Josy @estantedajosy 20/02/2020Ainda que os livros fossem crime, eu lutaria por elesHilário Pena de Jesus. Hilário em homenagem a um parente do homem do orfanato, pena por ser tão franzino e de Jesus, porque não era de ninguém. Foi o que o jovem foi por muito tempo, até sair do orfanato e cometer um crime. Ele acertou um homem com uma garrafa e o matou.
Apesar de ter visto de relance algumas reportagens que avisaram de uma nova lei, ele não prestou muita atenção, no entanto, e foi julgado perante essa nova lei. E nela, as pessoas que cometiam crime eram submetidas a exames para ser analisada a presença do gene-C em seu DNA. Gene-C seria o gene da criminalidade. Se você já tinha parentes na família com isso ou tendência para ser um criminoso, era detectado no exame e você recebia imediatamente a pena de morte.
Mas os exames de Hilário deram negativo para o gene-C, mesmo assim, ele havia cometido um crime. Então o que estava errado? Hilário foi preso de qualquer forma, afinal, poderia ter a possibilidade de ele ter o gene virtual. Em todas as hipóteses, mantê-lo preso era a melhor opção. A cada quatro anos ele repetia o exame, sempre dando negativo e sua liberdade continuando ser negada e aos poucos Hilário já perdia sua juventude... e sua sanidade.
Quando imaginava que estaria fadado a viver sua reclusão sempre sozinho, foi colocado ao seu lado um senhor que havia cometido um crime peculiar. O senhor de idade era acusado de tráfico, mas a mercadoria era livros! Os livros haviam sido proibidos no país!
Antonio comercializava livros desde sempre e permaneceu realizando seu trabalho mesmo após a proibição. Ao ser pego transportando para outro local, foi pego e levado a julgamento. Pegou uma pena e multa e agora era obrigado a dividir a cela com Hilário.
Essa aproximação não poderia ter sido mais satisfatória. A paixão que Antonio tinha pelos livros logo pôde ser transmitida para Hilário quando eles decidiram reformar a biblioteca da penitenciária. Hilário, que sempre foi um estudioso da arquitetura, jamais imaginava que poderia ser adeptos aos livros literários e se encantou com o mundo que encontrou ali.
“-Ora, e desde quando Literatura não é a sua área? Se ainda não está morto, então é a sua área. É minha área. É a área de todos”.
Paralela a essa história, somos apresentados a Santiago, um homem erudito, viajado que luta pelo retorno dos livros. Ele vive sozinho, mas foi acolhido pela família vizinha com quem sempre almoçava ou jantava. A família tinha uma pequena menina, muito rejeitada, mas que se encantou com Santiago e suas grandes histórias. A menina Alice, muito curiosa, estava sempre buscando uma oportunidade de ouvir as histórias que Santigo conhecia e passou a chamar ele de “Avô de letrinhas”.
“Gostava de ouvir conversas e repetir para si as falas dos outros, imitando as vozes para memorizar. Como uma catadora de palavras, anotava tudo em seus caderninhos. Não entendia bem o que os adultos diziam, mas abraçava as palavras mesmo assim – para quando crescesse e fosse sabida”
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