Annalisa 29/04/2021A Madona e a Vênus
Nhée, ainda estou na dúvida de como opinar sobre essa história. É um romance de época, todo o contexto se passa na Itália (Florença, Roma, Toscana...) em 1481. Temos todo o roteiro montado: paisagens singulares, berço do Renascimento, amantes apaixonados, problemas familiares, grandes figuras famosas como Leonardo da Vinci e Botticelli. Mas fiquei com a sensação que tudo foi organizado demais, roteirizado demais, caricaturado demais, sabe?
Francesca é a personificação da mocinha tonta, nascida e crescida nas cidades do interior, não sabe ler e nem escrever, só teve um único amor de infância e está prestes a se casar com ele quando toda a reviravolta na história acontece, extremamente ingênua, nada sabe sobre a vida, personalidade nada destacável, parece que estava pedindo para ser enganada, rs
Por outro lado temos Vincenzo que era para ser o mocinho da história, porém não consegui sequer soltar um suspiro por ele, não verdade não consegui nem sequer formar uma imagem mental dele de tão esquecível que ele é.
O envolvimento e nascimento do romance dos dois acontece e você nem percebe, quando vê já estão pelados na cama (oi?), e fiquei aquela sensação de que você gostaria mais de tentar se envolver no amor dos dois, de sentir um pouco mais o que eles estavam sentindo, e criar uma ansiedade e expectativa por eles, mas não dá tempo, a história precisa a correr e acontecer, e fica só por isso mesmo. Existe uma leve química entre eles, mas não consegui me conectar com a historia, a todo instante parecia que estava lendo mais um roteiro de como um romance de época deveria ser do que lendo a própria história em si.
Para fechar o triângulo amoroso, que na verdade não é triângulo nenhum, temos a entrada da Duquesa Alessia, já aparece destilando ódio e rancor de graça, e você sequer consegue sentir raiva dela por simplesmente não fazer sentido nenhum toda aquela arrogância sem motivo, outra caricatura pronta, na certa precisávamos de um vilão para impedir o amor dos pombinhos, e ela foi feita moldada nesse arquétipo e pronto.
Preciso deixar então uma observação que por mais que eu não tenha me conectado nada com a história, é um livro leve e de rápida leitura, bom para quem quer passar um tempo e não gastar neurônios, foi quase um final à la Romeu e Julieta, mas que no fim acaba não dando tão errado assim. É perceptível que a Catarina Munis realizou uma grande base de pesquisa e informações, todos os lugares citados, as descrições, a escrita e diálogos "condizem" com a época, todos os famosos introduzidos na história (Da Vinci, Botticelli, Ghirlandaio, Pico della Mirandola, os Médicis, etc.) realmente deveria está nessa época rodando por essas cidades italianas (sim, eu fui pesquisar as datas de nascimento e morte deles para ver se todos esses famosos realmente viveram na mesma época, rs e inacreditavelmente eles estavam todos juntos andando pela Terra e nas mesmas cidades, talvez por isso essa época a arte e cultura ficou tão em destaque.
"[...] todo artista necessita ter a habilidade de desvendar mesmo aquilo que ele ignora. Saber enxergar além da íris de cada olhar. Saber ouvir o que o outro não diz. Conseguir ler o que nem sequer foi escrito. Todo artista é na verdade um explorador... Um pioneiro, um desbravador! Alguém que se atreve a ir até os confins da própria alma. Um artista nunca tem respostas. É um devotado ouvinte do inaudível e um observador do invisível."