Dani do Book Galaxy 13/04/2021Um plot fraquinho com uma heroína apagada e uma mensagem falha sobre empoderamentoGanhei esse livro em uma cortesia da editora Record e resolvi dar uma chance para a leitura. Pela capa e sinopse, já imaginei que este livro com certeza não figuraria entre os livros que costumo e gosto de ler, mas Danielle Steel é uma autora extremamente conhecida, que já publicou dezenas de livros, e eu ainda não tinha lido nada dela até então.
Bem, se eu fosse levar A Amante como um fator para considerar ler outros livros da autora… confesso que preferiria não ler outro título dela tão cedo. Minha experiência com a história de Natasha, a acompanhante russa, e Theo, o pintor francês, foi bem medíocre, ainda que (abençoadamente) breve.
O estilo de Danielle Steel me lembrou vagamente o estilo de Sidney Sheldon, um autor também consagrado no gênero de suspense e romance. Personagens poderosos, cenários glamourosos e um zoom no estilo de vida dos bilionários são temas frequentemente utilizados por Sidney Sheldon. Mas, onde o autor conseguiu se sair extremamente bem, trazendo algumas intrigas e cenas de muita emoção, Danielle Steel apenas me pareceu cansativa e superficial.
Esse cansaço veio das descrições intermináveis de roupas das personagens e a exaltação eterna da beleza de Natasha. De fato, a autora reforça tantas vezes que Natasha é linda (inclusive ao se referir a ela em certos momentos do texto, com expressões como "a bela mulher", "a bela russa", "a linda jovem"), que sua beleza é o único atributo que consigo associar a ela.
Em certos momentos, ela tenta passar que Natasha é inteligente e destemida, mas essa tentativa é tão fraca que o livro todo deveria ser sobre Natasha, mas na verdade é sobre os homens que estão ao redor dela e como ela se deixa levar por eles.
Outro ponto que me incomodou em relação a Natasha foi que a autora rebaixa outras mulheres no livro para fazê-la parecer ainda mais perfeita. Detestei um diálogo entre o mocinho do livro (que, claro, se apaixonou à primeira vista pela Natasha) e sua namorada, porque ele do nada começa a comparar as duas e ver como sua namorada é uma interesseira, diabólica, perversa, enquanto a Natasha é uma princesa delicada flor linda e tudo o mais.
Apesar do livro ser curto e eu tê-lo lido em menos de dois dias, a leitura foi um pouco arrastada porque, na maioria das vezes, eu não dava a mínima para o romance, nem para as descrições de roupas, nem para o quão poderoso era o tal russo (que, aliás, é descrito como um mafioso poderoso, mas no fim não faz absolutamente nada).
Acho que o único ponto positivo que posso trazer sobre a história de A Amante é que não temos um romance muito grudento aqui. Apesar de Theo ter ficado obcecado por Natasha, as cenas de romance mesmo são inexistentes, o que agradeço de joelhos aos céus.
Ainda assim, em um livro tão curto, a autora enfiou um monte de plots menores para dar certa emoção e criar um suspense, mas tudo ficou desconexo e super bobo. A história toda foi muito fraquinha.
Mas acho que minha decepção maior com esse livro de Danielle Steel foi em relação à mensagem final e ao que ela queria trazer no livro (ou que eu pelo menos imagino que era a intenção dela):
Entendo que ela queria desenvolver a personagem de Natasha, retratá-la como o "belo pássaro com a asa cortada" se libertando de seu algoz e adquirindo independência para começar a viver. PENA QUE essa independência e empoderamento da moça veio do dinheiro que o ex-amante bilionário deu pra ela, e PENA QUE o emprego que ela consegue é concedido também por outro rapaz que é apaixonado por ela.
Acho que foi aí que a autora falhou terrivelmente: ela tenta mostrar Natasha como uma moça inteligente e independente no fim do livro, mas oferece aos leitores uma garota que só conseguiu se sustentar com as migalhas deixadas pelo ex-amante bilionário. O empoderamento veio, mas não graças a ela.