Cilmara Lopes 20/07/2019Um livro plenamente atemporalEm pleno início do séc XIX, um livro põe em cheque conceitos como: religião, casamento, educação superior, mas a principal crítica é a moralidade da sociedade naquela época.
Publicado em folhetins com várias censuras, sendo por muitas vezes conhecido como "o livro mais indecente já escrito", hoje temos o privilégio de ler integralmente.
Acompanhamos a vida de Jude desde a infância até a velhice, tudo começa com um sonho de chegar a cidade Christminster e estudar nas grandiosas universidades e depois entrar para o sacerdócio.
Sua juventude gira em torno desse objetivo, arduamente concilia o trabalho pesado de venda de pães na charrete da sua tia com a leitura. Quando mais velho, trabalha entalhando e restaurando construções, mas vira a noite lendo diversos clássicos literários, entre eles a própria bíblia.
Nessa trajetória tantos infortúnios e surpresas acontecem, entre estes conhecer sua prima Sue, uma mulher bem a frente do seu tempo com uma visão mais crítica e ampla de tudo que a cerca, estudiosa e independente sente afeição por Jude quase que imediatamente, o que deveras, é bem recíproco.
No desenrolar dessa "amizade" vem todas as críticas e reflexões existenciais.
Enquanto leitor(a), é impossível não ser cativado(a) com uma narrativa tão visceral, que transcende qualquer molde daquele tempo.
Foi uma experiência incrível acompanhar essa novela, ou melhor, é a novela! É o tipo de leitura que realmente te faz refletir e querer discutir sobre, ainda estou processando muitas coisas.
Não é a toa que está entre os mais importantes escritores da literatura vitoriana juntamente com as irmãs Brontë, George Eliot e Charles Dickens.
Nem preciso dizer que recomendo.
E o trabalho da Tag ficou um primor, foi genial fazer o acabamento casar com a profissão do protagonista. Toda vez que eu abria pra ler no transporte público atraía diversos olhares. :D