Ronnayse 20/02/2022O livro traz diversos artigos publicados por Silvia Federici ao longo dos anos sobre trabalho doméstico, reprodução e luta feminista.
“O ponto zero é tanto um local de perda completa quanto um local de possibilidades, pois quando todas as posses e ilusões foram perdidas é que somos levados a encontrar, inventar, lutar por novas formas de vida e reprodução.”
Não é uma leitura fácil. Não só pelo conteúdo, mas pelas cargas e reflexões que traz pra nós, mulheres. Silvia traz temas que precisam ser olhados de forma diferente, que, embora visto por alguns(algumas) ainda se repetem com o passar do tempo.
No entanto, mesmo não sendo fácil, não é uma leitura cansativa pois Silvia é muito clara e coerente em suas colocações.
“A sexualidade para nós é sempre acompanhada por ansiedade (...) A comercialização do corpo feminino torna impossível que nos sintamos confortáveis com o nosso corpo, independentemete de suas medidas ou formas. (...) É por isso que, magras ou gordas, de nariz grande ou pequeno, altas ou baixas, nós todas odiamos o próprio corpo. Nós o odiamos porque estamos acostumadas a vê-lo através de um olhar externo.”
A leitura de “O Ponto Zero da Revolução” nos possibilita pensar as relações que, para nós mulheres, são postas como normais e esperadas que realizemos. Silvia nos mostra que o que nos é ensinado desde muito tempo como normal e “atribuição do sexo feminino” na realidade não passa de um sistema de produção e reprodução que é imprescindível para a organização de uma nova divisão sexual do trabalho.
Diversas são as reflexões sobre a desvalorização da mulher e do trabalho doméstico que ela realiza para o mundo capitalista.
“Eles dizem que é amor / Nós dizemos que é trabalho não remunerado.”
“Está claro que nenhuma mudança positiva pode ocorrer na vida das mulheres se não houver uma profunda transformação nas políticas sociais e econômicas e nas prioridades sociais.”