No jardim do Ogro

No jardim do Ogro Leïla Slimani




Resenhas - No jardim do ogro


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Laura Brand 29/01/2020

Nostalgia Cinza
Depois de Canção de Ninar, Leïla Slimani retorna com mais um lançamento capaz de tirar da zona de conforto até o leitor mais "preparado". No Jardim do ogro é um romance visceral sobre um corpo escravizado por seus impulsos, representado pela história de uma mulher e sua sexualidade. Uma leitura impactante e intensa, para tirar seu fôlego e te deixar com um nó na garganta.
Se tem algo que aprendi desde Canção de Ninar é que é impossível se manter indiferente ao ler um livro de Leïla Silmani. A autora tem uma habilidade ímpar de trazer algumas das características mais incômodas da personalidade das pessoas para seus personagens. Ela sabe como criar um enredo que cutuca nas feridas do leitor e o desperta para aquilo que ela busca tratar. Leïla Silmani, tanto em Canção de Ninar, quanto em No Jardim do Ogro, fala sobre pessoas aparentemente normais, com uma reviravolta que as devolve para a ficção, sem perder a verossimilhança de uma narrativa poderosa e impactante.
No Jardim do Ogro tem como protagonista Adèle, uma mulher com uma carreira sólida, com um núcleo familiar estabelecido, personalidade forte e aparência física atraente. Apesar de ter uma vida aparentemente perfeita, Adèle sobre com um transtorno banalizado e romantizado com frequência: a ninfomania. O desejo sexual hiperativo é um transtorno psiquiátrico que faz com que a pessoa tenha um desejo sexual compulsivo, que pode afetar seus relacionamentos, seu trabalho e sua família. Todos esses elementos são trabalhados com clareza à medida que o leitor vai conhecendo mais da rotina de Adèle e com o desenvolvimento da narrativa.
A princípio pode parecer difícil desvincular o comportamento de Adèle de seu caráter. Entretanto, ao mostrar o poder de um transtorno psiquiátrico, Leïla Slimani carrega o leitor por uma história de sofrimento, tortura e escravidão causada por impulsos. No Jardim do Ogro é um livro visceral, sem filtros ou amarras. A forma como Adèle é exposta é desconfortável e, mesmo sendo uma obra de ficção, o contato tão cru com a personagem torna a leitura extremamente rica, mesmo que seja intensa.
É difícil se sentir conectado à protagonista por causa de sua doença, mas esse é justamente um dos pontos altos do livro. Ao tirar o leitor de sua zona de conforto de forma tão impactante, é preciso criar uma empatia para com a protagonista e vê-la como humana, como uma mulher perdida em seus próprios impulsos.
Adèle vê esse comportamento como aquilo que a define. Ela não consegue se desvincular de sua compulsão sexual e a rotina que estabeleceu com base nesses impulsos inegáveis. Então por mais que ela perceba todos os problemas e erros envolvidos em suas atitudes, ao afetar as pessoas ao seu redor, renunciar a esse padrão seria renunciar a si mesma e ela não sabe quem é sem essa bagagem.
A escrita da autora é algo que me conquistou desde Canção de Ninar. Assim como no seu livro de estreia, em No Jardim do Ogro Leïla Slimani faz uso de poucos diálogos e opta por trabalhar a psique de seus personagens da forma mais intensa possível. Mesmo sem escrever livros grandes - tanto Canção de Ninar quanto No Jardim do Ogro têm menos de 200 páginas - as histórias de Slimani são profundas, bem escritas e exploradas de maneiras bem interessantes. É impossível se manter neutro e imparcial e essa inquietação atribui uma riqueza aos seus livros.
No Jardim do Ogro é um livro difícil de largar. Li o livro todo de uma vez e confesso que ele deixou marcas em mim mesmo quando passei a última página. Mergulhar de cabeça na confusão e nos delírios de uma mulher observada por si mesma e pela adrenalina de se encontrar no prazer sexual de outros homens não é algo fácil. É uma leitura que te prende pela intensidade e não pela forma como você se sente ao ler o livro.
No Jardim do ogro é um livro profundo, intenso e perturbador. Não é uma leitura recomendada para qualquer leitor e acredito que seja preciso estar preparado para o que vai encontrar nas páginas de No Jardim do Ogro. Leïla Slimani sabe trabalhar com maestria todas as nuances da mente humana em seus momentos mais perturbadores e a leitura pode acabar disparando alguns gatilhos no leitor mais sensível à temática abordada.



site: https://www.nostalgiacinza.com.br/2020/01/resenha-no-jardim-do-ogro.html
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c a r o l 25/02/2023

A insustentável leveza de ser Adèle.
Leïla Slimani me fez viver uma montanha-russa de emoções por causa da vida decadente de sua protagonista. Adèle me deixou exausta, aterrorizada e angustiada com sua vida dupla, seus egoísmos e obsessões. A compulsão sexual misturada a procura incessante de se sentir viva a prejudicaram amargamente.

