Nana Barcellos | @cantocultzineo 20/05/2019
A Origem do Mal é o segundo livro da série Sombras do Mundo. Resenha livre de spoilers.
Alany Green viu sua vida mudar completamente após seu aniversário de dezoito anos. Conheceu o misterioso Antoni, se apaixonou pelo cantor Santiago, descobriu um par de segredos envolvendo sua vida, se sentiu traída por quem mais confiava e, consequentemente, se deixou permitir ao seu dom. Alany é uma celsu híbrida, em vista que sua mãe se relacionou com um humano. Ela pode ler a energia das pessoas, enxergar suas cores e interpretar as tendências maléficas, o que neste volume tem de sobra.
Ao conhecer Antoni, a jovem ingressou no mundo oculto e passou a conhecer outros celsus habitando nas redondezas de Nova York. Cada um com seus diferentes dons; lobisomens, incubus, bruxas, vampiros... Mas, mal sabia que se unir a Antoni a colocaria em risco junto com sua vó, Eleanor. O alto escalão dos celsus, chamado Ministério, está caçando Antoni, pois acreditam que ele seja uma ameaça e estão prestes a iniciar um confronto. Antoni sabe, que ao se conectar com Alany, acabou por deixá-la exposta e decide protegê-la. No momento, o Ministério não faz ideia de quem Alany é filha e que ela é uma híbrida. Seu destino seria a morte.
Após os eventos finais do primeiro volume, Alany está fugindo junto com Antoni e sua avó. Ao descobrir que uma de suas amigas está correndo perigo, a jovem se vê em mais um teste de confiança em relação a Santiago. E dessa vez, Antoni e seu ar acusador saem ganhando. Porém, não parece restar segurança em nenhum lugar, e passam boa parte das páginas em fuga. Will, amigo de Alany, reaparece com sua namorada, a doce Alamanda, e se juntam a eles nessa jornada.
A estrada é longa, o que dá pano para Alany questionar várias das ações de Antoni e até de sua avó. Eleanor mostra que também é boa em guardar segredos, nos surpreendendo em cada uma de suas revelações. Alany se reconecta com seu passado, despertando lembranças adormecidas e com a imagem de sua mãe, quem esquecera por um tempo. Sua mãe é uma pessoa muito valiosa para o Ministério e teve seus motivos para abandoná-la, inclusive pela perseguição do poderoso Handall, que está no comando.
Antoni tem uma ideia de destino. Um abrigo com os celsus de Salém. Entretanto, é um local com suas próprias regras e o grupo precisa passar por várias provações, encararando seus próprios medos. Alany não imaginava os ensinamentos que poderia absorver naquele lugar e nem o quanto poderia estender seu poder. Fato que tudo a prepara para um combate. Só resta estar preparada, para quando esse momento chegar.
"Perguntas são perigosas, porque carregam a responsabilidade de decisão sobre o que fazer com a resposta."
Não faço ideia de quantos livros a autora pretende para a série, mas senti que esse volume foi como uma reconexão para Alany e enfim, se reencontrar. Será necessário antes que a tempestade chegue. E também é ruim julgar se a autora entrega menos do que devia. Acho que sou muito gulosa. Ha! Os ânimos de boa parte estão agitados. Cada vez mais fica difícil saber em quem confiar. Sério, até da avó Eleanor dá para desconfiar algumas vezes. Daniella Rosa mantém o tom instigante e enigmático em sua escrita, com momentos de grandes riscos para seus personagens. Por outro lado, sinto que teme perdê-los. Há grandes conflitos, porém sem resultados mais fúnebres.
