Enervadas

Enervadas Chrysanthème




Resenhas - Enervadas


11 encontrados | exibindo 1 a 11


Adriana Scarpin 22/01/2021

Que achado, Maria Cecília Bandeira de Melo, vulgo Chrisantheme, era a nossa Colette. Ficou décadas sem ser reeditada (para não dizer um século todo) e sem se fazer presente às novas gerações, descrevia mulheres muito à frente de seu tempo da sociedade carioca, além da multiplicidade de tipos femininos em seu livro, o mesmo leque aberto de diferentes tipos de sexualidade se faz presente. O trabalho de resgate que a Carambaia tem feito é espetacular, pena que seus livros sejam tão caros e muito além do poder aquisitivo do brasileiro médio.
comentários(0)comente



Adriana1161 05/09/2020

Atual e moderno
O livro, escrito em 1922, é muito atual.
Chrysanthème, pseudônimo de Maria Cecília Bandeira de Melo Vasconcelos, foi uma escritora feminista, cujas obras foram condenadas ao ostracismo por serem consideradas escandalosas.
Trata de temas como divórcio, drogas, religião, liberdade feminina e inclusive uma gripe que assolou as pessoas nessa época, com alta mortalidade!
Gostei de uma passagem em que "a enervada se irritou por ser chamada de enervada" !
Personagens: Lúcia, padre Jerônimo, Júlio, Laura, Maria Helena, Magdalena, Margarida, Roberto, Pedro Monteiro
Uma curiosidade, a editora Carambaia reeditou esse livro, graças à descoberta de um único exemplar, localizado no Real Gabinete Português de Leitura. Totalizando 1000 cópias - a minha é a 110.
comentários(0)comente



Ariadne 31/12/2020

Carambaia segue acertando
Bom livro sobre a condição feminina no Brasil do início do século XX com personagens críveis, boa escrita e texto muito sagaz.
comentários(0)comente



Leila de Carvalho e Gonçalves 28/03/2019

À Beira Do Moderno
A carioca Maria Cecília Bandeira de Melo Vasconcelos (1870-1948) foi uma escritora de sucesso mas menosprezada pela crítica por conta de seus romances considerados escandalosos. Nos dias de hoje, sua vasta obra - formada até mesmo por contos infantis - está condenada ao ostracismo, eclipsada pelo Modernismo que monopolizou as artes durante grande parte do século XX. Aliás, ela não foi a única vítima, autores como Théo-Filho e Benjamin Costallat padecem do mesmo problema, e a publicação de ?Enervadas? é uma boa oportunidade para entrar em contato com este fenômeno e um estímulo para que outros livros saiam do anonimato.

Aliás, livros que primam pela raridade, por exemplo, ?Enervadas? foi lançado em 1922 e só mereceu uma nova edição graças a descoberta de um único exemplar, localizado no Real Gabinete Português de Leitura. Em contrapartida, Chrysanthème ou Madame Chrysanthème foi o único pseudônimo usado pela autora e trata-se do título de uma novela de Pierre Loti que deu origem a uma conhecida ópera: ?Madame Butterfly?, de Puccini.

Se enervada é uma palavra pouco usual hoje em dia, era frequentemente empregada no passado e referia-se a uma suposta moléstia que acometia ?moças malcomportadas? que não se adequavam a moral rígida da época que lhes destinava uma vida caseira, voltada para família.

Logo nas primeiras páginas do livro, Lúcia, a protagonista e narradora, recebe esse diagnóstico, enquanto flerta com o médico durante uma consulta. O romance, marcado pelo rebuscamento, revela-se a confissão da sua fragilidade física e emocional e de seu anseio por viver intensamente, sem se importar com as consequências e desafiando as convenções. Como esperado, esta atitude também é recorrente em seu círculo de amigas.

Na verdade, Lúcia é a imagem da ?pobre menina rica?. Mimada e coquete, ela é apresentada como uma mulher moderna. Todavia, ela está apenas à beira do moderno, ?vagando à margem de uma consciência de seu papel enquanto mulher?*, portanto confinada ao patriarcalismo vigente. Da mesma forma, ouso concordar com Beatriz Rezende que no Posfácio afirma: ?os homens do universo de Chrysanthème não estão muito distantes dos de nosso tempo.?

Finalmente, ?Enervadas? também exibe um interessante esboço da elite da Nova República, tendo como palco a antiga Capital Federal. Registrando uma agitada vida social e a influência francesa nos gostos e costumes, chama atenção a costumeira politicagem, o consumo liberado da cocaína e morfina assim como o ?divórcio? que, ao contrário dos dias de hoje, não passava da separação de corpos e impedia uma nova união civil.

Quanto a edição, ela se distingue pela qualidade, como é peculiar às publicações da Editora Carambaia. Totalizando 1000 cópias - a minha é a 105 - a cereja do bolo é o original projeto gráfico que explora as flores cujo perfume é um elemento de intensificação das chamadas ?enervações? de Lúcia. O papel do miolo é Munken Print (80g/m2) e as fontes usadas são a Brenta e a Muggenburg Grotesk que lembra os cartazes de cinema do final de 1920.

