Aione 01/07/2019Desencontros À Beira-Mar, mais recente lançamento de Jill Mansell pela editora Arqueiro, é tudo que eu poderia esperar de um gostoso chick-lit: um romance fofo, que proporciona uma leitura leve e despretensiosa com direito a risadas e situações emocionantes — ainda que não tenha me levado às lágrimas.
Clemency se apaixonou durante um vôo. Sam, o homem sentado ao seu lado, acabou se mostrando muito mais do que uma companhia — linda — e divertida, possibilitando que uma conexão imediata surgisse entre eles. Ele só esqueceu de mencionar que era casado, o que fez com que a ideia de romance acabasse tão rápido quanto surgiu. Três anos depois, Belle, a irmã postiça de Clem, chega com o novo namorado à cidade litorânea onde Clemency vive. Para o horror de Clem, o cunhado é justamente Sam, cuja ligação ela ainda não foi capaz de esquecer. Belle, que sempre gostou de se vangloriar, começa a se sentir superior em relação à irmã por causa de Sam, sem saber que eles já se conheciam. É quando Clem pede para Ronan, seu melhor amigo, fingir que eles estão em um relacionamento, para que Clem possa se sentir um pouco melhor e fugir da arrogância de Belle.
Seria mentira se eu dissesse que Desencontros À Beira-Mar não me causou certo incômodo inicial. A dinâmica de surgimento de novos relacionamentos é tão acelerada que eu tive dificuldades em me convencer sobre eles ou mesmo de levar a sério às personagens. Minha sensação era de que havia certo exagero em como as personagens se portavam e isso me afastou um pouco da história, sem saber se aquilo seria uma diferença cultural ou algo necessário para a construção da trama.
Contudo, passado esse estranhamento inicial, foi impossível não me envolver com a leitura. A escrita de Jill Mansell é fluida e foi muito bem transposta na tradução, permitindo ao leitor sentir a leveza da narrativa. Em terceira pessoa, acompanhamos as tramas não apenas do casal principal, mas também dos demais personagens, o que muito me agradou. Além de serem cativantes — eu me apaixonei pela amizade de Clem e Ronan, por exemplo, assim como me encantei pela figura de Marina (uma das coadjuvantes) — seus enredos fazem da leitura de Desencontros À Beira-Mar mais interessante, uma vez que conferem agilidade à história como um todo. A autora soube como conduzir as tramas paralelas, de maneira a conectá-las a um panorama geral.
Embora eu tenha adorado todos os enredos como um todo — em especial, os ligados a Ronan — um dos pontos altos da minha leitura foi aquele referente à Belle. Em vez de Jill Mansell fazer da personagem o estereótipo de uma mulher fútil, ela colocou camadas escondidas nela e trouxe uma reviravolta que, no instante que eu percebi que estava sendo formada, fiquei completamente feliz pela decisão da autora. Além de ter acrescentado profundidade à personagem e à relação dela com Clem, trouxe certa representatividade para história que não é comumente encontrada em chick-lits.
Em linhas gerais, Desencontros À Beira-Mar me cativou mais pelas tramas das diversas personagens e pela maneira de como elas se interligam do que pelo romance principal em si. Ainda assim, a história de amor não deixou a desejar, causando suspiros e toda aquela angústia no leitor que torce pelo casal, sem saber como seus problemas serão superados. Foi uma leitura extremamente agradável e relaxante!
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