Do que estamos falando quando falamos de estupro

Do que estamos falando quando falamos de estupro Sohaila Abdulali




Resenhas -


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Thaís | @analiseliteraria 21/05/2020

Precisamos falar sobre isso...
Quem é estuprada? Quando estamos dispostos a chamar o ato de estupro? Quando é que a vítima deixa de ser digna de empatia? Quando bebeu demais, quando já fez sexo com um número específico de pessoas no passado, quando não é uma pessoa legal? Esses são os questionamentos propostos por Sohaila Abdulali, no livro Do que estamos falando quando falamos de estupro. Aos 17 anos, Sohaila sofreu um estupro coletivo em Bombaim, na índia. Depois disso, começou a pesquisar o assunto ativamente e trouxe nesse livro relatos de outras vítimas de violência sexual.⁣⁣⁣
⁣⁣⁣Você sabe o que é consentimento? Dizer sim e dizer não? Talvez não seja tão simples assim. O livro traz uma construção completa sobre a implicação do consentimento no estupro, que vai te fazer repensar se você sabe mesmo o que isso significa. Se uma mulher alcoolizada ou se sentindo coagida diz sim, então ela consentiu? O que ela está consentindo? Quando ela pode consentir? ⁣⁣⁣
⁣⁣⁣Como o poder se impõe em um estupro? Na ocasião e nos motivos? Sohaila Abdulali vai além e explica como o poder corrompe em quem as pessoas acreditam, de quem é a responsabilidade, quem é punido e por quê.⁣⁣⁣
⁣⁣⁣Uma simples consulta ao dentista ou ao médico pode afetar uma sobrevivente de estupro? A autora mostra como isso é possível. Por possuir nuances parecidas com o que ocorre no abuso sexual, isso pode acontecer, aqui você vai descobrir como. É importante tentar descobrir o que pode agravar a dor do outro.⁣⁣⁣
⁣⁣⁣Devo ou não conversar com crianças sobre violência sexual? Sohaila Abdulali traz o depoimento de um jovem estuprado pelo professor na sala de leitura da escola, ele não sabia o que era estupro, então não podia dizer que foi estuprado quando chegou em casa.⁣⁣
⁣⁣Esses são alguns pontos, dentre tantos outros, que Sohaila Abdulali levanta para discutir um tema que as pessoa evitam falar, mas que precisa ser posto em discussão. Sem dúvidas, uma das coisas mais difíceis que eu li esse ano, a autora, até pela vivência, soube levantar uma discussão muito coerente com a publicação desse livro.

site: @analiseliteraria
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Paloma 13/11/2021

Nossas vozes importam!
Não serei capaz de fazer uma resenha a altura da magnitude desse livro. Colocarei então, alguns trechos que constitui a narrativa extremamente impactante e necessária:

"O estupro drena a luz. Como os incrivelmente pavorosos dementadores de J.K. Rowling, ele suga a alegria. E, além de drenar a luz da vida das vítimas tende a drenar à luz de uma conversa sensata. As discussões sobre estupro são muitas vezes irracionais, quando não totalmente bizarras. É o único crime diante do qual as pessoas reagem querendo aprisionar as vítimas. É o único crime que é tão ruim que se supõe que as vítimas serão irreparavelmente destruídas por ele, mas ao mesmo tempo não tão ruim que os homens que o cometem devem ser tratados como outros criminosos."

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"Como fizemos para nos transformarmos numa espécie tão repleta de estupros? Quando foi que nos permitimos ficar assim? Às vezes acho que consideramos os maus hábitos à mesa uma quebra de protocolo mais grave do que forçar um objeto qualquer pelo orifício do corpo de outra pessoa."

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"O Guia Abdulali para salvar a vida de uma sobrevivente de estupro;

Eu digo 'ela', mas as orientações se aplicam igualmente a todos os gêneros.

? Mostre-se horrorizada, mas não caia da cadeira, a ponto de obrigar a outra pessoa a cuidar de você.

? Acredite nela. Nada de perguntar 'E se...', ou discordar, ou duvidar. Simplesmente acredite nela.

? Deixe que ela tome a iniciativa. Se ela quiser falar, tudo bem. Se ela quiser ficar calada, tudo bem também. Se ela quiser chorar, a mesma coisa. Se ela quiser fazer piada, tudo certo. Se ela quiser tirar coisas na parede, sem problemas.

