Naondel

Naondel Maria Turtschaninoff




Resenhas - Naondel


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Queria Estar Lendo 14/04/2023

Resenha: Naondel
O segundo volume da trilogia As Crônicas da Abadia Vermelha chegou aqui em cortesia pela Editora Morro Branco. Naondel é um prelúdio ao que acontece em Maresi, nos levando aos eventos que uniram as mulheres que fundaram aquele refúgio.

Aviso de conteúdo: violência sexual e abuso psicológico.

No palácio de Ohaddin, mulheres são oprimidas pelo Soberano. O Vizir é um homem cruel e perturbador que encontrou em uma fonte mágica o poder da vida e da morte. Por isso, ele controla tudo ao seu redor. Inclusive as mulheres, obrigadas a servi-lo, sentenciadas ao horror da sua presença.

Vindas de diferentes cantos do mundo, essas mulheres só têm uma coisa em comum: a sua prisão. Aos poucos, no entanto, o medo e a submissão vão dando espaço para a fúria. E é com ela que elas se unem para escapar e buscar liberdade.

Naondel é um livro forte. Do começo ao fim, a leitura impacta em todos os sentidos. Assim como em Maresi, a autora conta uma história sobre sobreviventes; mas aqui é muito mais brutal e emotivo, porque não estamos acompanhando o seu refúgio. Estamos conhecendo o seu cárcere. O que as motivou a se unir para buscar um lugar seguro.

Apesar do cuidado e da sensibilidade da escrita, preciso comentar sobre como se tornou exaustivo ler tanto abuso. É uma história brutal e cruel, sim, mas acaba ficando repetitivo a quantidade de vezes que o estupro aparece na narrativa. Sim, Iskan, o Vizir, é terrível e maltrata as mulheres ao seu redor. Mas eu não sei se precisava repetir tanto isso. O estupro acabou se tornando um artifício da história, e quando esse tipo de situação se uma rotina, mais incomoda do que perturba.

Acho que a autora podia ter falado sobre a crueldade de outras maneiras, sem se prender tanto à violência sexual. Ela não é gráfica, que fique bem claro. Mas escorrega naquela crítica que sempre levantamos: "precisava mesmo usar o estupro aqui?" quando o Vizir já toma tantas outras coisas dessas mulheres, e as machuca de tantas outras maneiras?

"Não havia lugar para o medo em meio de toda dor."

Eu torci para que a autora mostrasse mais lados da opressão do que a violência sexual. E ela faz, mas sempre volta para o estupro no fim. Com tamanho poder que o Vizir carrega, ela tinha muito espaço para mostrar que a violência tem muitas faces. Acontece em muitos momentos. Mas o estupro sempre estava ali.

Naondel inclusive estabelece muito bem o quanto ele é um homem cruel através desses outros artifícios. Não é tortura por choque, mas para mostrar que essas mulheres, com vivências tão diferentes, ainda se encontram oprimidas pelo simples fato de existirem sob um poder maior que o delas. Ainda que elas tenham tanto poder, são subjugadas pelo medo, violência e falta de liberdade.

É um retrato forte e verídico de como funciona o patriarcado, e de como pequenos atos de opressão aos poucos tomam tudo que a liberdade deveria oferecer.

"[...] mas a antiga Garai se recusa a se render."

É impossível ler e não sentir raiva, desconforto e aquela crescente sensação de "eu preciso de vingança por elas". Eu preciso ver esse lugar arder. Naondel é mais um livro que se encaixa perfeitamente naquela música Labour, que cresceu no TikTok pela interpretação brilhante da raiva feminina.

Essas mulheres existem para trabalhar, para servir, para dar à luz (mas apenas se for um menino), para se curvar, para obedecer. Mas elas existem. E, aos poucos, entendem que são uma força maior, e que podem derrotar esse único horror em seu caminho.

Eu achei muito sensível e bonita a maneira com que a autora apresentou cada personagem. Suas histórias, suas peculiaridades, suas forças e fraquezas. Porque Naondel é um livro sobre elas. Sobre seus nomes e suas histórias.

