Davi.Paiva 10/01/2024
Dar voz a todas, todos e todes
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Mais um livro que li graças a Feira de Troca da Biblioteca Mario de Andrade!
"Lugar de Fala" é o terceiro livro da coleção "Feminismos Plurais" que leio. Antes dele, li "Racismo Estrutural" e também "Racismo Recreativo". No entanto, o livro da Djamila não só foi o primeiro da coleção que li escrito por uma mulher como também foi o primeiro impresso (os outros foram via Kindle). Isso faz diferença? Sim, pois pude avaliar o trabalho editorial da Pólen com fonte, diagramação, espaçamento e escolha de papel para concluir que está muito bom. A única desvantagem em comparação com um livro eletrônico é ter que procurar o dicionário em busca do significado de alguns termos e também ir e voltar do capítulo final "Notas e Referências" para ter mais informações. Definitivamente só terei exemplares dessa coleção se eu der a sorte de encontrar um dos autores e obter um autógrafo.
Agora sobre o conteúdo: não é fácil de ser assimilado. Não por acaso a autora primeiro explica a construção da sociedade com o homem como modelo padrão para aí mostrar como a mulher é colocada como figura de contraste. E por conta da escravidão mercantil que levou africanos para a América, a figura do homem ganha ainda mais um elemento de "modelo universal": a branquitude. Logo, se a vida da mulher não é fácil por ela ter um diferencial do "modelo universal", a mulher negra tem dois diferenciais (não é homem e nem é branca) e tem a vida ainda mais difícil.
E depois de todo esse panorama, temos o lugar de fala que entendi como o ponto de uma pessoa tem voz em uma pauta ou debate. Um homem, por exemplo, não pode falar por uma mulher em questões feministas. Mas pode falar de seu lugar enquanto homem em uma sociedade machista. Da mesma forma uma pessoa branca pode falar sobre racismo enquanto pondera e assume seu papel de herança de privilégios dentro de uma sociedade construída com trabalho escravo e criadora de estigmas contra pessoas não-brancas. Por isso a importância de se eleger mais pessoas dos mais variados grupos minoritários para todos(as) terem lugar de fala em uma sociedade plural como a nossa. Nota: reparem que estou colocando em um parágrafo o conteúdo de um livro de mais de 100 páginas e com dezenas de materiais consultados. Então se quiserem algo mais aprofundado, recomendo a leitura completa.
Grifei alguns parágrafos e trechos do livro, mas vou salvar tudo no computador para repassar a uma edição de Kindle quando eu comprar um dia. O meu exemplar será doado por falta de espaço e espero que a próxima leitora faça um ótimo uso dele.
"Lugar de Fala" abre a coleção muito bem e resume muito bem todo o legado que as obras devem ter: dar voz a todos, todas e todes.
Recomendo!