? Pergunte o que ela quer. Você não precisa adivinhar.

? Incentive-a a procurar ajuda ? médica, legal, física e mental. Mas não force isso.

? Não fique querendo saber detalhes, mas deixe-a saber que você está disponível para ouvir, se ela quiser explicar melhor.

? Não questione os julgamentos que ela fizer.

? Deixe que ela formule o que está dizendo do jeito que quiser, com as palavras que escolher.

? Não tente entender ou analisar. Simplesmente esteja disponível.

? Lembre-se de que essa é a mesma pessoa que você conheceu antes de saber que ela havia sido estuprada. Trate-a do mesmo jeito. Algo terrível aconteceu a ela, mas é a mesma pessoa. Talvez ela também precise ser lembrada disso.

? E, por fim, mas não menos importante, não poderia dar um conselho melhor (...):
não seja babaca."

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"Prevenção de estupro para iniciantes.

(...)

? Fique em casa; evite estranhos.
? Saia; evite a família.
? Mostre-se feroz.
? Mostre-se dócil.
? Seja assertiva.
? Seja delicada.
? Sorria.
? Não sorria.
? Seja amistosa.
? Não seja amistosa.
? Seja forte.
? Seja serena.
? Seja jovem.
? Seja velha.
? Tranque sua vagina.
? Tranque seus filhos.
? Tranque seus pensamentos.
? Desarme-se.
? Desapareça.
? Morra."

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"E aqui estamos nós no século XXI, rodeados de milagres dos quais somos os autores. Descobrimos como ver um ao outro em telinhas que a gente carrega no bolso. Descobrimos como fazer o coração de alguém de 17 anos de idade bater no peito de outra pessoa de 60. (...) Como mapear galáxias que nem conseguimos enxergar. Como espécie, somos impressionantes. Então, por que é tão difícil descobrir onde é que você deve e onde não deve pôr o seu pênis? Ou compreender que ninguém pede para ser estuprado?"

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"Meninos e meninas recebem mensagens completamente diferentes a respeito do sexo. Incentiva-se a suposição de que o sexo é um prazer para os meninos, enquanto as meninas aprendem bem cedo que perder a virgindade é uma coisa dolorida. Alimentamos a ideia de que o sexo é desconfortável para as meninas, e criamos garotas que acham que não merecem ter prazer, e meninos que, na melhor das hipóteses, não estão nem aí para o prazer das suas parceiras, e na pior delas, são abertamente abusadores."

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"Sim, pergunte, e tente perceber sinais, e guarde seu pau dentro da calça até ter muita, mas muita certeza; no entanto, no final das contas, você tem que se importar. Tem que se importar com as vontades e os sentimentos da outra pessoa."
Juliana Rodrigues 18/11/2021minha estante
Nossa, mas que forte!

Obrigada por compartilhar, vou procurar para ler também.


Paloma 18/11/2021minha estante
Não vai se arrepender, Ju! ?




May 05/12/2020

Esse livro foi como um soco no estômago seguido de um abraço bem apertado. Deu pra entender?

Sohaila foi de uma delicadeza sem tamanho ao falar sobre estupro (incluindo o dela). Sem nenhuma dúvida o assunto é pesado e cheio de gatilhos, mas a autora soube muito bem como conduzir o livro de uma forma leve (na medida do possível).

A leitura é super fluída e o livro é interessantíssimo, aborda questões como consentimento, estupro dentro do relacionamento, a culpa que a vítima inevitavelmente sente, orientações para ajudar uma vítima...

Definitivamente ela tem razão em dizer que nós precisamos falar sobre estupro.

