Biia Rozante | @atitudeliteraria 06/12/2019Uma ótima leitura.Eloisa Durant, ou a senhorita sem modos como também é conhecida, tem apenas dezessete anos, mas já sabe muito bem o que quer, e sonha com o dia em que poderá trilhar este caminho. Filha única do barão de Perrin, foi criada no campo, de maneira livre, correndo por entre as árvores, alimentando sonhos e os compartilhando com seus três grandes amigos – Georgia, Christopher e Thomas. Justamente por crescer longe dos grandes salões londrinos e alta sociedade, nunca se imaginou vivendo longe de tudo que sempre conheceu e não tenha nenhum interesse em participar de uma temporada, até porque o único proposito de tal, é ser apresentada a sociedade para quem sabe atrair a atenção de algum nobre esnobe que a peça em casamento. Mas, ela já tem um amor, e um correspondido, Thomas seu melhor amigo que também conquistou seu coração.
Dona de um coração doce e alma gentil, dividia seus dias com os amigos e visitas a Lorde Harwood, melhor amigo de seu primo, que retornou da guerra contra napoleão com ferimentos sérios. E ainda que a amizade de ambos tenha crescido por pura teimosia de sua parte, o carinho que nutrem um pelo outro é visível.
“(...) — Se nada for como deve, a primeira decepção também nos ensina a cair de pé nas próximas.”
Tudo corria perfeitamente bem, ou pelo menos assim parecia, até que Eloisa vê todos os seus sonhos ruir, todas as suas fantasias românticas serem despedaçadas, e o futuro que ela tanto havia idealizado, se mostrar muito mais assustador e doloroso do que se quer imaginou ser possível.
ENCONTRE-ME AO ENTARDECER é o tipo de romance leve e simples, que encantada. Aqui nos deparamos com uma jovem tão cheia de vida, que por muito tempo foi negligenciada por seu pai, encontrando afeto e cumplicidade apenas na figura de sua tia. Seus amigos sempre foram de alguma forma seu porto seguro, representando sua liberdade. Ingênua e pura, se viu apaixonada pela primeira vez por seu melhor amigo, um sentimento que aparentemente era reciproco, e que terminou de maneira cruel, deixando marcas que seriam difíceis de serem cicatrizadas. Toda sua vida sofre uma reviravolta, anos se passam, e nos deparamos com uma mulher ferida, não tão radiante quanto antes, precisando de alguém que a traga de volta, que a relembre do quanto ela era luz. E é então que nos deparamos com um novo Eugene, já praticamente curado de seus ferimentos, falante, e com uma determinação renovada, conquistar o coração da jovem, que um dia o salvou. Lindo!
“(...)— Perdoar é uma coisa, Elo. Minha avó me disse que muitas vezes o perdão é um bem maior para nós do que para o perdoado. Porém, confiança é um bem valioso demais. E sem ela, o perdão é só uma convenção. Ele passa pela vida das pessoas, fecha um ciclo, mas é esquecido.”
Romance de época é meu gênero literário preferido e me deparar com um livro do mesmo escrito por uma autora nacional me encheu de gratidão, amor e felicidade. Principalmente por se tratar de uma obra tão especial e bem construída.
“(...) Eu vou lhe entregar tudo que precisar. Cada pedaço meu que quiser. Eu não vou ser o que imagina, sei que não sou material para fantasias. Mas posso ser o que precisa.”
Este é meu primeiro contato com a autora Lucy Vargas e estou até agora me questionando de o porquê não ter feito isto antes. Com uma narrativa fluida, leve e envolvente, ela nos conquista pela simplicidade das palavras, pela maneira sensível como transmite as emoções, tomando o cuidado de nos ambientar na época, ao mesmo tempo em que cria um enredo consistente e viciante. Mal posso esperar para desvendar outras obras da autora.
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