitty também fez trabalhos como baba. E assim, ela consegue uma brecha no mundo do cinema: sendo baba de Jonas, filho de Everett Klein. Pelo menos durante o período do natal.
Com isso Kitty vai para Virginia Ocidental, para o meio das montanhas, onde tudo esta coberto por neve. No meio do caminho, seu carro alugado acaba batendo num cervo. Ela é socorrida por um estranho barbudo, que logo a critica pelas roupas inadequadas para o local e acabando friamente com o sofrimento do animal.
Posso definir que o primeiro sentimento entre Kitty e o estranho foi raiva e ódio a primeira vista. O barbudo mau educado em questão, era o irmão mais novo do clã Klein, Adam Klein, consagrado no mundo dos documentários.
A família Klein está estremecida por causa de desentendimentos entre os irmãos, Everett e Adam, e quem sofre com isso são seus pais e o pequeno Jonas, filho de Everett com Mia. O garotinho parece um anjinho no meio de homens bem irritantes e pavios curtos. Kitty fica neste fogo cruzado.
Até o final do livro não se sabe o porquê de Adam ter se isolado na cabana longe da casa principal, porque ele teve que sair de L.A e o que aconteceu na Colômbia. Não sabemos o motivo do ranço com Everett (que é realmente um pé no saco). E isso foi uma das coisas que me fez demorar a ter empatia por Adam e pelo seus ataques de raiva e odio gratuito com Kitty, no ínicio do livro.
O romance entre os dois foi do ódio ao amor, podemos dizer assim. A convivência no meio do nada, com toda aquela neve e o período natalino e uma carência, me fez ver que ali surgiu a faísca entre eles.
“Eram horas preciosas e roubadas. Que só pareciam existir para eles. Ela queria protegê-los da maneira como se protegeria uma chama vacilante , unindo as mãos para bloquear o vento”.
“Kitty fechou os olhos, se entregando às sensações que atingiam seu corpo. A sensação de seu toque, o cheiro quente e fumegante do fogo e o sabor do vinho que permanecia em sua língua. Seria possível viver o momento, se deixar ser livre o suficiente para aproveitar o que restava do tempo com Adam e não se preocupar com o futuro?”
Gostei de Kitty, uma garota que realmente sabe cuidar de Jonas, dando o amor e atenção que não recebe dos pais. Outro ponto a favor é sua dedicação aos estudos e seus projetos. Porém, sua inocência e seu jeito que achar que tudo foi sua culpa, me deixaram com raiva. Não foi culpa dela a explosão de Adam sobre o irmão. Ela foi pega no meio do tiroteiro entre dois homens alfa.
Para não dizer que tomei ranço total de Adam, tem 2 pontos positivos comigo: cuidar do filhote de cachorro e o seu trabalho como documentarista. Talvez a minha falta de afinidade com ele, foi por a autora não desenrolar logo a briga do protagonista. Não mostrar como ele era antes da Colombia, os gatilhos que moviam suas explosões de raiva.
“Não é isso o que todos somos? As vítimas e os vilões das nossas próprias vidas? Temos que aceitar as coisas boas e ruins dentro de nós, aceitar que nunca vamos ser completamente um ou outro. E, se nós reconhecermos que temos um pouco de Fera, assim como a Bela, talvez possamos encontrar uma maneira de os dois lados conviverem.”
“O verdadeiro foco de qualquer documentário que faço é a busca pela humanidade. Não só daqueles que são afetados, mas também daqueles que afetam. A única coisa que aprendi nesses anos é que os criminosos também são humanos. E eles são fascinantes, porque começaram do mesmo jeito que vocês e eu. Eles nasceram chorando, comendo, sendo seres humanos, como o resto de nós, mas em um certo momento da vida passaram a não entender o cento e o errado”.
“Quando faço um documentário, não quero que você vá embora pensando em como esse cara é ruim. Quero que você saia se perguntando se teria feito o mesmo em seu lugar, se é possível que a pessoa que causou a morte e a destruição não seja tão diferente de você e de mim”.
São nas últimas páginas, que vemos o Adam, o propósito do seu trabalho. Uma lição de moral dada nos 45 do segundo tempo. Vemos a admiração que Kitty e os demais estudantes tem por Adam Klein. Queria mais esse Adam no livro, pois assim quem sabe eu também teria me apaixonado pelo barbudo da estrada.
XOXO
Mia Fernandes.