(*) CECÍLIA VASCONCELOS E AS MODERNAS MULHERES: A FIGURAÇÃO DE CHRYSANTHÉME - Rosa Gens (UFRJ)
comentários(0)comente



Pandora 20/07/2019

Você sabe quem é Chrysanthème? Pois é, eu também não sabia. Uma das coisas que mais admiro na Carambaia é ela trazer autores desconhecidos, reeditar livros perdidos no tempo, desencavar textos que só haviam sido publicados em periódicos, enfim... nos brindar com verdadeiras preciosidades.

Maria Cecília Bandeira de Melo Vasconcelos, a Chrisanthème, nasceu em 1870 no Rio de Janeiro e era filha da também escritora Carmen Dolores, pseudônimo de Emília Moncorvo Bandeira de Melo. Ambas feministas; ambas com vasta produção literária e conhecidas em sua época; ambas esquecidas.

O estilo de vida livre de Chrysanthème, bem como os temas de seus livros foram muito criticados, inclusive pelo escritor Humberto de Campos: “Conhecedora da vida e da sociedade em que respira e se move, a sra. Crysanthème poderá fornecer às letras brasileiras excelentes romances de observação. Basta que se proponha a escrever mais sossegadamente e pondo em cena personagens pouco mais asseados de língua. “O que os outros não veem” foi escrito, evidentemente, mais para efeito moral que literário. Teria conseguido seu objetivo ascendendo nas mulheres o ódio ao homem? Eu não creio”. *
Só este tipo de crítica já me faria ficar interessadíssima na obra da autora.

"Enervadas" é narrado em primeira pessoa por Lúcia, uma rica, mimada e linda carioca de olhos de gata que é diagnosticada por seu belo e moderno médico como “enervada”. A enervação de Lúcia é, na verdade, um desejo de liberdade, um inconformismo diante do papel secundário relegado às mulheres, uma ânsia de viver plenamente sem se importar com a opinião alheia. Suas melhores amigas, que ela também chama de enervadas, são bem diferentes entre si: Maria Helena só se interessa por mulheres; Laura sai com um homem atrás do outro; Magdalena é apática e viciada em drogas; e Margarida é a satisfeita mãe de uma penca de filhos.

Lúcia é moderna, sim, mas seus desejos de liberdade são os de uma mulher afortunada e ciente do seu fascínio: passam por amores e vida sem regras, mas não incluem trabalho ou estudo. Na verdade, embora tentasse fugir de todas as pressões, Lúcia se via em conflito às vezes:
“Como são leves e passageiras essas resoluções das mulheres quando ninguém existe que as impulsione e as domine!”
“(...) eu possuo duas almas: uma que, tranquila espectadora, analisa a outra, que se agita, se exalta, jura e rejura coisas que espantam a primeira.”
“Quero amá-lo, é necessário que eu ame, que me sujeite ao seu domínio, que me curve ao seu poder de homem.”
“Os homens não perdoam às mulheres que não os consideram como indispensáveis à sua existência (...)”
“Nasceu em mim uma necessidade de ser protegida que me torna de novo obediente e submissa a suas ordens.”
“Se todas nós tivermos de ler pela mesma cartilha e proceder como ela ordena, o mundo será monótono!…”

Enfim, a “enervada” Lúcia tenta viver de acordo com suas aspirações, mas vez ou outra escorrega. É uma narrativa agradável e dinâmica, mas por tudo o que apresenta, o final é decepcionante. De qualquer forma, vale muitíssimo o resgate da obra e, principalmente, de Chrysanthème.

*Citação comentada no posfácio de Beatriz Resende.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



pirocadeperuca 15/02/2024

Tem sapatona, tem 🤬 #$%!& , tem traição, tem viciada, tem divórcio, tem paixão por padre, tem pandemia, reviravolta, tudo isso num livro de 1922, é sensacional
comentários(0)comente



Karolina Novais 20/03/2019

Maravilhoso e atual
Não sei nem explicar a minha felicidade ao terminar essa leitura.
Foi escrito a tanto tempo mas é tão atual que até assusta.
Gostaria que publicassem tudo o que essa mulher escreveu.
comentários(0)comente



Felipe Philipp 14/08/2020

Enervada!
Esse livro foi um achado da Carambaia, pois só tinham uma versão dele na belíssima biblioteca do RJ. O livro é tão atual, que chega a chocar: drogas, homossexualidade, amor, divórcio e muito machismo, aliás o patriarcalismo nunca saiu de nós, brasileiros. No final, eu esperava algo mais feminista, isso não ocorreu, e eu compreendo o porque, é um livro de 1922. Mesmo que o feminismo tenha iniciado na Revolução Francesa, e o feminismo estadunidense somente em 1840 começou a ganhar forma, não podemos esquecer que o feminismo no mundo só deu suas caras com força em 1960, por isso é compreensível aquele final. Chocante pensar em quantos talentos foram perdidos por algo tão estúpido.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Caio194 28/02/2024

O diagnóstico como ferramenta de controle, a doença como patologia social: "Eu sou, então, uma ?enervada?; e tudo isso que me atormenta de dia e de noite, esse atropelo de pensamentos, essa ânsia de gozar a vida, de não perder um bom pedacinho dela, de amar exaltadamente, de aborrecer depois fastidiosamente o que ontem eu adorava, serão os sintomas dessa moléstia que me atacou sem que eu lhe soubesse o nome?" Um texto de 1922, de uma feminista carioca, sobre loucura, família burguesa, e patologias sociais.
comentários(0)comente



11 encontrados | exibindo 1 a 11


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR