Minha Velha Estante 01/07/2019Resenha de Mylena Suarez" A gente se ama. Com nossas imperfeições."
Bruno sempre guardou uma mágoa do pai por tê-lo abandonado, mas quando é forçado a conviver mais com ele por ter se tornado seu professor de filosofia, seu mundo vai virar de ponta cabeça. Bruno é gay mas não sai do armário, não conta ninguém apesar de alguns de colegas jé terem percebido.
O livro Quando éramos filósofos traz o ponto de visto de Bruno nesta jornada de autodescobrimento, coragem e revelação. Narrado em primeira pessoa por ele, o livro é escrito em formato de conversa entre ele e sua irmã, Mina, com vários capítulos que relembram os momentos que transformaram a vida de quem conviveu com o professor Merli.
" Éramos como espadas cravadas em um paredão de pedra. E Merli nos arrancou da pedra e abriu nossos olhos."
Este não é bem meu estilo de livro mas, como esse ano resolvi sair de minha zona de conforto e ler livros que não estou habituada, encarei o desafio. Já começou do tema tratado que é filosofia, como eu nunca consegui entender muito bem os pensamentos de alguns filósofos então vi a chance de conhecer mais sobre o assunto.
Cada capítulo traz um filósofo diferente e um de seus pensamentos de forma contextualizada e colocada em situações práticas vividas pelos colegas de Bruno e, normalmente, envolvendo o professor. Merli é daquele tipo de professor provocador e aberto que gosta de levantar discussões e burlar regras para levar quem está a sua volta a refletir sobre sua atitude e comportamento. Acaba que ele consegue revolucionar a turma de alunos, começa a se aproximar mais do filho e o ajuda a assumir sua sexualidade.
Porém, contudo, todavia, entretanto....
Confesso que esperei mais das discussões filosóficas, a cada capítulo percebia um tema bastante interessante para ser abordado porém, o escritor preferiu se utilizar de diálogos rasos e muitas vezes sem nexo com personagens meio egoístas para mostrar a praticabilidade do tema naquela circunstância do capítulo. O que foi uma pena, pois a ideia do livro tinha bastante potencial de arrebatar o leitor, fosse ele adolescente, jovem ou adulto. Claro que tem seu mérito, já que a série fez muito sucesso pelo mundo, mas minha opinião é que o sucesso vem muito mais do romance, do drama de um certo acontecimento e dos temas polêmicos em si e menos do fato de a filosofia ganhar destaque na trama pois foi bem pouco discutida.
Não pense com isso que eu esperava algo digno de tese, com discussões profundas e elaboradas. Não. Eu nem iria conseguir entender muito se assim o fosse. Tive dois professores revolucionários como Merli se propôs a ser, um no ensino médio de Português e outro de Ética na faculdade e acabei que projetei muito da ideia destes professores ao pedir o livro para ler e Merli me frustrou em vários momentos. Além de tudo isso, apesar de ter abandonado a TV há anos, passei boa parte da juventude assistindo Malhação e gostando de alguns dos temas lá tratados, assim quando percebi que era uma Malhação versão espanhola com filosofia de fundo, me interessei. Quem me conhece, sabe que, mesmo sendo religiosa, sempre fui aberta a discussões, minha filha sempre leu muito, uma contestadora nata, e agora então que faz Humanidades nossas discussões tem sido maiores e maravilhosas. Por estes motivos, eu estava sedenta. Enfim...
Falar da edição é até redundância, pois Faro tem um cuidado muito grande com seus livros, a tradução está muito boa, os detalhes internos também como os bilhetes e contra capa, os autógrafos na capa com certeza vão conquistar os fãs da série.
Beijos, Myl
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https://www.minhavelhaestante.com.br/2019/05/quando-eramos-filosofos-hector-lozano.html