Resenhas - Dom Casmurro

Cinara... 16/06/2021

" Escobar vinha assim surgindo da sepultura, no seminário e do Flamengo para se sentar comigo à mesa, receber-me na escada, beijar-me no gabinete de manhã, ou pedir-me à noite a benção do costume. Todas essas ações eram repulsivas; eu tolerava-as e praticava-as, para me não descobrir a mim mesmo e ao mundo. Mas o que pudesse dissimular ao mundo, não podia fazê-lo a mim, que vivia mais perto de mim que ninguém. Quando nem mãe nem filho estavam comigo o meu desespero era grande, eu jurava matá-los a ambos, ora de golpe, ora devagar, para dividir pelo tempo da morte todos os minutos da vida embaçada e agoniada. Quando, porém, tornava a casa e via no alto da escada criaturinha que me queria e esperava, ficava desarmado e diferia o castigo de um dia para o outro."


Essa não foi a única vez que Bentinho quis matar a Capitu, só de andar na rua e ela olhar pra alguém já foi motivo para ele querer matar ela esganada e ficar fora de si. Sorte da Capitu não ter morrido nas mãos do Bentinho como muitas mulheres que sofrem violência doméstica morrem.
Ele era doido maluco e doentio, se levou chifre ou não só Machado pra responder, mas eu fico aqui na torcida pra que tenha sido corno!
Essa é uma releitura minha, da primeira vez eu não tinha me ligado do quanto ele era tóxico e abusivo, de como eles foram se distanciando por causa do ciúmes e da loucura dele.
Se não levou chifre, mereceu! Doente!

A edição da Panda Books nem preciso falar nada! Perfeita!! Nos "traduz" pro português!
Dá até gosto de ler! Julgo sim um livro pela capa e pela edição, a experiência foi completamente diferente da outra leitura.

Machado foi um gênio!

Deivisson.Amaral 18/12/2023

Achei Dom Casmurro muito novelesco. Antes de lê-lo já o considerava inadequado para ser indicado no ensino médio. Mantenho e fortaleço essa opinião após a leitura. Um livro leitura rebuscada e antiga afasta os mais jovens de adquirir o hábito da leitura, tanto pela linguagem rebuscada, quanto pelas divagações do narrador-personagem durante a obra. Por vezes me perdia e tinha qur voltar a leitura. Obviamente o meu gosto pessoal influencia essa opinião, todavia, acho o livro Torto Arado infinitamente melhor que Dom Casmurro, embora acho que ambos afastam aos jovens o gosto pela leitura. Que sempre foi um grande problema em nosso país.

Vivi.Montarde 11/12/2020

Que livro! Valeu muito a pena. Mas leia em uma boa edição. Machado faz várias referências culturais, ele alude à ópera, a mitologia grega, ao Direito, a Homero, a Victor Hugo, a Shakespeare, a filosofia e por aí vai. Enfim, era muito culto mesmo. Então escolha uma edição com notas explicativas que ajudem a entender e tirar o melhor da história. Essa edição que li da Panda Books é assim e foi ótimo tê-la escolhido.

Além disso o livro é cheio de sutilezas e com informações importantes nas entrelinhas. Alguns capítulos à primeira vista parecem que estão nos enrolando mas não tem nada ao acaso ali.
Então é preciso ler com calma e atenção.

Quanto a história é muito boa e nos prende. O livro vai muito além da questão ?traiu ou não traiu?. Adorei a Capitu. Bentinho a apresenta como uma pessoa calculista e dissimulada, e ele o ingênuo e puro, mas ele é o narrador da história, então só sabemos o ponto de vista dele. Na verdade ela era muito inteligente e muito mais madura que ele. Achei o Bentinho um egoísta e mimado que achava que tudo girava ao redor dele rsrs
Mas leia e tire suas próprias conclusões ;)

Karina.Rocha 17/01/2024

Não confie no narrador imaginativo
"A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas, capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo."

Crisinha 25/08/2023

Atemporal
Dom Casmurro sempre habitou minha vontade de leitura, mas recentemente após assisti o filme ?Capitu e o Capítulo? finalmente não procrastinei mais a leitura.

Machado de Assis escreve um livro atemporal. Sim, Capitu perpassa por todos esses anos por ser um mulher, forte, ativa e sedutora. A cada passagem do tempo os leitores tem uma interpretação, e com isso Machado de Assis conversa até hoje com os leitores.

O livro mergulha em vários assuntos polêmicos da vida, mas a traição foi o que se perpetuou como tema principal.

Capitu hoje está livre desse estigma. Você foi na frente do seu tempo.

