A Origem do Mal e A Queda dos Anjos

A Origem do Mal e A Queda dos Anjos Luiz Henrique Junior (Irmão Trovão)




Resenhas - A Origem do Mal e A Queda dos Homens


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Emanuel.Müller 14/02/2022

Excelente livro e muito esclarecedor sobre a temática!



Hoje encerrei a leitura deste excelente e esclarecedor livro, do qual trata de uma temática que desperta a curiosidade de muitos, principalmente no meio cristão, sobre a angelologia e a demonologia.

É importante destacar a quem desconhece deste assunto teológico de que o mal, na concepção cristã, não é uma substância, mas sim uma carência do bem. O mal é a própria ausência e privação do bem. O pensamento que veio a partir da revelação judaico-cristã contrapõe a visão dualista que muitos têm sobre o mal. Temos que reconhecer que se existisse um deus que fizesse todas as coisas boas e outro que destruísse todo o bem realizado pelo primeiro, ambos deuses se aniquilariam. Tal visão atenta contra a lógica e a razão.

O cristianismo nos esclarece ao revelar que Deus é o Sumo-Bem e que todas as coisas por Ele feitas são boas, vide o começo da narrativa da Criação apresentada no livro do Gênesis.

Se Deus não é o autor do mal, como afirmam os gnósticos e maniqueístas, como surgiu o mal? O mal é a consequência do mal uso do livre-arbítrio.

Deus, antes de criar o homem a sua imagem e semelhança, criou os anjos. Teólogos como Santo Agostinho acreditavam que a criação dos anjos se deu no primeiro dia da criação, quando Deus disse “Faça-se a luz”. Comentário meu: Há quem discorde desta opinião do bem-aventurado padre, como é o caso do Pe. Luiz Fernando Pasquotto, que apresenta uma ideia distinta referente a esta passagem bíblica. Mas o que podemos constatar, de acordo com os Padres da Igreja e também com outros teólogos, é o fato de que os anjos foram criados antes do homem.

Os anjos são seres puramente espirituais, logo não possuem corpo, diferente do homem que possui um corpo mortal e uma alma espiritual imortal. Tendo em vista de que a morte é a separação do corpo e da alma, os anjos morrem? Não, porque possuem em sua natureza, conforme foi apresentado, apenas alma espiritual.

Estes seres angelicais foram criados no tempo, mas não no tempo material tal como nós, seres sensitivos, fomos criados. Deus fez os anjos do nada, numa espécie de “eternidade”. Os teólogos chamam este tempo em que os anjos foram criados de “evo”, que é uma eternidade com princípio. É preciso esclarecer que somente Deus é eterno, Ele não tem princípio nem fim. Já os anjos, seres criados, tiveram princípio, e como não morrem, por não possuir corpo, são imortais. Em outras palavras, estes seres angélicos nasceram com um princípio, mas não possuem fim.

O nome anjo vem do latim "angelus" e do hebraico "Malak", que quer dizer "enviado" e "mensageiro". Os anjos tem como missão serem enviados e mensageiros de Deus.

Estes seres angelicais são mais próximos de Deus e possuem uma inteligência maior do que a nossa. Possuem dons que nós não possuímos, pelo fato de sermos constituídos de corpo (só temos este corpo, quando ressuscitarmos no fim dos tempos, será com o mesmo corpo) e alma. Nós somos animais racionais, somos seres intermediários entre os anjos (puro espírito) e os animais (seres sensitivos). Quanto mais nos aproximarmos dos anjos, mais inteligentes e espirituosos nos tornamos; quanto mais nos aproximarmos dos animais, mais rudes e brutos nos tornamos, como bem fala São Francisco Sales.

Os anjos visam a adoração e o louvor a Deus. Eles são ministros e como sacerdotes de Deus que louvam ao Senhor na liturgia celeste, como bem apresenta o livro do Apocalipse, no capítulo oito.

Junto a esta liturgia em adoração ao Senhor, há uma hierarquia angelical que se apresenta nas Sagradas Escrituras, conforme Cl 1,16, e foi bem desenvolvida na Tradição. Os anjos das hierarquia superior levam a luz da Santíssima Trindade para os anjos inferiores.

Dentro destes anjos, na alta hierarquia dos anjos há um ser angelical que se destaca, a ponto dos Santos Padres chamarem-no de Príncipe dos anjos, este anjo se chama Lúcifer. Por muito tempo se discutiu na teologia se ele era um serafim, arcanjo ou querubim. Santo Tomás de Aquino nos esclarece que, tendo em vista que o serafim é o que mais está próximo da Santíssima Trindade, são os que ardem e se inflamam pelo fogo da caridade, logo não podem cair em pecado mortal; já os querubins que são anjos de ciência, por não terem necessariamente o fogo da caridade, podem cair em pecado mortal. Isto vai muito de acordo com as Sagradas Escrituras ao falar do querubim que era o mais luminoso quando estava em Deus, porém se corrompeu ao cair na própria iniquidade, perdendo a perfeição que teve outrora (conforme vemos em Ezequiel 28, 12-17).

Muito pouco nos foi revelado das razões para a queda dos anjos, o que há são cogitações teológicas a partir do que nos foi revelado nas Sagradas Escrituras.

