Aline Marques 27/03/2019Identidade é liberdade, seja você divino ou não. [IG @ousejalivros]Circe é a mais comum dentre os herdeiros do grande titã Hélio, o Sol. Calada, observadora e obediente, a ninfa pouco tem a ver com os seres poderosos com quem compartilha a eternidade, sofrendo com seu humor ofensivo, indiferença e assédios.
Solitária e confusa, Circe decide se aproximar da humanidade em busca de amizade, carinho e respostas, e ao iniciar uma aventura capaz de surpreender até o mais estóico dos Olimpianos, acaba descobrindo muito mais sobre o mundo dos deuses e o dos homens, e também, sobre si mesma.
Descartando tudo o que é supérfluo, Miller constrói uma narrativa de ritmo e estrutura lineares.
Seres humanos e divinos competem pela atenção (e torcida) do leitor, com suas personalidades atraentes, atitudes falhas e sentimentos contraditórios.
A atmosfera de plausibilidade vai além da relação com os personagens e a ambientação da trama, pois a autora denuncia as opressivas relações de poder que envolvem a questão de gênero e raça, sutilmente interligando a ficção com a realidade.
Também é de forma atual e sagaz que avançamos através das páginas repletas de perigos e magia, aprendendo mais sobre o poder da coragem e a força do amor.
Uma releitura ousada e memorável, capaz de transpor os limites do tempo e da imaginação. Leia.
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TW: violência, discurso de ódio e estupro.