Lyy 28/02/2022

Dom Casmurro
Primeiro livro que li de Machado de Assis e finalmente descobri que ele é realmente tudo isso que falam. Acho que ele é um dos escritores mais inteligentes que já li? e em relação ao livro: a única coisa que ficou a desejar foi mais perspectiva dos outros personagens além do Bentinho (que me decepcionou muito).

Aliás, não traiu e eu não jugaria se tivesse traído.

Kahh 25/10/2020

Traiu ou não traiu?
Realmente essa edição é maravilhosa, com comentários informativos e ilustrações, que deixa tudo mais divertido e fácil de ler, principalmente por conta do vocabulário da época, que deixa a interpretação mais difícil de acompanhar.
Mas eis a questão Traiu ou não Traiu?! , agora consigo entender o porquê da tamanha discussão que envolve esse livro, não é de fácil interpretação, sabemos que Bentinho era muito ciumento, e que o ciúmes pode levar a pessoa a ver mais do que realmente aparenta, sendo que o livro é contado na visão do Bentinho. Ao meu ver Capitu traiu Bentinho, para lhe dar o tão desejado filho.

Ari Phanie 25/09/2022

Capitu aguentou foi muito.


E lá se foi minha primeira leitura de Machado de Assis desde o ensino fundamental. Quando eu era apenas uma adolescente boba de 13 a 16 anos odiava ler os clássicos que os professores chegavam impondo que eu e outros desmotivados adolescentes lêssemos, tipo, Machado de Assis, Aluízio Azevedo, José de Alencar, Eça de Queiroz e outros pobres coitados que a gente maldizia enquanto tentava entender o que diabos eles tinham escrito e porque tinham que ser tão chatos. De todos eles, nenhum eu odiava mais que Machado de Assis. Memória Póstumas de Brás Cubas, O Alienista e Quincas Borbas, e provavelmente outros, me foram enfiados goela à baixo pelo currículo escolar e como acontece com coisas obrigatórias, eu odiei cada momento. E odiando cada momento, não curti minimamente a leitura e não curtindo a leitura, quis distância de Machado de Assis. A experiência foi tão “positiva” que não recordo sequer uma palavra que seja das histórias de li. Eu diria que até hoje é muito difícil eu pegar um clássico da literatura brasileira ou portuguesa porque a memória do enfado que eu senti ainda é marcante. Achei que nunca fosse mudar de ideia, mas eis que um amigo comprou o caso de Machado de Assis e afirmou que Dom Casmurro era interessante e eu provavelmente gostaria da leitura. Então, coloquei o livro na minha meta e li. Ele estava errado? Não e sim.

Quando eu comecei Dom Casmurro fiquei surpresa. Comecei a gostar e a me interessar pelo que estava sendo contado, bem rápido. Havia sagacidade e certo teor poético em como Machado narra a história de Bentinho. E fiquei me perguntando porque aquele livro não tinha sido um dos obrigatórios no currículo escolar, sendo que ele é bem mais leve do que os outros, pelo que consigo me recordar. E talvez até me fosse mais fácil engolir o Bentinho naquele período do que foi agora. Porque a verdade é que eu gostei muito da escrita, gostei muito da personagem que infelizmente só conhecemos pela visão do Bentinho, a Capitu e gostei de algumas partes da história. Mas Bentinho é dos piores narradores que conheço. Primeiro e mais importante: ele é podre! O ser humano só pensa e só fala em Capitu. Na realidade, ele se move pela Capitu. Tudo na vida dele gira em torno dela, ou melhor, de ter ela para si. Parece bonitinho na teoria, é uma história de amor, afinal, né!? Mas não é bonitinho porque Bentinho é obcecado, inseguro e ciumento, tão ciumento que é possessivo até sobre os pensamentos de Capitu. E tão ciumento que cria uma trama sobre a paternidade de seu próprio filho. Faço parte do time #nãotraiu porque, desde o princípio fica claro que Bentinho não é um narrador confiável. Sendo assim, foi muito difícil gostar, confiar ou sentir empatia por ele. Por mim, a Capitu tinha se afastado muito mais cedo. Mas apesar disso, que poderia ser um bom motivo para detestar a leitura, eu fui contra a maré e gostei. Gostei porque o homem escrevia bem, sabia envolver e era sagaz. Foi uma boa leitura, que eu fico feliz de ter realizado. Quebrei um pouco a minha ideia de que não gostaria porque não gostei das outras obras dele, em um passado distante. No entanto, não posso afirmar ainda se um dia lerei mais alguma coisa de Machado de Assis. Ele era um ótimo escritor, isso é inegável, mas não creio que seus livros sejam para mim. Acho que me dou mil vezes melhor com a literatura brasileira contemporânea do que com a clássica. Mas o importante é que Machado de Assis não é mais o bicho papão do meu eu adolescente. E hoje eu consigo ver a importância dele. Infelizmente, o que continua a ser problemático é que as escolas obriguem crianças e adolescentes a leituras que eles não estão preparados para realizar, fazendo dessa atividade um martírio. Eu espero que eventualmente mudem isso para que autores como Machado de Assis sejam aproveitados e não temidos.