Que livro mais maravilhoso, minhas amigas e meus amigos! Leitura mais do que recomendada. ?
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Caroline Casas 28/02/2022

Leitura super necessária
... e esclarecedora! Terminei a leitura com uma dor terrível pelas milhares de vítimas e injustiças. Ninguém deveria passar por isso... Não é não.
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Luis Felipe S. Correa 20/10/2020

Impressionante
Um dos livros mais impressionantes que li em 2020. Como homem, pude ter contato com dramas inimagináveis. Um relato poderoso e demasiadamente instrutivo sobre o estupro e todas as questões que o envolvem. A abordagem sobre a educação continua sendo primordial para o avanço das culturas, e uma boa educação sobre o tema pode ser iniciada por esta leitura.
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Simone de Cássia 10/02/2020

Difícil falar sobre esse livro pela força com que ele atinge a gente. Mas por outro lado é fácil falar sobre ele porque é tudo que a gente precisa pra criar uma nova cultura, um novo jeito de ver. Ele é sobre respeito e sobre a falta dele também; é sobre dor e sobre superação, sobre silêncio e sobre coragem. A cada página somos envolvidos, instigados, questionados. É um convite à reflexão. Não dá pra falar, é pra sentir.
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Suelen 24/02/2022

Do que estamos falando quando falamos de estupro
Leitura extremamente necessária, apesar do tema ser super difícil.
Não consigo nem imaginar como deve ser estar nessa situação, mas desde pequena faço parte do grupo de mulheres que são ensinadas a se ?comportar? e evitar que isso aconteça. Como se a culpa fosse da mulher e não da pessoa que estupra.

É inadmissível esse crime horrível continuar acontecendo; inadmissível que ainda existem culturas que aceitam e apoiam esse crime.

O ano é 2022, mas as mulheres ainda são tratadas como objetos e como causadoras do crime, ao invés de serem acolhidas como as vítimas que são.
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Gabrielle 18/03/2020

Um livro mais que necessário
Esse livro chamou minha atenção à primeira vista na livraria da cidade. Apesar do desejo de possuir tal livro, não tive coragem de me sentar e começar a folhea-lo, talvez por prever o peso de todo o conteúdo. Comprei no dia seguinte e comecei a devorar cada capítulo. Chorando, sentindo raiva, esperança, ódio. Experimentei um mix de sentimentos e finalizei a leitura com a certeza de que essa leitura se faz necessária para nos conscientizarmos sobre a cultura do estupro e como acabar com ela.
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Grace santana 02/08/2022

Um tema difícil
Apesar da autora ter estudado sobre aspectos socioeconômicos do estupro na Índia, não espere uma tese nem o resultado de anos de revisão bibliográfica sobre o tema. Apesar de trazer citações e algumas informações o livro é muito mais pessoal. É o relato de uma mulher que foi vitima de crime que trabalha ajudando outras mulheres vítimas do mesmo crime. O que o livro faz é dar voz a essas mulheres. Você não vai encontrar respostas fácies do tipo homens que estupram são monstros, o que ela propõe é justamente mostrar que nem sempre as respostas são tão simples. O livro tem muitos gatilhos, algumas narrações são bem gráficas e praticamente todas as histórias causam muita revolta. Mas vale para estimular discussões sobre o tema.
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Heloisa 27/05/2020

Livro denso, complexo, com uma temática bastante delicada e infelizmente pouco debatida da maneira que deveria ser. É preciso estômago para falar de Estupro, por quem vivenciou ou não. Guerreiras(os) são as pessoas que passam por isso e ainda sim decidem se erguer e construir uma vida feliz que sabem que merecem ter.
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Juliana 07/06/2020

Um livro que eu não recomendo a ninguém.
Começando pelo um erro grave que já se encontra nas páginas iniciais do livro: não há definição de estupro. A autora parte da premissa de que há a necessidade de escrever um livro sobre um tema que ela preguiçosamente não se dá o trabalho de definir e impor contorno. O livro está cheio de contradições no fluxo de consciência no qual é descrito. Com várias referências a cultura pop e ao movimento #metoo deveria ser fácil construir um livro como uma narrativa linear onde os depoimentos que ela obtém são usados para exemplificar os argumentos principais dela, mas o fato é: não há argumento principal assim como há a sensação de não haver cuidado editorial com o material em questão - capítulos inteiros poderiam ter sido excluídos. Mas a autoras ( ou os editores) acharam que essas contradições poderiam ter sido superados com a introdução na qual ela diz que haverão contradições no livro.
A gota d'água para mim foi a autora descrever a situação de uma menina em situação de prostituição aos 12 anos como "trabalhadora sexual". Um desserviço ao movimento feminista em forma de livro.
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Jéssica Hannusch 27/06/2020

Necessário!
"Não somos perfeitas, e podemos tomar más decisões. Mas os únicos responsáveis pela agressão sexual são aqueles que escolhem cometê-la."

