Lidia 12/07/2020É um livro que demanda muita energia. Muita coisa acontece o tempo todo, muita coisa muda o tempo todo e isso acaba deixando a leitura um pouco cansativa.
Mas de qualquer forma, é uma trama que consegue falar e interagir com o leitor. Também achei ótimo ver um pouco mais da Carla e da Júlia.
A leitura prévia de O infinito em duas voltas e as próprias projeções de Carla para Letícia faz com que a gente projete também as mesmas expectativas. A própria Letícia sente, ela projeta em Paula uma história que observou em nome de um sentimento muito bonito que compartilharam na adolescência.
Pessoalmente, me identifico com a história em diversos aspectos, mas enquanto no livro esses sentimentos são desenvolvidos ao longos de muitos anos, eu não precisei de tanto.
É sobre olhar pro passado e dispensar a eles sentimentos ilusórios, expectativas irreais de coisas que já se foram e não podem mais ser, jamais serão. O passado não volta, as pessoas se tornam outras e a gente também.
No entanto, acredito que quando olhamos demais pro passado é porque o presente se faz insatisfatório. Se o que está ao alcance dos olhos fosse mesmo arrebatador, não seria difícil enxerga-lo como tal e o passado não se vestiria de forma sempre tão tentadora.
Em determinado momento eu entendi que nenhum final me satisfaria, justamente por isso. O passado era passado e as personagens já haviam machucado suas respectivas parceiras demais para que tudo se resolvesse assim.
Mas como é de esperar num romance de Diedra: gente se envolve, entra na história, torce e fica feliz pela felicidade das personagens, seja lá onde encontrem.
No fim a sensação é sempre a mesma: vale a leitura.