Conhecendo mais a Adèle me surpreendi ao me identificar com algumas de suas fragilidades e inseguranças. Nada tão alarmante, mas desde o início eu achava que nós duas não tínhamos nada em comum. Por reconhecer certas coisas na história que tenho lutado para não ceder, esse livro tornou-se um lembrete de que preciso continuar lutando para prejudicar ainda mais a minha vida.

Depois de conhecer Adèle intimamente, iremos conhecer outro personagem que parecia ser uma pessoa tranquila, mas logo mostrou suas asinhas. Tive até que pausar a leitura porque a situação que ela criou me deixou angustiada e sufocada.

É louco ver o que as pessoas fazem para tentar preencher o vazio que há dentro delas, ver como acontecimentos "chaves" na infância os moldaram para chegarem até ali.
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Nado 28/02/2023

Perturbador, é isso o que consegui sentir. Ainda estou digerindo, não é uma leitura simples. Ela incomoda.
A autora conta a história de uma jornalista de sucesso casada com um médico e com um filho. A fachada dessa família é do típico comercial de margarina. Não há família perfeita na vida real, então que bom que não temos isso na ficção também. A personagem central é ninfomaníaca e toda a sua vida gira em torno desse desejo jamais saciado. As consequências dos seus instintos não afetam somente a ela, mas quem está a sua volta. A fragilidade do ser humano, diante de um desejo incontrolável faz a gente pensar e repensar sobre até onde temos forças para o autocontrole, se é que é disso quem precisamos em um caso como esse. Enfim, perturbador e de leitura extremamente válida. Nos faz refletir sobre a dimensão da nossa força interna.
Marcos5813 01/03/2023minha estante
Parece ser muito interessante a leitura, principalmente sob as patologias humana.




Alan kleber 03/06/2022

Os infortunios da virtude e a prosperidade do vício.
"Não são os homens que ela teme, mas a solidão. Não estar mais sob o olhar de quem quer que seja, ser desconhecida, anônima, um peão na multidão. Estar em movimento e pensar que a fuga é possível. Não admissível, não, mas possível."

Adèle é uma jornalista de sucesso, vive em Paris com seu marido cirurgião e o filho pequeno deles, em um lindo apartamento. Visto de fora é uma vida perfeita. Mas, olhando de perto, ela está entediada com seu trabalho e seu casamento, consumida por uma necessidade insaciável de sexo a qualquer custo. Uma compulsão voraz, que não traz prazer e sim tormento, e que a faz mentir pra o marido, negligênciar o filho, e se ausentar do trabalho. Até se enredar em sua própria armadilha.
Esse livro é um romance visceral sobre um corpo escravizado por seus impulsos, o vício sexual e suas consequências implacáveis.

"No jardim do ogro leva os leitores através do labirinto do desejo em direção a um entendimento da solidão, do isolamento e da busca pela autenticidade como nosso destino comum.?
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Rodrigo 12/02/2023

Humanização
Uma mulher que precisa de ajuda para controlar seus mais intensos instintos e ainda ser mãe, esposa, profissional, filha.
Adorei a escrita, o enredo e a maneira como a autora humanizou a personagem.
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Évelin Noah 13/03/2021

Eu não consigo descrever esse livro! Conheci a autora há 1 ano, qua do li o seu livro "canção de ninar". Assim como aquela história, essa é tambem de tirar o fôlego. E nos faz repensar sobre as relações, o amor o casamento e principalmente sobre as compulsões, e como elas podem nos destruir.

A autora segue o mesmo estilo de escrita de canção de ninar. Leve, fluido, direto e objetivo.

No jardim do ogro é um livro incrível, instigante e de tirar o fôlego.
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Henrique Fendrich 20/12/2022

Confesso que escolhi esse livro graças ao sucesso do Marrocos na Copa, porque então me dei conta de que nunca havia lido nenhum autor de lá. Como neste ano leio mulheres negras, escolhi então esta. A experiência foi um tanto interessante, mas, no final, não chegou a me agradar.