"Como as palavras podem descrever a verdade?"

Kabira, Garai, Orseola, Meriba, Estegi, Sulani, Clarás, Daera, Esiko. Todas têm história. Todas são importantes. Umas vivem esse horror a mais tempo que outras, mas, aos poucos, pequenos atos de união as colocam em sintonia. Não apenas por odiar Iskan, mas porque entendem que são mais fortes juntas.

Eu gostei muito da Garai e da Kabira, principalmente, porque elas tiveram arcos muito poderosos encontrando a si mesmas. Kabira foi a primeira, aquela que Iskan encontrou e manipulou até encontrar sua fonte de poder. E por isso o arco dela é o mais sensível, porque vemos a garota apaixonada com o coração partido, então a esposa quebrada sem perspectiva, e então a esposa furiosa com sede de vingança.

Garai, por outro lado, representa a que nunca se quebra. Ela se divide em duas, aquela que aceita e abaixa a cabeça e a que repousa e espera o momento certo para retaliar. E que coisa boa ver o ódio dela florescendo.

Quando o nome Naondel aparece, inclusive, é um momento chave para a história. Uma virada muito esperada, e que traz um significado tão grandioso para todas aquelas mulheres.

A edição da Morro Branco ficou linda demais, com os detalhes em prateado na capa e a arte do lettering. Internamente, a diagramação é muito confortável, a revisão está ótima e a tradução de Lilia Loman e Pasi Loman também ficou excelente.

"Um tubarão come quando está com fome. Às vezes, ele mata mais do que precisa, mas é o seu instinto. Eles não torturam suas presas sem necessidade. A natureza é cruel, dizem, mas eu nunca vi tal crueldade na natureza como eu vi naquele dia em Ohaddin."

Naondel não é um livro fácil. Mas não é para ser. É uma história sobre abuso e o crescente sentimento de que é possível escapar dele. Com união e força feminina, a autora tece a jornada daquelas que se tornaram o refúgio para outras mulheres como elas, porque encontraram poder para fazer isso.

site: https://www.queriaestarlendo.com.br/2023/04/resenha-naondel-maria-turtschaninoff.html
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Rai 28/01/2021

NECESSÁRIO ALERTA DE GATILHO
A primeira coisa que passou na minha cabeça ao terminar o primeiro capítulo foi isso: o livro deveria ter um alerta enorme descrevendo os gatilhos presentes. Então aqui vai um resumo: abuso, assédio, tortura e violência sexual e psicológica contra mulheres. Sendo o estupro o item mais recorrente de todo o livro e que me incomodou bastante da metade pro final.

Iskan não podia colocar o olho em uma mulher que dava um jeito de estuprá-la. Com Kabira nós sofremos, com Garai entendemos o que ele estava tentando fazer (e choramos de novo), mas depois disso o recurso já estava tão repetitivo que não tinha mais o mesmo peso de antes (o peso que sempre deveria ter). Tive esperanças de que tivesse uma explicação baseada nos poderes das fontes ou algo assim, algo maior do que "um homem subjugando uma mulher da única forma que ele sabe". E nem isso seria inteiramente verdade, porque com outros homens ele era bastante criativo. As mulheres, para ele, sequer mereciam o esforço.

Já as mulheres, não tenho nada a reclamar. Todas são incríveis, interessantes, fortes e especiais do seu jeitinho. Às vezes eu ficava com raiva da Kabira por ser tão submissa, frustrada com a Esiko e completamente confusa com a Iona, mas eu gostei de todas mesmo assim.

Falando em Iona, reli duas vezes a parte do navio, mas não acho que entendi realmente o que aconteceu ali. Não ficou muito claro, assim como boa parte das explicações e descrições depois dos 90%, que é onde as coisas reveladas no primeiro livro acontecem. A parte que eu realmente queria saber ficou toda condensada e jogada de qualquer jeito em um capítulo ou dois, o que me deixou bastante decepcionada no final da leitura.

