Pandora 29/04/2019
Acho gostoso acompanhar séries mensais. Acompanhando uma história que segue paralela a minha me sinto acompanhada e quando finalizo um arco posso pensar tanto nas minhas experiências quanto nas dos personagens. Comecei a acompanhar "Batman: Cavaleiro Branco" em outubro do ano passado e aqui estou eu para falar dela.
Sean Murphy conta uma história do Batman e do Coringa com inversões de papéis: o Batman está um pouco mais insano que o normal e o Coringa, graças a uns remédios, um pouco mais lúcido que o normal.
Usei a expressão "um pouco mais", pois, na minha opinião, assim como o Batman é um herói com tendências a insanidade, um homem que não superou seu trauma de infância, um vigilante, alguém capaz de da armas a adolescentes com problemas e ensina-los a usar a violência como forma de obter catarse; o Coringa é um vilão muitas vezes lúcido em sua forma de expor as hipocrisias do sistema de segurança pública, do capitalismo, do jogo sórdido que mantém uma cidade como Gotham funcionando.
Ampliar a lucidez do vilão e a insanidade do herói foi uma premissa interessante, somar isso a uma arte lindíssima foi uma cartada de mestre para cativar a audiência. Ouvi pessoas dizendo que "Cavaleiro Branco" já nasceu clássico. Some a isso uma Arlequina totalmente lúcida, mais no controle da situação que qualquer herói ou vilão, e eis uma história com tudo para ser no mínimo divertida.
Realmente foi divertido acompanhar essa aventura esquisita na qual o Batman vai para no Asilo Arkham e o Coringa no coração da segurança pública apoiado por líderes populares. Amei a Arlequina lúcida e astuta, a Batgirl também esteve ótima, sem contar a ação e os carros incríveis.
Valeu a pena e divertiu. Só não foi maravilhosa pois do Batman espero mais que diversão e aventura. Batman pede reflexão e nesse ponto a HQ não expandiu sua capacidade de incomodar. A história começou forte e foi diluindo seu peso até se tornar uma aventura envolvente com carros envenenados e garotos correndo para salvar Gotham. Divertiu, mas podia ter feito mais.