"Do que estamos falando quando falamos em estupro" é um daqueles livros extremamente necessários. A autora trata da temática de forma sutil, respeitosa e crítica ao mesmo tempo, nos fazendo refletir sobre como a vítima é vista e tratada em nossa sociedade. Leitura fundamental e mais que recomendada!

"O que faz de alguém uma "boa" moça? Em geral, ser boa moça significa ser dócil, passiva, aceitar seu fardo sem questionar. Então, nesse caso, espero que venha uma nova geração composta só de moças más, que ouçam apenas a si mesmas e sigam o que diz seu coração. E que levantem e montem em cima de seus amantes com total desinibição."
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Victória de Castro 22/03/2022

Vocês sabem aquele tipo de leitura que acaba sendo um soco no estomago? Pois é, ao escrever ?Do Que Estamos Falando Quando Falamos de Estupro?, Sohaila Abdulali conseguiu esse tipo de reação de seus leitores.

Sohaila é uma mulher indiana, que foi violentada aos 17 anos de idade por um grupo de 4 homens drogados, que renderam ela e seu amigo, os fazendo cativos por algumas horas enquanto praticavam o mais vil dos atos.

Sohaila usou sua voz para garantir a sua sobrevivência e a de seu amigo. Ela teve o apoio de sua família e assim conseguiu trabalhar seu trauma, superando a dor física e emocional da qual foi vítima
Essa mulher incrível, dedicou a sua vida a estudar e lutar contra a violência sexual, ainda aos 17 anos ela escreveu um artigo que foi publicado em uma revista feminista indiana, 30 anos depois esse artigo foi resgatado e tomou o mundo, viralizando nos mais diversos meios de comunicação.

A autora decidiu escrever um livro que aborda esse tema polêmico e que geralmente e posto de lado nos debates acadêmicos e mesmo nas conversas em família, mas ela viu a necessidade de não nos calarmos mais diante de tamanha atrocidade.

Esse livro é o resultado da inquietação que acompanhou Sohaila  ao longo das décadas, aqui ela apresentada alguns casos reais, pensamentos, movimentos que existem em prol das vítimas e no combate ao estupro, além de trazer alguns dados estatísticos,  leis e processos que ocorreram em alguns países.

A autora também fala sobre o processo de cura, dos traumas que sempre vão fazer parte da vida das sobreviventes, como é o caso da culpa que elas sentem por terem sido abusadas, como se de alguma forma elas fossem as culpadas pelo ocorrido.

Esse livro é importante e extremamente necessário. Recomendo à leitura.
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vit 24/08/2020

Essencial !
Primeiramente, o assunto é pesado. É complicado. É delicado. Mas, infelizmente, é comum. Sohaila foi vítima de estupro aos 17 anos na Índia e, ao contrário de muitas vítimas, teve apoio familiar. Mas, não teve o apoio institucional. Nesse livro, ela relata não só a história dela e a vivência de vida dela enquanto sobrevivente, como também de inúmeras pessoas, desde Mumbai a Michigan.
Afirma a importância da educação sexual, conceitua o consentimento afirmativo, fala sobre os estupros institucional e marital, sobre a cultura do estupro permanente na sociedade, a culpabilização da vítima, a misoginia... Em resumo, aborda um pouco de cada situação. Mesmo com a linguagem coloquial, ela lembra a nós leitores que o assunto é sério e precisamos de *uma breve pausa para o terror, para a confusão*.
Sim, o assunto é confuso. O assunto é polêmico. O assunto precisa ser debatido de modo a romper com o silêncio, porque como Abduali diz *As palavras são inimigas da impunidade...*
*Mas as palavras também são um luxo. É preciso ter coragem para falar de abuso sexual, em qualquer de suas formas.*

Considero uma leitura essencial, o livro é escrito de maneira muito clara, debatendo pontos primordiais, retratando diversas culturas e muitas situações que nem sempre tivemos/temos o conhecimento.
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Ailauany 20/08/2021

"É o único crime que é tão ruim que se supõe que as vítimas serão irreparavelmente destruídas por ele, mas ao mesmo tempo não tão ruim que os homens que o cometem devam ser tratados como outros criminosos."
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