Thaise @realidadeliteral 30/04/2020Surpreendente!Você alguma vez já enrolou muito para ler um livro por ter certeza que a leitura dele ia ser arrastada, se tratando de um clássico, ou por conta do autor, e quando finalmente criou coragem se surpreendeu e descobriu que a leitura não era nada do que você pensava?
Foi exatamente isso que aconteceu com o livro Jude, O Obscuro, que foi indicação da Fernanda Montenegro para a caixinha da @taglivros de maio de 2019. Sim, demorei quase um ano pra pegar ele pra ler, mal sabia eu o quanto ia amar esse livro e o quanto sua leitura seria rápida e prazerosa.
Em Jude, O Obscuro temos um romance de formação que acompanha a vida de Jude Fawley desde sua infância, quando foi morar com uma tia após ficar órfão e por meio de um professor que lhe causava grande inspiração, sua passagem pela adolescência estudando para poder entrar para a universidade e sua vida adulta quando descobre que seus sonhos eram muito ambiciosos e suas paixões poderiam destruí-lo.
Com uma crítica social ferrenha, Thomas Hardy nos mostra que a Inglaterra vitoriana não era muito diferente do que o que acontece hoje em dia. O jovem Jude que tinha todos os requisitos para ser um universitário promissor vê seu sonho ruir por conta de sua classe social, a universidade só estava disponível para os que poderiam pagar por ela e uma vida toda de trabalho duro não seria suficiente para Jude que nasceu pobre.
A igreja também não escapa as alfinetadas de Hardy, e junto vem as críticas aos relacionamentos engessados da época. E aqui preciso chamar atenção para dois personagens a frente do seu tempo nessa história, Sue, a prima de Jude, pela qual ele se apaixona após seu casamento catastrófico com Arabella, e que é uma mulher a frente de seu tempo, ela me deu um pouco de ódio por não saber o que queria nunca? Deu, mas ela não conseguia viver com as normas impostas e mesmo assim essas normas a pressionaram até o fim. Sue é considerada uma das primeiras personagens feministas dos livros, mesmo o autor não reconhecendo isso.
E o professor Richard Phillotson, aquele professor do Jude criança, que tem um papel importante em sua vida adulta e tem atitudes muito a frente do seu tempo, pessoa evoluída gente, amo!
Thomas Hardy apanhou muito após publicar esse livro, e não foi por menos, ele criticou as principais instituições de seu tempo, o que não mudou muito após tantos anos e torna esse romance tão atual. E fez tudo isso com uma escrita tão fluida e tão gostosa de ler que você nem percebe até ser totalmente arrebatado pela obra, e olha que tem uns momentos que são difíceis de engolir.
Meus mais sinceros agradecimentos a Fernanda Montenegro e a Tag por trazer essa nova tradução e nos conceder a oportunidade de conhecer essa grande obra da literatura universal! Nem preciso dizer que é leitura mais que recomendada né?