Gabrieli Gudniak 16/03/2019Amadurecimento.As Peças Que Me (De)formaram é o primeiro livro da autora A. N. R. Mota, uma coletânea de poemas que abordam diversos temas e fases da vida.
Com todos os poemas sendo em verso livre, o livro segue um movimento (tendência, etc, é algo relativamente novo) que vêm se espalhando pela internet, que divide opiniões, entre aqueles que acham que é baixa literatura, e os que veem como não só algo válido, mas uma forma de desafiar o véu sacro e intocável que recaiu sobre a poesia. Eu estou com os últimos.
Sem mais delongas, os escritos da autora são retratos intimistas, que conseguem não apenas conquistar a empatia do leitor, mas também dialogar com as experiência de vida de quem está lendo. O que, por sua vez, pode ser tanto uma benção, como uma maldição, afinal, os temas são comuns, mesmo quando exalam sentimentos.
Os poemas em si apresentam altos e baixos, contando uma história, o amadurecimento do eu-lírico sendo um dos pontos mais notáveis e que mais me agradou. Existe um reflexo de infância/relacionamentos, com um círculo vicioso fácil de ser notado e que também gostei bastante de ver quebrado. Entretanto, além dos altos e baixos que já mencionei, os poemas não se sustentariam por si só, ou ao menos não teriam tanto impacto fora da obra, parece faltar certa experiência à autora (que eu dou todo apoio para que ela consiga) e técnica (levando em conta que estar fora da técnica ainda é uma técnica).
Eu posso estar viajando nesse quesito, mas consegui ver algumas influências de outros escritores. Posso estar errada, mas ainda acredito que a autora precisa encontrar sua marca.
O final da segunda parte soa como um clímax, enquanto a terceira, como o fechamento de uma história. Talvez pelo amadurecimento do eu-lírico, ou da própria autora, esses dois momentos são o ponto alto do livro.
As Peças Que Me (De)formaram está disponível também no kindle unlimited, uma leitura rápida e prazerosa que eu recomendo não só para aqueles que assinam o serviço.