O que salvou de verdade o final foi a revelação do segredo da Estegi. Eu jamais advinharia. Foi simplesmente TUDO!

Eu recomendo. Talvez seja melhor ler depois de Maresi 2, já que esse aqui não é uma continuação do livro 1, mas o terceiro é. Mas se você não tem problema com os gatilhos e não quer esperar até que a editora publique o terceiro, prepare o lencinho e venha sofrer com as Primeiras Irmãs. ?
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YisraelC 28/03/2023

Uma leitura intensa. Foi muito interessante conhecer a estória das fundadoras de ilha da Abadia Vermelha.
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Lenas 22/07/2020

Esse livro conta a história das mulheres que começaram a Abadia Vermelha, como elas se encontraram e o papel de cada uma na construção dela.

Diferente de “Maresi” que é narrado somente pela Maresi, nesse livro cada capítulo é narrado por uma mulher diferente. As perspectivas de todas as mulheres são escritas maravilhosamente bem, cada uma tem uma experiência de vida diferente e cada experiência traz algo que nos faz refletir.

Levei algum tempo para entrar em todos os personagens, mas quando consegui, foi incrível.

Naondel é um texto feminista e não apenas descreve o sofrimento das mulheres (nas mãos dos homens) como também mostra a força da irmandade e como é importante que as mulheres permaneçam juntas.

(Fiquei impressionada com o fato de um único homem ferrar com a vida de tantas mulheres, que raiva!!)
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fer 02/06/2021

bem pesado comparado com o primeiro, a história de como surgiu a abadia vermelha
é muito diferente ler um livro onde um dos focos não é o romance, muito pelo contrário, é um livro sobre resistência que mostra que aquelas mulheres foram fortes até o último instante
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lilly.ly 10/05/2021

Primeiramente, o livro é cheio de gatilho de estupro, então, se atentem. Basicamente, Iskan não pode ver uma mulher sem querer se aproveitar daquilo que nos difere em materialidade (alguma semelhança com a realidade? todas). Ele é a típica personalização de como o homem se vê acima de tudo e todos. A irmandade que as mulheres criam é realmente muito bonita, elas são incríveis. Porém, certos detalhes não podem passar despercebidos, visto que essa é uma obra intitulada feminista. É impressionante o quanto as coisas não podem girar em torno de mulheres, sempre tem algum homem ali no meio pra tomar nossa atenção. Pecou, e pecou muito! Enfim, mulheres, MULHERES, se unam, nossa irmandade é o que nos salvará!!!
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Denise.Marreiros 29/05/2021

O livro é cheio de gatilhos, atentem-se a isso.
Todo o sofrimento descrito no decorrer das páginas me deixou angustiada e ao mesmo tempo havida por algo mais, por um destino melhor para os personagens, para todas as mulheres daquela história e para todas as mulheres da vida real.
A história das fundadoras é dolorosamente linda.
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twitter: @PromocoesPA 24/10/2019

Naondel não é um livro fácil.
"A nova Garai está traindo tudo o que eu considerava sagrado e significativo. Ela não tem valor, não tem propósito. [...] Eu a odeio. Mas ela é útil para uma coisa. Ela sabe como me manter viva."

Contado a partir do ponto de vista de várias personagens, o livro nos transporta para o interior de Karenokoi e de Ohaddin, com a visão mais difícil de se ter: a rejeição, violência e o domínio daquele que detém o poder aos mais frágeis, indefesos e inocentes, espalhando uma atitude completamente desumana a vários povos.

No grandioso palácio de Ohaddin, as mulheres, transportadas de lugares diversificados e inseridas através do mercado escravo na atmosfera brutal do mundo de um homem chamado Iskan, são encarregadas de obedecer à voz de seu comprador. Após se casar com Iskan, Kabira vê seu mundo desabar e sua vitalidade ser sugada por sua cruel nova vida. Repleto do poder de uma fonte vital, denominada Anji, Iskan se vê cada vez mais sedento pelo domínio entre a vida e a morte.