P.S.: Essa edição da Panda Books é perfeita. Além do texto integral, ela tem várias explicações de palavras e expressões da época, e também informações importantes para a compreensão do que se está lendo. E para além disso, ela é cheia de ilustrações super legais. Foi feita com primor. Recomendo.

isabeuly 03/01/2021

Dom Casmurro
Essa edição é ótima pra quem quer ler o clássico, mas não quer ter muita dificuldade.
A edição conta com textos explicativos e ilustrações, o que a torna muito boa.

No mais, a história é realmente boa. Apesar do desenvolvimento ser MUITO lento, realismo né mores. Até agora não descobri se traiu ou não traiu haha.

Rafael 22/11/2020

Com a pulga atrás da orelha!
Um clássico da literatura brasileira. Como somos privilegiados por ter na nossa literatura nomes como Graciliano Ramos, Jorge Amado, Machado de Assis, dentre tantos outros grandes que contribuíram com histórias maravilhosas, que além de nos entreter, nos convidam a reflexão e nos levam à ressaca literária após a conclusão da obra. Como não se sentir provocado ao ser apresentado ao relacionamento intenso entre Bentinho e Capitu? O livro traz um vocabulário característico do final do século XIX, ano que a obra foi publicada. Entretanto, uma dica é que a edição da Panda Books, traz diversas notas explicativas e definições de termos que nos auxiliam frente a algumas dificuldades encontradas.

Outro ponto favorável da obra, na minha opinião, são os personagens bem construídos, principalmente no núcleo familiar de Bentinho. Tem como não gostar de D. Glória, ainda que sua promessa cause tanta ansiedade nos leitores? E José Dias, que apesar de ser um tanto egoísta, ainda assim mostra traços de fidelidade e camaradagem. Também podemos citar a cidade do Rio de Janeiro como um personagem importante da obra. Para mim, foi super interessante ver lugares reais retratados em condições inerentes ao final do século XIX. O centro do Rio, bairros como Andaraí, Flamengo e Glória.

E não dá para deixar de mencionar a amizade, quase irmandade, entre Bentinho e Escobar. Uma amizade intensa que ao final traumatizou o personagem principal a ponto de torná-lo uma pessoa amarga e isolada, por conta disso. Algo que me incomodou um pouco foi que no início até o último terço do livro, a obra transcorre num ritmo lento e no terço final, o narrador acelera a um ponto que os leitores são bombardeados com uma sequência de fatos importantes que acontecem espaçadamente no tempo, dando indícios que a velocidade é aumentada para que a obra seja concluída rapidamente. Para mim, o final de alguns personagens poderia ter sido melhor explorado.

Sobre a semelhança de Ezequiel com o finado amigo de Bentinho? Prefiro não entrar nessa discussão. Para mim tudo é possível. Não há indícios suficientes na obra que nos leva a alguma conclusão. Acho que essa é a graça do livro: a dúvida imposta ao leitor. Talvez nem mesmo Machado pudesse responder essa questão. Se fosse hoje, bastaria um teste de DNA e tudo seria esclarecido rapidamente. Ainda bem que foi escrita no tempo certo.

Bassi1 18/07/2021

Muito bom.....
Já tinha lido a HQ, mas foi lendo o livro que consegui me aprofundar na mente de Bentinho e saber de vários outras partes que não estão na HQ.
A edição é maravilhosa, as ilustrações, explicações e curiosidades ajudam muito na leitura, mesmo assim ainda é um clássico, tendo partes em que não entendi e precisei reler, mesmo assim ainda tem trechos que não entendi, o importante é que segui lendo e valeu a pena.

Mellie Courtier 02/09/2020

Se Machado ainda estivesse vivo, eu ia pegar ele e obrigar a responder: Traiu ou não traiu? Porque eu já não sei mais é de nada.

Yvan 09/07/2021

Clássico!
Bom lê um clássico depois da maturidade, Machado é um gênio, a edição da Panda ajuda pois é um português rebuscado.

Em relação à polêmica principal do livro, tenho minha opinião mas sei que é causado pelo vies da minha interpretação, o autor não deixa claro.

Thea.Marchesi 10/11/2020

Revoltada com o Bentinho
(Resenha de uma aluna cansada e com ranço)

Fugindo do tradicional traiu ou não traiu, gostaria de dizer que independente do menino ser ou não filho de Bento Santiago, QUEM PENSA EM MATAR UMA CRIANÇA MANO