O que sabemos é que o pecado de Satanás e dos anjos que acreditaram na mentira por ele feita (temos que lembrar o que o Senhor falou de que o diabo é mentiroso desde o princípio, pois não permaneceu na verdade (cf. Jo 8,44)) foi a soberba e logo em seguida a inveja. Importante destaca que é a soberba que precede a inveja, pois a soberba é o desejo da própria felicidade acima dos outros (de forma desordenada), enquanto a inveja é a infelicidade com a felicidade alheia.

É importante comentar que na passagem sobredita no testemunho do evangelista São João, ao dizer que o diabo é o pai da mentira e desde o princípio não havia permanecido na verdade, não quer dizer o princípio antes da criação, mas sim o princípio da história da salvação, como bem esclarece o autor do livro.

Lúcifer preferiu buscar uma felicidade alternativa sem Deus, com o próprio orgulho, do que uma felicidade com Deus, e quis levar o máximo de anjos com ele. Por isso, entende-se que ele levou consigo na queda uma terça parte dos anjos (cf. Ap 12,4).

Como os anjos são seres espirituais, não tendo, pois, corpo, a guerra angelical não foi com armas e socos, mas sim por meio intelectivos. Quem venceu foi Miguel e os bons anjos, a luz das graças da Paixão e Ressurreição de Cristo, como bem disse Beato Clemente Marchisio, em seu livro “A Eucaristia combatida pelo satanismo”.

Com a queda, os anjos rebeldes ao gritarem “não servirei” e tomarem a sua decisão, sem arrependimento, perderam a luz que vinha de Deus e não deles mesmos, tornando seres maus, privados da visão de Deus. Alguns caíram para o inferno e outros na Terra, mas todos os anjos caídos estão condenados eternamente. Mas aqui na Terra só tem demônios? Beato Clemente Marchisio afirma que após a prova dos anjos, os justos e fieis passaram a ver a Deus face-a-face, gozando da felicidade e sabedoria eterna, e alguns destes anjos permaneceram no Céu e outros foram na Terra para nos proteger das tentações do maligno.

Por inveja do demônio, ao verem a felicidade de Adão e Eva no Éden, e ódio pelo fato que com a Encarnação, Deus elevaria a natureza humana (hipótese teológica surgida a partir do século XVII, pelo teólogo jesuíta Fernando Suárez). O maligno quis tentar Adão e Eva e leva-los a perda da graça, fazendo um pacto maligno. Este pacto maligno só é quebrado na Paixão e Ressurreição de Cristo.

Cristo, na cruz, assume todos os pecados da humanidade e de todos os tempos. Como “o salário do pecado é a morte” (Rm 6,23). O autor do livro, fundamentando-se no demonólogo e exorcista Antonio Fortea, Cristo na cruz teve o sofrimento do Inferno, porém ao mesmo tempo sentia o amor do Pai. Por esta questão, compreendemos o que o beato Charles de Foucauld, em sua obra “Meditações sobre a Paixão do Senhor”, fala que é muito difícil compreender o quanto Nosso Senhor sofreu na Paixão. Se Ele com a sua Paixão, pagou a pena de nossos pecados, como imaginar o próprio Deus sentir as penas do Inferno para a nossa salvação? Se humilhar a tal ponto para poder nos salvar da morte eterna. Mas a partir disso, Cristo ressignificou a cruz que era símbolo de humilhação e de escravidão (de acordo com George Orwell, em seu ensaio “Arthur Koestler”), com a sua Paixão, transformando-a de um instrumento para matar ladrões e os grandes criminosos, para ser artifício de salvação Nele.

A fé do Filho de Deus no Pai, como bem disse o teólogo dominicano Martín Gelabert, em seu livro “A Serpente Astuta: origem e transmissão do pecado”, era a fidelidade ao Pai, mesmo na aparente derrota, Ele sabia que o Pai estava com Ele. Jesus não buscava agradar os homens, mas somente ao Pai, sendo a imagem do que Adão deveria ter sido. Por isso recitamos na sexta-feira santa, “Jesus Cristo se tornou obediente, obediente em uma morte numa cruz”.

Foi na cruz, na humildade e obediência do próprio Deus Encarnado, que Ele venceu o demônio. É através do Sangue Precioso de Cristo que podemos ser salvos e sermos felizes para sempre.

O mal, no fim, não vence. Sempre o bem é o vencedor! E este livro nos mostra bem disso.

Aos interessados, algumas passagens bíblicas que comenta sobre esta realidade, principalmente da queda dos anjos são as seguintes: Jo 8,44; Is 14,14; Ap 12; Ez 28, 12-17; Lc 1, 51-52; Lc 10,18; 2 Pd 2,4; Sb 2,24; Tb 4,14.

O autor deste livro nos apresenta a temática em uma linguagem acessível e de uma forma muito interessante, sempre fundamentado nas Escrituras, na Tradição e no Magistério, sem cair em esoterismo.

Recomendo a todos a leitura deste excelente livro! Vale muito a pena a sua leitura. Será muito esclarecedora para vocês, assim como foi para mim.





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caiquedtb 03/08/2020

Caiu por soberba!
Irmão Trovão surpreendeu com essa obra sobre a origem do mal e a queda dos anjos!
Simples, objetiva e entusiasmante!
Traçou o conceito do mal, da Criação boa dos anjos, sua natureza, a queda e o triunfo glorioso da Cruz. Traçou também as hipóteses da queda de Satanás e seus anjos, de maneira conclusiva, trazendo o ensinamento dos teólogos. Que o "não servirei" de Satanás não se repita em nós! São felizes as vidas que se consumirem no serviço da Igreja.
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