Acho que o livro começa muito bem. Apresenta um tema difícil de abordar, que é a compulsão sexual de uma mulher, que é casada, mas vive uma vida dupla para sustentar o seu vício. Vamos entrando aos poucos no universo dessa mulher, ao mesmo tempo em que tomamos conhecimento do marido, que nem suspeita o que existe por baixo dos panos do seu casamento.

Mas há um momento em que há uma certa virada no livro, quando as coisas deixam de sair como o planejado pela mulher, e eu sinto que é aí que a história perdeu um pouco, pois, por mais que então tenhamos passado a compreender melhor a mentalidade atormentada do marido, já não há o mesmo impacto e talvez nem a mesma força narrativa.

Ainda assim, a leitura não é má, e eu estava disposto a dar três estrelas, um bom meio-termo, mas, sinceramente, o final foi suficiente para me fazer reduzir a nota. Não me pareceu que fosse ali o momento de terminar o livro, muito menos da maneira com que terminou.

Seja como for, já li alguém do Marrocos =).
anaartnic 20/12/2022minha estante
Esse final em aberto é o estilo da Slimani mesmo, quando li esse já esperava por algo assim por já ter lido "Canção de ninar" (que eu recomendo demais caso queira dar mais uma chance para a autora)


Henrique Fendrich 20/12/2022minha estante
Opa, vamos ver, posso vir a ler, sim =).




@eu_rafaprado 01/03/2023

No Jardim do Ogro ? Leïla Slimani
Nota 4 de 5 ? 192 páginas (tempo médio de leitura: 6 horas).
Está foi a leitura de fevereiro do clube ?Lendo Mulheres Nacionais?, que este ano está lendo também mulheres de outras nacionalidades, o encontro foi mediado de maneira impar pela @M
Compulsão sexual e um desejo desenfreado por sentir prazer na dor, são alguns dos sentimentos da personagem principal nessa trama.
Adéle tem o casamento perfeito, seu marido nem desconfia que enquanto ele se dedica a cuidar do filho, sua esposa esta pelas ruas de Paris procurando um novo corpo para possuir.
?Ela quer ser apenas um objeto no meio de uma horda, ser devorada, chupada, engolida inteira. Que belisquem seus seios, que mordam seu ventre. Quer ser uma boneca no jardim de um ogro?.
Longe de ser um romance erótico, a autora franco-marroquina Leïla Slimani, que além de escritora e jornalista, também é diplomata francesa, na qualidade de representante pessoal do presidente francês Emmanuel Macron na Organização Internacional da Francofonia, nos apresenta nessa história uma onda de conflitos psicológicos.
Este é o primeiro romance da autora, que ficou mais conhecida com sua segunda publicação: ?Canção de Ninar?, que por sinal é maravilhoso.
Eu fiz com o clube do livro uma releitura, confesso que na primeira vez em que li não tinha absorvido tanto da história e só o fato de ler e ouvir outras opiniões, muda muito a perspectiva sobre algumas questões. Na primeira vez tive pena da Adéle, já nessa releitura fiquei foi com um ranço profundo da falta de moral e respeito com alguns personagens.
O livro é um pouco indigesto, a personagem irrita, embora algumas pessoas sintam vontade de acolher Adéle, eu sinto vontade de nunca conhecer alguém com essas características. Uma leitura para quem quer sair da zona de conforto e se arriscar além das paginas de romances, pode não te agradar, mas duvido você esquecer essa história.
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Ana Tambara 12/04/2020

Prende até o fim
Depois de gostar muito de canção de ninar, resolvi embarcar em mais um livro da autora. Excelente história, e te deixa curioso pra saber o que vai acontecer.
Recomendo.
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@jana450 28/02/2021

Bom
Apesar de ter preferido canção de ninar, gostei bastante desse e senti um pouco de medo da conseqüência das traições.
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Lais David 28/02/2023

Todas nós já visitamos o Jardim do Ogro
Adéle é uma jornalista na casa dos 30 anos que, por trás das aparências da vida boêmia parisiense, é completamente viciada em sexo. Ninfomaníaca, a protagonista enfrenta uma encruzilhada de mentiras para atingir o clímax. Mais do que apenas prazer, ela enxerga na atividade sexual uma maneira de escapar de si mesma.