Como estava energética com o final do primeiro volume, emendei esse, e fico pensando se foi uma boa ideia. Vamos falar das coisas positivas primeiro, pois preciso ter uma noção de como irei concluir a avaliação. A construção de Antoni continua atrativa - tirando os excessivos sorrir torto e mascar chiclete - ainda mais com o toque humano que a convivência com Alany está adicionando a ele. É muito bacana acompanhar a maneira como ele se abre, aos poucos, no decorrer das páginas. Sim, aos poucos, pois não entrega todo o jogo JAMAIS. Mas, eu disse que os ânimos estão agitados, né? Há várias discussões entre dos dois, a fim de causar certa tensão. Da minha parte, a cada nova descoberta do passado de Alany, menos eu os vejo como casal ou torço pra que isso aconteça.
Deixando claro para vocês, o Antoni não é um vampiro. Não contei que tipo de celsu ele é, pois a autora revelou perto do finalzinho do livro anterior, então encarei como spoiler. Porém, ele tem bastante vida pra contar e tem a aparência intacta. As descobertas do passado da protagonista envolvem ele também. É até interessante, pois coloca em pauta se ele é realmente confiável. Alany confia tanto nele, sem nem questionar suas escolhas, que chega incomodar às vezes. Mas o ar enigmático e a dualidade de alguns personagens, é o que certamente ajudará a devorar as páginas dessa série. E neste volume, a protagonista precisa lidar com uma decepção que é capaz de atingir o leitor, logo nos primeiros capitulos.
"- Essa cidade não lida muito bem com coisas que não consegue explicar, assim como a maioria dos humanos - concluiu Antoni."
Um arco que preciso destacar é o de Salém. É um dos momentos altos dessa parte e adorei os caminhos. Queria tanto que a Alany tivesse ficado e estudado mais com a bruxa. Espero que a amizade delas dure. Foi o lugar onde a jovem viu o pior e o melhor de seu dom, trazendo uma cena muito bonita. Embora, eu tenha mencionado de estar desconfiada de alguém no grupo. Pois é, no livro anterior, a Daniella nos apresentou um celsu metamorfo, e eu fiquei muito desconfiada da pessoa que ficou em Salém. Mas, claro, pode ser outro traíra...
O enredo continua muito criativo e sigo adorando a abordagem mística. Sempre fico curiosa pra saber que tipo de celsu é cada um que aparece. Mas o fato da narrativa ser em primeira pessoa, ainda me deixa incomodada em alguns momentos, como o sequestro da amiga. O leitor só sabe o que a Alany sabe, e através das informações que Antoni ou Will concedem. Até o desfecho do caso é assim. Não foi muito justo com as duas personagens, pois a amizade delas foi bem explorada no anterior.
E isso me vem ao ponto do temer perdas. Há um personagem ligado a Santiago chamado Príncipe. Tá todo mundo morrendo de medo do homem, mas só falam. Nenhuma ação pra gente realmente ver do que ele é capaz. Uma mortezinha daria uma mexida ainda mais nos ânimos da galera, além de deixar o leitor conhecer o lado impiedoso que tanto falam do Ministério.
" - O ser humano não tolera facilmente tudo que é diferente, talvez pelo medo de se tornar como aquilo que lhe causa estranheza. Mas, o que realmente os assusta, é encontrar no outro algo que eles nunca poderão ser - interveio Antoni."
A Origem do Mal é o ponto que nos deixa na expectativa. Para conhecer o grande vilão Handall, para assistir as máscaras caírem, para ver nossa protagonista se encontrando cada vez mais com seus poderes e ainda, descobrir toda a verdade que levou a perseguição de Antoni mais esse futuro embate. Soa como um intermediário, sabem? Pós uma lutinha e pré grande combate. O final nos deixa esperança, de que eles podem contar com alguns aliados, e deixar fluir certa confiança. Apesar das minhas ressalvas, eu estou muito ansiosa para o terceiro volume.
" - Eu adoro esse país! Tem cheiro de hipocrisia."
Edição lida em e-book. Adorei a organização, apesar que meu Kindle se estranhou com o capítulo 4, eu no desespero querendo o resto, que só baixou depois. Ha! Segue a formatação do anterior, assim como capa, que traz Alany em outra situação perigosa, dessa vez na floresta de Salém, acredito eu. Adorei as cores.
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