É duro ler sobre o que tantas mulheres passaram, assim como os mais pobres e desfavorecidos. Dor, violação, cicatrizes que deixaram as protagonistas marcadas para sempre. Mas, mesmo assim, continuam lutando por um mínimo espaço, lutando para sobreviver. Batalham pelo direito de, pelo menos, ter domínio sobre uma ínfima parte de suas vidas.

Iskan é um monstro. Em muitos e diferentes sentidos. Ele mostra prazer em realizar tudo aquilo que se propôs a fazer, independente do que custar. O que importa é sua posição, seu ?prestígio?. O que realmente é relevante para ele é ser visto como o mais superior, não importa se, para isso, é necessária uma grande chacina.

É impressionante como a autora nos introduz à história de um modo tão leve, ressaltando a relação familiar e os primeiros sentimentos de atração de duas moças. E aí tudo desanda, tudo desaba. Da pior forma possível. Naondel mostra a desumanidade que pode assolar o ser humano. A incerteza do próprio ser, do próprio respirar, do próprio sentir. O medo de simplesmente viver. A luta pela permanência.

Naondel é um livro pesado, intenso. Parei para assimilar algumas cenas e respirar profundamente em diversas partes. Mas, em alguns casos, parece que somente um choque desses faz abrir os olhos. É para sentir repulsa de determinados personagens, não gostaria nem de ler algo bom sobre eles.

O ponto alto da história está relacionado às mulheres: Kabira, Garai, Estegi, Orseola, Sulani... Cada uma com um dom, uma luz interior que não as fazem desistir de se libertar das amarras do homem. Cada uma ensina como há força dentro de nós, como cada uma deve lutar pelo que é seu por direito, mesmo que esse direito nem devesse ser roubado ou tocado. Doando uma parte de si para que o conjunto tivesse uma mínima chance.

Livro muito indicado, história com desenvolvimento muito bem feito , convergindo para um desfecho de grudar os olhos às páginas. Importante ressaltar que contém cenas mais pesadas envolvendo estupro e violência.

Leia Maresi. Leia Naondel.

"Esta é a sua história. Ouça suas vozes. Nunca se esqueça."
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Ana 15/01/2021

Um bom prelúdio
Peguei este livro pra leitura acreditando ser uma sequência de Maresi, um livro que havia gostado muito. Diferente de Maresi, este capítulo da história é totalmente diverso do anterior. Mais adulto, mais recheado de histórias. Minha sensação lendo é que poderia ter 600 paginas tranquilamente pra abranger um pouco mais a historia das mulheres da Abadia. Fenomenal, fico com 4 estrelas pelo final corrido e pelo livro ser pequeno demais pra tantas histórias.
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Dany 04/06/2022