Por vezes grotesca, incômoda e intimidante, a prosa de Slimani consegue instigar até o leitor mais puritano. Isso acontece justamente por 'No Jardim do Ogro' passar longe de ser um livro recheado de erotismo. Muito pelo contrário: a obra se consolida ao narrar as mesmices que antecedem o perecimento de Adéle: um casamento tedioso, uma maternidade sufocante, um emprego desvarolizado e uma protagonista decadente.

Depois dessa leitura, passei a considerar Slimani uma das melhores autoras dos últimos tempos. Para mim, não existe nada melhor que uma escritora que sabe detalhar, nos pequenos momentos, a complexidade que entorna o ato de 'ser mulher'.
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Mike 10/11/2020

Um livro que eu não achei que seria interessante por tratar de uma mulher ninfomaníaca, mas que me surpreendeu por mostrar que a busca por sexo a todo instante não preenchia o vazio que ela sentia, oq tornava um vício, fazendo muitas vezes ela passar por situações que ela se machucava fisicamente e transformava a vida dela numa grande mentira, nem o amor materno era o suficiente pra ela.
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Leila de Carvalho e Gonçalves 09/06/2019

Primeiro Romance
?No Jardim do Ogro? é o romance de estreia da franco-marroquina Leila Slimani. Lançado na França em 2014, ele antecedeu seu grande sucesso, ?Canção de Ninar?, vencedor do Prêmio Goncourt quatro anos depois.

Sinteticamente, seu foco é a compulsão sexual e consequente decadência moral da protagonista, Adèle, uma jornalista casada com um médico bem sucedido e mãe de um filho pequeno. A fachada impecável para esconder seu vício é apresentada por um narrador neutro que, em paralelo, eviscera a arriscada rotina e a solidão que a persegue, problemas que remontam à infância.

Numa entrevista concedida para a Folha de São Paulo, em 31 de maio de 2019, Slimani afirma que o romance foi inspirado na acusação de assédio contra o político Dominique Strauss-Kahn, ocorrida há 8 anos. O ex-ministro foi tratado como ?viciado em sexo? pela imprensa francesa e como ela desconhecia a patologia, resolveu entrevistar tanto psiquiatras como portadores, encontrando um tema instigante para um romance.

Ela também considera Adèle uma protagonista atemporal, semelhante a e tem mulheres da ficção que admira, tal qual a personagem-título vivida por Catherine Deneuve no filme ?A Bela da Tarde? (1967), de Luis Buñuel, ou no clássico da literatura ?Madame Bovary? (1856), de Gustave Flaubert, pois ambas têm aventuras sexuais extraconjugais em um processo de autodescobertas. ?Adèle poderia viver no século 19 ou na década de 50?, diz a escritora.

Por fim, cruel e exibindo personagens com qualidades e defeitos, nem bons nem ruins e dignos de compaixão, ?No Jardim do Ogro? coloca à prova a instituição do casamento, confronta amor e desejo e também arranha a fina camada de verniz que protege a classe média, deixando à mostra uma área cinzenta em que sexo e traição sempre foram parceiros.

Segue um trecho do livro:
?Faz uma semana que ela aguenta. Uma semana que ela não cedeu. Adèle comportou-se. Em quatro dias, correu trinta e dois quilômetros. Foi de Pigalle até os Champs-Élysées, do museu d?Orsay até Bercy. Ela correu de manhã nos cais desertos. À noite, no boulevard Rochechouart e na place de Clichy. Não tomou álcool e foi deitar cedo.
Mas, esta noite, ela sonhou e não conseguiu dormir de novo. Um sonho úmido, interminável, que se introduziu nela como um sopro de ar quente. Adèle só consegue pensar nisso. Ela se levanta, toma um café bem forte na casa adormecida. De pé na cozinha, ela balança de um pé para o outro. Fuma um cigarro. Sob o chuveiro, tem vontade de se arranhar, de rasgar o corpo em dois. Ela bate a testa contra a parede. Quer que a agarrem, que arrebentem seu crânio contra o vidro. É só fechar os olhos que ela ouve os barulhos, os suspiros, os gritos, os golpes. Um homem nu ofegando, uma mulher gozando. Ela quer ser homem nu ofegando, uma mulher gozando. Ela quer ser apenas um objeto no meio de uma horda, ser devorada, chupada, engolida inteira. Que belisquem seus seios, que mordam seu ventre. Quer ser uma boneca no jardim de um ogro.?

Nota: Comprei o e-book e recomendo.
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