Terra

Terra Sebastião Salgado




Resenhas - Terra


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JP 06/10/2011

Realidade, Direito, Justiça
Baseado em um trabalho de caráter documental, expressando profundo engajamento político, este livro reúne a grandiosidade e o alto teor dramático da obra de Sebastião Salgado. Composto por imagens dotadas de alta voltagem emocional, este trabalho cheio de densidade é entrecortado por visões sublimes, como a da fotografia da menina que ilustra a capa da publicação.

Como se não bastasse a força presente nesta apresentação, somos confrontados pela vida ingrata a que são submetidos milhões de seres humanos espalhados por diversas cidades do Brasil. Acompanhados pela fome, pela miséria, pela espera do momento da morte, estas pessoas mostram-se fruto de uma "justiça que não se cumpre e um direito que não os respeita".

Amparado por um texto irrepreensível de José Saramago, Sebastião Salgado nos mostra que há momentos em que a realidade não se deixa passar indiferente.

“Diziam eles que se o cordeiro veio ao mundo para ser comido pelo lobo, conforme se podia concluir da simples verificação dos factos da vida pastoril, então é porque a natureza quer que haja servos e haja senhores, que estes mandem e aqueles obedeçam, e que tudo quanto assim não for será chamado subversão.” (José Saramago)
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Deize 09/12/2012

"Somos livres para fazer quando temos o poder de fazer" Sartre
A terra pode ter vários significados, além daquele de ser a parte branda do solo, este possui um enorme e destruidor valor simbólico. Uma grande faixa de latifúndio pode representar a grandeza econômica de uma pessoa ao mesmo tempo em que esta pode ser a base para formação e o crescimento de milhares de pessoas que buscam, no trabalho agrário, a sua sobrevivência e sua felicidade, pois, como dizem os filósofos só através do trabalho que se alcança a felicidade plena. Porém, existe um hiato entre o ideal e o real, mas, isto não é, na sua essência, a regra e sim a exceção.
A questão agrária como sabemos não um problema novo, desde que surgiu a propriedade privada a desigualdade na distribuição desta efetivou-se, com o capitalismo a questão não foi resolvida, pelo contrário. O capitalismo não é rejeitado porque não tem "pena" dos pobres, mas por sua natureza intrinsecamente coisificadora, que faz com que as pessoas acreditem na existência da propriedade privada e que todos devem aceitar a existência de muitas terras para poucos e nada terras para muitos.
O sistema capitalista possui um verdadeiro e grandioso mecanismo para controlar as pessoas, estas são tão manipuladas que não se conscientizam disto, estas manipulações vão desde as religiões até as forças armadas, a mídia é uma aliada fundamental, pois consegue controlar as massas que ficam horas em frente a um veículo de comunicação que só faz proporcionar a prisão pelo sistema, além de influenciar as pessoas para o excessivo consumo, aliás, este é o papel que a sociedade nos dá, o de consumidores assíduos, que se rendem à excessiva propaganda, vendendo suas almas por um produto, pois acham que os desejos têm que ser alimentados, mas estes não sabem que os desejos se alimentam por si só.
Aqui no Brasil, a questão agrária nunca foi realmente debatida e solucionada, o estado e a justiça estão defendendo os interesses da classe média e alta, sendo que são estes os grandes interessados na continuação desta situação, pois, os mesmos possuem a maior parte do latifúndio. A resistência do povo é através de movimentos sociais como o MST, porém estes sofrem muitas represarias por parte do governo e dos grandes fazendeiros. Além disso, a própria sociedade não apóia a luta, já que, são influenciados pela mídia que faz parte dos interesses dos dominantes e enxergam tais movimentos como violentos e não cumpridores das leis, maus estes sabem que esta justiça não os atendem. Fazendo uma alusão à "Ensaio sobre a cegueira", de José Saramago, observa-se que a pior cegueira e a falta de consciência das pessoas que vivem no senso comum, enxergam a parte de um todo e não a coisa em si, ou seja, vivem no mundo da pseudoconcreticidade.
A vida é constituída de paradoxos, enquanto muitas pessoas, inclusive crianças, morrem pela luta por um pedaço de terra a sociedade brasileira tenta esconder o problema dando mais atenção a outros fatos como a crescente violência urbana, mas e os morticínios no campo? Será que isto não é um problema grave?
Na verdade a resolução deste problema pode ser atingível, mas, isto não é do interesse da elite brasileira, assim, como a questão da distribuição igualitária das terras para as populações que não tem acesso a este. Além disso, isto pode propiciar a possibilidade eminente da perca de privilégios dos dominantes, que obtém seus lucros através da exploração da maioria da população. Dentre os explorados estão os milhares de imigrantes que vendem a sua força de trabalho para garantir a sua sobrevivência, já que em sua região não existe oportunidades.
Como diz uma música de Chico Buarque, O cio da terra: "Decepar a cana, recolher a garapa da cana, roubar da cana a doçura do mel/ Afagar a terra, conhecer os desejos da terra, cio da terra propicia estação e fecundar o chão". Neste breve trecho, pode-se observar claramente, que a população que sofre tanto com a questão agrária só quer o pedaço de terra para sua plantação e "se lambuzar de mel", ou seja, que o trabalhador tenha o direito de ser o único dono do produto do seu trabalho.
Portanto, é crucial o papel da sociedade em apoiar os movimentos sociais e a plena conscientização dos fatos, deve haver a união dos povos contra a militarização e o genocídio, em defesa da liberdade, da solidariedade, a igualdade econômica para todos e dos direitos humanos.
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