O terror que precede a utopia
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Essa é a história das fundadoras da Abadia Vermelha, muito antes e muito distante da descoberta da Ilha de Menos, é a incrível prequel de Maresi. Aqui, somos apresentados para um longínquo continente, onde a paixão entre uma jovem sonhadora e um jovem ambicioso fará com que o destino de oito mulheres, muito diferentes entre si e vindas de diferentes partes do mundo, se cruze, mudando a vida de todas elas para sempre!
Cada capítulo dessa história é contado através da perspectiva de uma dessas mulheres, assim, conhecemos seus passados, o que as levou até o local onde todas irão se encontrar, suas habilidades, sonhos e motivações. Como em Maresi, o elemento “mágico” também está presente em Naondel, seja pela relação de uma das personagens com uma fonte de energia muito importante para o Reino de Ohaddin, ou, pela relação que essas mulheres tem com diferentes aspectos da deusa, o que lhes concede, de certa forma, talentos especiais.
A riqueza dessa história está, justamente, nas diferentes personalidades delas, e na maneira como cada uma vai se desenvolvendo para, então, tornar-se uma peça chave na criação do utópico refúgio para mulheres que vemos em Maresi. São elas: Kabira, que se tornará a Primeira Mãe; Estegi, a serviçal, Garai, a Sumo Sacerdotisa, Orseola, a tecedora de sonhos, Sulani, a guerreira, Cláras, que liderou a fuga, Daera, a Primeira Rosa, e Iona, o sacrifício. Cada uma, arrancada de sua terra natal para viver num mundo de exploração no Palácio de Ohaddin, sob o olhar e as violências (verbal, física, psicológica e sexual) de um vilão asqueroso.
Aliás, vale o alerta de gatilho: a questão da opressão é muito forte. O medo, a tensão de você não saber ao certo em quem confiar, sem mencionar os abusos sofridos pelas personagens, podem tornar a leitura difícil para algumas pessoas. A dificuldade encontrada, ainda nos dias de hoje, em fortalecer os laços da sororidade, também é uma questão levantada na história; afinal, porque julgamos tanto umas às outras e deixamos a sociedade incutir em nós, mulheres, uma rivalidade injustificada, quando poderíamos nos fortalecer e chegar mais longe juntas?
Por fim, um pensamento que me ocorreu ao fazer a leitura é o de que essa história tem uma qualidade singular, que grandes obras costumam ter: a possibilidade de relacionar-se de maneiras diferentes com a história, dependendo do momento, maturidade ou idade. Lendo-a como adulta, percebi problemas, ainda cedo, no relacionamento inicial da trama, que meu eu mais jovem, talvez, “deixaria passar”, sendo levado pelas mesmas emoções que a jovem personagem sentiu. Essa característica torna a leitura atrativa e interessante para várias idades e para futuras releituras, mais um dos pontos fortes dessa série que vai melhorando a cada volume!
ALERTA DE GATILHO PARA VIOLÊNCIA FÍSICA, PSICOLÓGICA E SEXUAL.

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Lauren / Biblioteca de Lilith 26/02/2021

Naondel
Naondel consegue retratar de forma dolorida as opressões do patriarcado. Mesmo sendo uma fantasia, não é difícil nos identificarmos com as situações vividas pelas mulheres dessa história. O interessante da trama é o despertar das protagonistas, percebendo que elas mesmas não devem, nem merecem, continuar sendo subjugadas e silenciadas. Mas até alguma possibilidade de libertação, há muito caminho a ser percorrido.

A narrativa mostra a construção e fortalecimento de uma sociedade machista que vê nos corpos femininos ou utilidade para procriação ou para uso fruto dos prazeres masculinos. E neste ponto, temos muitas referências de violência e é inevitável a indignação durante a leitura. (aviso de possibilidade de gatilho).

Gostei muito de como os saberes e conhecimentos femininos estão presentes na história, valorizando a ancestralidade feminina, seus rituais e conexões com a natureza (aqui temos um quê de magia - banhado de ervas, poderes das águas e mistérios ocultos). A forma como a obra trata a importância de mulheres buscarem mais conhecimentos, se apropriarem dos seus e valorizar o que cada uma carrega em sua sabedoria e experiência é bonito de ver.

A compreensão da sororidade é construída aos poucos, acredito que, por causa de tantas feridas e tristezas das personagens, demora pra acontecer. Eu gostaria que a conexão entre as protagonistas e o entrelaçamento de umas com as outras ocorresse mais durante a história (pelo menos a partir do meio). Me pareceu que a irmandade entre elas foi entendida muito perto do final e de forma um pouco repentina. Fiquei muito tempo da leitura aguardando conversas, confissões, trocas, segredos. Mas também me questionei se isso não reflete também muito da nossa realidade, na qual, há muito custo, conseguimos perceber a manipulação do sistema, e enxergar na outra uma parceira de luta e não uma inimiga.

Naondel é uma leitura prazerosa, instigante e revoltante, nos fazendo ansiar ferozmente por uma revolução feminina. Ela nos instiga a querer lutar umas pelas outras frente a tantos absurdos. A obra é o segundo volume da trilogia ?As crônicas da Abadia Vermelha?, da qual ?Maresi? foi o primeiro (e um grande amorzinho meu). Fica a dica dessa leitura e a curiosidade pelo terceiro livro.

Instagram @bibliotecadelilith
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Camila - @darkbookslibrary 25/07/2019

O segundo volume de As Crônicas da Abadia Vermelha não dá seguimento à história contada em Maresi, ao contrário, a trama retorna ao passado e conta a saga das mulheres que originaram a Abadia.

No primeiro volume fica clara a mensagem que a autora quer passar, seu intuito é demonstrar a força feminina, a conquista do poder e da liberdade pela mulher. No segundo volume essa mensagem é ainda mais forte!

A princípio pensei que fossemos acompanhar contos sobre as fundadoras da Abadia, mas na verdade a trama é narrada de forma intercalada pelas personagens, não da forma que geralmente encontramos, por meio de breves capítulos, mas sim por longos trechos da história e isso faz com que não só conheçamos bem as personagens como nos aproxima delas.

Kabira, a primeira dessas mulheres, é a guardiã de uma nascente e em sua inocência vai causar um desastre em nome do amor. Esse acontecimento irá permear toda a trama e terá consequências enormes e continuas ao longo de todo o desenvolvimento do livro.

Apesar de ser uma história de fantasia e ter um mundo ricamente construído, o livro, seguindo a linha do primeiro, trata de muitos temas importantes e pesados. Há muito abuso físico, mental e sexual nessa história, portanto, se não tem costume de ler obras com esses assuntos ou se eles servem de gatilho, recomendo que a leitura não seja feita.

Cada uma das personagens que nos são apresentadas tem uma força única e especial, além de histórias prévias incríveis de superação. O fato que faz com que o destino delas se encontrem é cercado de dor, violência e traumas e todas tornam a ter que encontrar formas para superar esses abusos e redescobrir uma forma de continuar se mantendo vivas.

Extremamente pesado, mas belamente executado, “Naondel” é rico, intenso, cheio de voltas e reviravoltas e repleto de lições para qualquer leitor.

Se você se encantou pelo primeiro volume, recomendo fortemente que leia esse também e se maravilhe e se choque com a escrita de Turtschaninoff. Se ainda não leu Maresi, só posso fazer uma pergunta, o que você está esperando?

site: https://www.instagram.com/darkbookslibrary/
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Lelle31 08/01/2020

Doloroso, cruel, assustador e surpreendentemente verdadeiro. É muito triste imaginar que um livro que teoricamente reporta a um passado distante possa ser tão atual em sua narrativa.
Com uma prosa fluida e elegante a autora nos transporta para um mundo de horror, opressão e exploração, onde mulheres possuem uma única função: obedecer.

"Para imaginar uma utopia é preciso conhecer o horror. "

E é nesse ambiente repleto de dor e sofrimento no qual mulheres aprisionadas e escravizadas precisam aprender a superar as desconfianças para entender seu verdadeiro poder.

"Esta é a história delas. Ouça suas vozes. Nunca se esqueça. "

Naondel encara firmemente o horror que molda as experiências de mulheres e as segue pela jornada da sobrevivência até um imenso poder.
Um livro profundo, que apesar de apresentar uma faceta monstruosa da humanidade demonstra que a coragem, a união e o amor são as mais poderosas armas. Além de escancarar a força feminina.
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Swwza 24/02/2023

Perfeitooo
Fiquei muito receosa de começar o segundo livro, tinha expectativas muito altas depois do primeiro, finalizada a leitura eu posso afirmar que se eu já amava a história agora sem dúvidas se tornou uma das minhas preferidas, as personagens são marcantes e o enredo é mágico.
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Patty 30/12/2020

A união faz a força
No momento em que estamos vivendo, com tanta violência e mulheres sofrendo ataques diariamente, essa leitura é um bálsamo de como unidas as mulheres se tornam mais fortes e podem superar qual quer obstáculo.
Diferentemente de Maresi, este livro traz várias narradoras, cada uma apresentando sua visão de como um único homem pode influenciar negativamente a vida de inúmeras mulheres. Alguns relatos realmente me emocionaram, além do ápice da narrativa ter me deixado sem fôlego, indico essa série sempre que posso e vou continuar!
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